terça-feira, dezembro 28, 2004

Até para o Ano

Quase recuperado dos exageros natalícios e ainda chocado com o maremoto asiático e com as consequências que se antevêem, venho despedir-me de vocês e desejar para todos um excelente 2005, sem acontecimentos deste género e com um Governo melhor do que o que nos impingiram este ano!

Se houver «motivo de reportagem», pode ser que ainda faça algum post por SMS, mas o mais provável é que só volte para o ano.

Assim, beijos e abraços que yo me voy para España!

quinta-feira, dezembro 23, 2004

Postais de Natal

Este é, provavelmente, o postal de Natal mais sádico do ano. Mas tem explicação...

O postal é de um portal de Soria (Castilla y León, Espanha), onde toda a população está revoltada (não é a de direita, nem a de esquerda... é toda!)! Isto porque, sendo uma zona em desertificação, o Governo de Zapatero decidiu não aprovar um único projecto infra-estruturante na zona! 0€... Isto numa das únicas (senão mesmo a única) capital de província espanhola que não está ligada por auto-estrada ou auto-via a nenhuma outra cidade! A estrada ilustrada no postal é a que liga Soria à auto-via para Madrid, na qual há acidentes com javalis, veados e raposas quase todos os dias!...

O lado positivo da história é que o esquecimento, ao contrário do que é costume, tem vindo a provocar a mobilização dos locais, com a criação de plataformas de cidadãos (como a Soria Ya! ou a Alternativa Soriana Independiente) e a organização de iniciativas como ir até Madrid numa caravana de carros, a 60 km/h, para ver o Real Madrid - Numancia ou mesmo numa corrida a pé, simbolizando o problema das estradas e chamando a atenção do resto de Espanha para a questão soriana. A marcha lenta até Madrid, teve aliás cobertura do Público e da RTP.

A acompanhar!

Hoje no restaurante...

Para os portugueses: Bom Natal e Boas Entradas.

Para o Gui (o funcionário ucraniano): Boas eleições e Boas Entradas.

Andamos trocados. Na Ucrânia o Natal é só de 6 para 7 de Janeiro. A data é ideal quer porque dá tempo ao Pai Natal de descansar um bocadinho quer porque lhes permite correr com o lobo mau soviético na 3ª volta das eleições presidenciais de 26 de Dezembro.

Por aqui o palhaço mau ainda resiste às festas natalícias e ao Carnaval. Mas já não chega ao fim da Quaresma...


Este Pinto da Costa às vezes desilude-me.

Pinto da Costa Apoiaria Jardim "Até como Presidente da República"
Quinta-feira, 23 de Dezembro de 2004

"Sei distinguir uma amabilidade das coisas sérias", respondeu o madeirense, que será cabeça de lista do PSD pela Madeira

"A minha sincera homenagem a Alberto João Jardim pelo seu carácter, frontalidade e pela fantástica obra nesta maravilhosa ilha, com votos de ver em breve o seu talento ao serviço de todo Portugal." Pinto da Costa escreveu a dedicatória na autobiografia que ofereceu ao presidente do Governo Regional da Madeira, repetindo várias vezes a mensagem durante a sua estada na Madeira: "Não me importaria de o ver como líder do Norte ou de qualquer parte do país. Ou até como presidente da República. Faz um grande trabalho na Madeira, mas é tempo de assumir responsabilidades no país."

Com Pinto da costa à frente da Câmara do Porto, Santana e Portas no Governo e Jardim na Presidência o país seria imparável. Só não sei para que lado é que íamos...

Crise de valores?

Este ano contam-se pelos dedos das mãos (pelas mãos?) o número de mensagens de correio electrónico que recebi com votos de boas festas. Aliás, esta semana deve haver muita gente de férias porque a minha caixa de entrada está calmíssima. SMS? Nem um! Telefonemas? Nicles!

Não sou particularmente sensível a esta questão. Retribuo votos de boas festas mas não os costumo fazer por minha iniciativa. Mas que raio se passará? Não é normal...

quarta-feira, dezembro 22, 2004

Google vs. Queimado #1

Uma das coisas engraçadas que nos proporcionam as estatísticas do blog são os Referrals, ou seja, de onde vêm e como vêm cá parar as pessoas que nos visitam sem nos conhecerem.

Sem qualquer dúvida, a forma mais curiosa é pelos motores de busca, sendo o mais frequente o Google.

O último acesso inesperado foi este! Mas tem havido muitos mais, muito mais estranhos... Vou começar a publicá-los!

Apelo à subversão

Calma, calma, estou só a brincar. Descobri na net este sítio que vende um produto (um spray) que torna as matrículas dos carros invisíveis aos radares.

O slogan: FIGHT BACK - Don't let them take your cash in a FLASH!

Over 1 million license plates protected.

Será que laca para o cabelo também serve?


A travessia do Tejo hoje...

... é ainda mais agradável!

Passageiros da Transtejo recebem prenda da empresa
Contos de Natal animam travessias do Tejo

"O boneco de neve", "A verdadeira história do Pai Natal" ou "A pequena bétula e o grande abeto" são alguns dos contos natalícios que os passageiros da Transtejo poderão ouvir hoje, entre as 08h30 e as 10h30 e entre as 17h30 e as 19h00, durante as travessias fluviais Barreiro/Terreiro do Paço e Cacilhas/Cais do Sodré.

A iniciativa "Leituras Felizes", promovida ontem e hoje pela empresa de transportes fluviais Transtejo/Soflusa, pretende assinalar a quadra festiva com a leitura de contos adaptados ao tempo do percurso feita por um grupo de estudantes de teatro e cinema vestidos de Pai Natal.

"Insere-se na iniciativa 'Natal no Tejo', que engloba também a animação com canções de Natal nos terminais do Terreiro do Paço e Cais do Sodré, entre as 17h e as 19h, e a distribuição de um marcador de livros desejando 'boas festas' aos passageiros", explica a directora comercial da empresa, Teresa Gato.
Uma bela iniciativa! Só é pena não ser fim de semana...

Cabeça de Lista

Mogais Sagmento cabeça de lista pog Castelo Bganco

Não lhe podiam ter arranjado um distrito sem erres?...

Solstício de Inverno

21 de Dezembro - Solstício de Inverno às 12:42. O Sol encontra-se no seu ponto mais a Sul do seu caminho anual no céu. É o dia mais curto do ano.

Boas notícias: a partir de hoje os dias começam a crescer!

PS: Se carregardes na ligação ides ter a uma página do Observatório astronómico de Lisboa com informação sobre os "acontecimentos astronómicos" do mês de Dezembro. Mas atenção: não há lá nada sobre os signos!

terça-feira, dezembro 21, 2004

2005

Começa assim um texto sobre o que se espera da economia em 2005:
Parece ser consensual que 2005 será um ano de crescimento económico mais fraco. De facto, 2004 foi, apesar de todas as oscilações verificadas, o culminar de uma recuperação económica que teve início em 2002, e que se seguiu a um período de forte abrandamento económico a nível mundial em 2001.
Eu era capaz de jurar que nos andavam a vender que tinhamos estado em recessão até este ano e que agora existiam fortes indícios de que a retoma estava aí! Afinal o que é que isto quer dizer?...

José Manuel Barroso é o novo administrador-delegado da Lusa

Texto
Então mas este tipo não era aquele que se pirou, mudou de nome e deixou o da goma no cabelo, que entretanto já quinou, a (des)governar o tasco? Também já fugiu da Comissão Europeia?

sexta-feira, dezembro 17, 2004

Reflexões sobre o Ensino Superior

Na sequência de um editorial de JMF no Público de sexta-feira, 3 de Dezembro («Eleições de Verdade?»), dediquei-me a fazer uma pequena reflexão sobre o ensino superior. Dizia JMF que «devemos ter menos universidades e cursos superiores, mas melhores».

Julgo ser incontestável que o Ensino Superior em Portugal, bem como no resto da Europa, precisa de um salto qualitativo urgente. Já a necessidade de existirem menos Universidades e Cursos, em minha opinião, está por provar.

Senão vejamos: estudos recentes apontam para que, em termos macroeconómicos, cada ano adicional de formação escolar, mantendo o resto dos factores constantes, gera um incremento imediato na produtividade agregada de cerca de 5% e a longo prazo gerará outros 5%, pelo efeito dessa formação no avanço tecnológico futuro e na adopção de novos processos de produção.Existem ainda fortes sinais de que o benefício social da formação dos indivíduos é semelhante ao benefício individual gerado, o que significa que o investimento na educação é útil e desejável. Finalmente, a qualificação da mão-de-obra é também um factor de coesão social - "um crescimento de 1% na proporção da mão-de-obra que possui pelo menos o nível superior dos estudos secundários provoca um aumento de 6% dos rendimentos de 40% da população mais pobre e um aumento até 15% dos rendimentos de 60% da população mais pobre, contribuindo assim para uma maior igualdade dos rendimentos"

Assim, é especialmente indicado a países com problemas de produtividade e de baixa qualificação da mão de obra apostar na educação e no aumento do seu stock de capital humano de forma a recuperar o atraso face a economias mais desenvolvidas, que fizeram apostas estratégicas na educação e na investigação científica no passado e que hoje colhem os frutos dessa aposta. Os investimentos decorrentes desta aposta devem centrar-se não apenas no ensino universitário (até porque muitos dos problemas do sector em Portugal estão a montante das Universidades), mas também, e devem dar especial atenção à eliminação das barreiras no acesso ao conhecimento por populações desfavorecidas e ao reforço da aprendizagem ao longo da vida.

Dado que os aumentos de produtividade por via do capital humano se dão essencialmente pela via do desenvolvimento e adopção de novas tecnologias e de novos processos de trabalho, o ensino científico (altamente deficitário em Portugal e na Europa em geral) deve ser incentivado, nomeadamente apostando mais na investigação, na sua ligação ao sector público e privado (e nas fontes alternativas de financiamento decorrentes) e na criação de carreiras de investigadores não-docentes. Este tipo de ensino deverá ainda proporcionar condições e especializações para o exercício de actividades técnicas, de investigação ou de docência, que devem ser assumidas como áreas vocacionais dentro dos currículos e que devem contar com programas e abordagens diferenciadas, com diferentes métodos e práticas.

Paralelamente, esta aposta no ensino científico deve ser acompanhada pelo reconhecimento da importância do ensino não-científico, que designaremos por vocacional (artístico, literário, social, etc.), para o progresso social e para a existência e dinamização de um ambiente de inovação e criatividade, essencial para o desenvolvimento do tecido económico. Sem o reconhecimento da importância destas duas realidades distintas, o risco do desaparecimento do ensino não-técnico será muito elevado e o preço social desse desaparecimento ou perda de importância será tremendo.

Existem hoje alguns bons exemplos de iniciativas portuguesas com sucesso internacional que decorrem exactamente da conjugação do ensino técnico-científico com o ensino vocacional e áreas aparentemente menos produtivas e mais artísticas, como são o design e a moda (ver MGlass ou Fly London). O caso do têxtil é paradigmático: um dos maiores problemas do sector é precisamente o facto de só estarmos na produção e exportação e não estarmos na distribuição e na criação de marcas (áreas de maior geração de valor); torna-se assim especialmente evidente que a existência de cursos mais vocacionais e menos orientados à produção em sentido estrito são fulcrais para o «passo em frente».

Consubstanciando tudo isto, a Estratégia de Lisboa (Conselho Europeu de Lisboa, 2000) aponta para tornar a Europa «na economia baseada no conhecimento mais dinâmica e competitiva do mundo, capaz de garantir um crescimento económico sustentável, com mais e melhores empregos, e com maior coesão social», num horizonte de 10 anos. Para isso apela ao substancial aumento anual no investimento na formação de recursos humanos (investimento público e privado, em complemento e não em substituição) e preconiza o objectivo estratégico da aplicação de 3% do PIB em I&D (devendo 2/3 deste valor provir do sector privado). Estes objectivos permitirão à Europa anular o gap face aos Estados Unidos e ultrapassá-lo, estancando o êxodo de pessoas altamente qualificadas em ciência e tecnologia e criando as condições necessárias a tornar as Universidades Europeias capazes de atrair e captar os melhores «cérebros», que actualmente se concentram nos Estados Unidos.

Neste âmbito, a posição de Portugal só pode ser acompanhar esta estratégia e concentrar esforços para ter uma ou duas Universidades em condições de ombrear com as melhores da Europa, o que está longe de acontecer actualmente.

Em conclusão, Portugal tem sem dúvida que apostar na qualidade do seu ensino superior, mas também na diversidade de cursos (que lhe permitirá aumentar as capacidades tecnológicas do país, mas também reforçar a sua cultura) e no aumento do número de licenciados (é neste segmento que existem as mais baixas taxas de desemprego em Portugal, o que confirma a capacidade da economia portuguesa para absorver a mão de obra licenciada). Creio que o nosso país deve apostar no aumento da qualidade, mas não creio que seja desejável enveredar pela redução da oferta de cursos - tal medida parece-me ser prejudicial à competitividade do nosso país, à sua produtividade e atrasaria ainda mais a adopção de novas tecnologias e processos, essenciais à recuperação da nossa economia e à captação de investimentos em sectores de alto valor acrescentado.

Apesar de não ficar claro na frase de JMF qual o seu alcance, estas foram as reflexões que a frase me provocou, que podem até não ter nada a ver com o que ele tentou transmitir... (não seria justo ler na frase, por ser genérica e vaga, uma defesa da redução do investimento, ou que o ensino deve ser privado ou público, ou sequer que a oferta de cursos deve ser muito ou pouco condicionada pelas necessidades económicas do país...). Mas, se a questão tem a ver com o facto de Portugal ser provavelmente o país com mais nomes de cursos diferentes na Europa, parece-me que muitos dos cursos que parecem diferentes e que nos fazem crer que existem demasiados cursos, têm mais que ver com a permissividade do Ministério, que permite que cursos idênticos tenham nomes que aparentemente os diferenciam, baralhando as escolhas dos estudantes e distorcendo a realidade do ensino, do que com um efectivo excesso de oferta...

Entrevista a Nobre Guedes #4

Como é que o que passa deste governo é um imagem de descoordenação política?

É necessário que quem estiver no poder tenha capacidade durante os primeiros três anos de governar sem ler os jornais.
Aliás deve ter sido por isso que criaram a Central de Comunicação. Foi para manter a distância face aos media e para lerem os jornais por eles...

Entrevista a Nobre Guedes #3

Entrevista a Nobre Guedes #2

O acto do dr. Jorge Sampaio teve consequências em termos de regime. É o próprio regime que está em causa, ou seja, os portugueses vão-se interrogar se realmente é possível manter um regime, neste caso semi-presidencialista com os poderes que tem, que não é capaz de garantir estabilidade.

Vai haver uma consciencialização progressiva de que este regime, tal como é concebido, não responde a um dos requisitos essenciais para que Portugal possa sair da situação em que está, que é garantir estabilidade política. Tem de haver aqui um repensar profundíssimo dos próprios alicerces do regime.
Aliás, as próprias eleições chegam a ser perturbadoras! Se calhar deviamos limitar-nos a fazer um referendo periódico, de 10 em 10 anos, por exemplo, de participação restrita, para saber se o povo quer que continuemos o excelente trabalho efectuado...


Entrevista a Nobre Guedes #1

quinta-feira, dezembro 16, 2004

Da coligação pós-eleitoral feita a priori

Epá!... Mas isso já foi anteontem!... Pois foi... Só que tive que digerir o assunto!

Então é assim: a coligação pré-eleitoral era desaconselhável porque o PSD, aparentemente, valia menos votos com Paulo Portas a tiracolo. Apesar disso valia mais deputados com menos votos, devido às consequências naturais do método de Hondt.

Vai daí, qual foi a decisão? Juntar o melhor de dois mundos: anunciar um pré-acordo pós-eleitoral (que estranha que isto soa...), que, ao que tudo indica, faz o PSD valer menos votos e que elimina os potenciais ganhos do método de Hondt!...

Por mim, claro... tudo bem! Mas não deixa de ser surpreendente!

Em minha opinião, a única opção coerente a tomar pelos dois partidos, seria a assunção de uma coligação eleitoral. Porquê? Porque os dois partidos alegam que tinham e têm um programa para cumprir, que estavam assentes numa maioria parlamentar estável e que querem responder pelo programa em execução. Ora isto é digno e só pode apontar para a manutenção da coligação. Esta decisão de agora não a consigo entender nem sob o prisma político, nem sob o meramente eleitoral.

Mar Adentro II

Em Setembro passado falámos aqui do filme Mar Adentro e do polémico tema que aborda - a eutanásia. Hoje lemos com prazer que o filme está nomeado para 15 prémios Goya, entre 19 nomeações possíveis.

Mantenho a minha opinião de que este não é o melhor filme de Amenábar (para mim os melhores são, sem dúvida, Abre los Ojos, que não levou nenhum Goya e Tésis, o filme de estreia, que levou 7), mas fico feliz por um filme tão polémico ser encarado com tanta abertura de espírito pela Academia Espanhola. É bem possível que a inflacção de nomeações se deva a uma contra-reacção às reacções mais conservadoras que o filme suscitou, mas, ainda assim, pode ser que da discussão surjam algumas ideias consistentes sobre o tema, que é, sem dúvida, dos mais complicados de abordar.

Parece que o filme só chegará cá no início do próximo ano, mas, fica já a recomendação - a ver!

terça-feira, dezembro 14, 2004

Já não bastava o Pai Natal?

Os portugueses nunca se contentam por ter uma coisa: essa coisa tem de ser a "maior" de todas. Sobretudo quando é pouco importante. No resto não temos hipóteses.

Vai daí alguém decidiu erguer em Lisboa a maior árvore de Natal da Europa. Esqueceram-se foi de avisar que a maior árvore de Natal da Europa não é uma árvore, a meu ver um pormenor de grande importância. Um cone de ferro não é uma árvore, pois não? Um funil não é uma árvore pois não?

Por isso, já não bastava andarem a enganar as criancinhas com o Pai Natal (ou com o menino jesus) quando nos decidem espetar com uma mentira destas. Uma árvore que não é de madeira? Por favor, é que nem o Pinóquio! Esse sim era de madeira.

Assim, aconselho quem quiser ver uma árvore de Natal (das que ardem, não das que derretem) como deve ser a meter-se no carro e ir até Viana. São 49 metros de árvore de Natal a sério. Sim, porque nós é que temos a MAIOR ÁRVORE DE NATAL DE PORTUGAL. Nós!

A ameaça chinesa regula-se

O mundo da gestão e da economia é de quando em quando abalado por uma moda qualquer que passado pouco tempo desaparece sem deixar vestígio. Aqueles que antes lançavam a boa nova ou o pânico vêm dizer que estava na cara que a moda era insustentável e passa-se para a mania seguinte como se nada fosse.

Foi assim com a invasão japonesa nos anos 80 ou com a especulação em redor das novas tecnologias nos 90. Hoje é a ameaça chinesa de que se fala. Sem deixar de estar atento a esta situação, parece-me demasiado alarmista pregar o fim da Europa. Antes disso ou a China há-de rebentar, ou os liberais Europeus hão-de impor normas ou mesmo quotas em determinados sectores como fazem com a agricultura ou os EUA fazem com o aço. O liberalismo é só quando convém, já se sabe.

No próximo dia 1 de Dezembro o sector têxtil é liberalizado e em muitas regiões europeias os sinos tocam a rebate. Antecipando a imposição por parte dos países desenvolvidos de mecanismos de limitação das importações - como os controlos de qualidade (certificação) -, as autoridades chinesas decidiram criar uma taxa sobre as exportações têxteis.

A notícia completa em

La Chine annonce qu'elle va instaurer une taxe sur les exportations textiles

Abjecções Democráticas

Não resisto a deixar aqui algumas passagens de um texto inqualificável, publicado no Jornal da Madeira, pelo democrático Presidente do Governo Regional do Arquipélago, a que cheguei através d'O Jumento.
Quem observar os resultados de eleições na Região Autónoma da Madeira, de há alguns anos para cá, reparará que as duas organizações comunistas — o PCP, ridiculamente travestido de “CDU”, e a UDP, rebaptizada de “bloco de esquerda” —, somadas, andam normalmente à volta dos oito por cento dos votos expressos, mais do que o CDS.
O que é muito para o sistema democrático da nossa Autonomia Política, na medida em que o projecto de tais duas organizações não é democrático, nem autonomista.
E isto poderia ser pior, não fosse o radicalismo do Partido Socialista local, que, assim, apanha mais uns votos de extremistas, os quais, se perante um PS mais moderado, acabariam por transferir o voto para o PCP ou para a UDP.

.....................

Assim, e também no caso concreto da Madeira, nomeadamente, o PCP joga através da infiltração do Partido Socialista da rua do surdo, visível no comportamento de manual soviete que se conhece sobejamente identificado nalguns indivíduos bem colocados na “nomenclatura” do PS local.
O que, para o sector comunista madeirense, constitui uma mais-valia, para além dos seus resultados eleitorais.
Não é possível, para já, detectar que organização “infiltra” o CDS local, cujo “esquerdismo” radical também tem muito a ver com idiotice, irresponsabilidade e incompetência.

.....................

É que, se um indivíduo vota comunista, ignorando estas realidades, coitado, é um ignorante, mal-informado, e há que ver as razões disso.
Mas se vota consciente de toda a tragédia que o comunismo semeou, e que assim também quer ver semeada na Madeira ou em Portugal, normalmente, por razões de “vingança” relacionada com os traumas e os falhanços de vida que transporta, então já estamos no domínio do patológico. Da perigosidade social. E qualquer sociedade que se quer democrática, tem Direito à legítima defesa!

.....................

os Quadros do PCP são reduzidíssimos; donde lhe vem profissionalmente mais candidatos, é nos “desempregados”, na “hotelaria” e, pasme-se… “técnicos de telecomunicações”!… Aqui, por razões de Segurança, é preciso ver, já, o que se passa.
Uma das virtudes do sistema democrático é permitir que cada um possa expressar a sua opinião e tentar cativar pessoas que a subscrevam. Na maior parte dos casos, o auto-controle e o bom senso são suficientes para que o equilíbrio no pensamento vingue. No entanto, existem casos em que o ideal seria o açaime, a trela, ou outro instrumento do género.

A actuação de uma pessoa que concentra em si há quase 30 anos o poder político e administrativo de uma Região Autónoma (que lhe permite, entre outras coisas, reservar o emprego público para militantes do seu partido, guardar as bolsas de estudo para Universidades no Continente para quem se inscreva na Juventude do seu partido, investir apenas nos locais onde a votação no seu partido é a esperada, etc.), não deveria estar sujeita a algum tipo de regras e de fiscalização,
que permitissem assegurar aos habitantes da Região a democraticidade das suas escolhas e ao resto do País o conforto de sentir que a democracia já chegou a todo o território nacional?

Será que o medo de enfrentar o maior ego político do pós-25 de Abril, essa espécie de Fidel pseudo-plural, é tão grande que tolhe a reacção do poder central?

É que a verdade é que os Presidentes da República, Governos e Parlamentos sucedem-se e o comportamento de Alberto João Jardim continua o mesmo e, à excepção de alguns episódios esporádicos, toda a gente o tolera e se desloca à Madeira ao beija-mão, mesmo sabendo que corre o risco de que, depois da palmadinha nas costas, venha a facada nas mesmas, muitas vezes estando o alvo ainda dentro do avião de regresso ao Continente.

Enfim... por este andar teremos que esperar que o senhor se reforme. E isso não parece estar para breve!...

Lena d’Água

Quando era miúdo – aí por volta dos seis anos – adorava a Lena d’Água. A “panca” infantil passou depressa, aliás como a Lena d’Água, mas continuei sempre a achar muita piada àquelas músicas cheias de eco.

Noutro dia estava lá em casa sentadito a fazer zapping quando paro na RTP Memória e dou com um teledisco da dita. Uma das coisas mais engraçadas da RTP Memória é permitir-nos viajar no tempo e fazer uma comparação entre o presente e o passado. E rirmo-nos da televisão que se fazia nos dois Portugais anteriores.

Um é o Portugal Socialista, período que vai de 75 a 93 e que se caracterizava por uma tremenda falta de sentido estético e pelo reduzido comprimento das prateleiras do supermercado: só havia uma ou duas marcas de cada produto e de certeza que ninguém sofria esgotamentos na hora de comprar lacticínios como agora me acontece sempre que entro no Continente, por exemplo (lá em Viana o leite era da Agros, os iogurtes eram da Âncora, o queijo ou era das marinhas ou limiano e acabou). Não havia muita escolha, a uniformização era grande.

O outro era o Portugal Ingénuo (hesito em chamá-lo de Portugal de Sacristia), pré-1974. As pessoas que lá viviam não só tinham claramente tempo a mais (vê-se pelas imagens que andam todos nas calmas) como aparentavam um ar perdido, fazendo-me lembrar aqueles adolescentes meio encabrunhados das aldeias que não sabem o que fazer com as mãos desocupadas (assim tipo o Bagão Félix) ou os pais deles que vestem fatos de mau corte, cinzentos, castanhos ou pretos e que aprenderam a meter as mãos nos bolsos (na altura também serviam para segurar no chapéu). E havia ainda aqueles discursos nacionalistas inflamados ridículos que só mesmo numa terra tão ingenuazinha e parolinha é que tinham cabimento. Claro que podem contrapor com a prosápia actual do Portas e da Nª Srª de Fátima, mas a esse ninguém leva a sério, pois não?

Entre um Portugal e outro houve uma fase de transição, um proto-Portugal Fidelista, em que toda a gente fazia discursos chatíssimos sobre o povo e as classes. Parece ter sido o único momento entre o Afonso Henriques e 1993 em que o tempo escasseou. Aqueles jovens peludos, sôfregos, não tinham tempo para ir fazer sessões de reeducação do povo, ir a tanta manif e ainda fazer a barba. O que vale é que como andavam todos de camisolas de gola alta não tinham de passar as camisas a ferro.

Hoje estamos em vantagem: tanto nos podemos rir do presente (do Governo, por exemplo, mas também do Gato Fedorento) como dos programas secantes com que a RTP massacrou as portuguesas e os portugueses durante 40 anos. Aproveito o último espaço para dizer que a Lena d’Água tinha os dentes todos amarelos e que aquilo nos dias de hoje era inadmissível. Se quisesse fumar tudo bem, tinha era de ir branquear a dentuça como o Paulo Portas.

PS: Não pretendia fazer nenhum comentário de cariz partidário mas foi surgindo naturalmente.

sexta-feira, dezembro 10, 2004

Dia Internacional dos Direitos Humanos

Num dia como hoje, entrar no site da Human Rights Watch, é uma experiência ainda mais violenta do que é costume!...

Dissoluções e demissões

Paiva Monteiro, Presidente do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil, pediu a demissão por falta de confiança no Secretário de Estado, que, ao que alega, nunca se mostrou disponível para o receber e nunca respondeu às propostas feitas pelo Serviço. Ora, se bem me lembro, este Governo está em fase de dissolução... O que é que leva uma pessoa a demitir-se por incompatibilidade com outra que está praticamente demitida? Não é que me importe muito... Aliás, nunca me esquecerei da brilhante declaração feita por este (ir)responsável enquanto a Serra da Arrábida ardia: os meios disponíveis teriam sido suficientes se não tivessem ocorrido tantos fogos simultâneos. Com semelhante brilhantez estratégica, acho até que só temos a ganhar com esta demissão!...

quinta-feira, dezembro 09, 2004

Os pré-dissolvidos suicidas

Génération perdue

Aí por volta dos meus 17 anos alguém (penso que o Vicente Jorge Silva, na época director do Público) apelidou a minha geração de “rasca”. A Geração Rasca, acusavam então os cotas. Confesso que nunca me senti afectado, a minha identificação com grupos aos quais não escolhi pertencer nunca foi muito forte.

Mas ficou-me marcada a ideia. O curioso é que à medida que os anos iam passando fui descobrindo que muitas gerações têm tendência a considerar as seguintes como sendo de “qualidade inferior”. Esta descoberta fez-se através da literatura. Os exemplos são mais que muitos. O assunto é recorrente, em livros de diferentes autores, épocas e lugares. Estou agora a ler “Paris é uma festa” do Hemingway e a uma certa altura uma tal de Miss Stein acusa os jovens que combateram na I Guerra Mundial de serem uma “génération perdue”.

Estou em crer que afinal quem tinha razão era o Camões quando falava dos Velhos do Restelo...

terça-feira, dezembro 07, 2004

Votações

Caríssimos amigos,

O PSD tem no seu site (nunca pensei divulgar o site do PSD...) uma fantástica votação com a questão "Concorda com a decisão do Presidente da República em convocar eleições antecipadas?". Longe de mim querer influenciar o resultado da votação instigando o pessoal a ir lá votar! Não! Isso seria errado e falsearia os resultados! Mas era giro dar SIM, não era?...

Governos PS e PSD/PP partidarizaram fundos para as autarquias

Esta é a principal conclusão de um estudo do Diário Económico, disponível na edição de hoje, sobre o tema das Finanças Locais.

A celebração de contratos-programa com os municípios varia consoante o partido que está em São Bento.

Nos anos 2000 e 2001, as autarquias socialistas, que representavam 41% do total dos concelhos, absorveram 77,3% e 62,1%, respectivamente, do total das verbas aplicadas em contratos-programa nesses anos. Já as câmaras social-democratas, com igual peso no total dos concelhos, apenas tiveram direito a 11,8% e 15,1% das verbas afectas a este fim pelo Ministério das Cidades.
Em 2002, a distribuição das verbas foi mais equilibrada. No ano seguinte, com a coligação PSD/PP já no poder, o cenário inverte-se e são as autarquias social-democratas e com coligação que mais partido tiram dos contratos. Assim, 84,8% das verbas totais foram atribuídas às autarquias do PSD e do PSD/PP.


É curioso verificar ainda que as verbas inscritas no orçamento do Ministério das Cidades para co-financiamento de projectos autárquicos de carácter excepcional aumentam 80% em 2005, ano de eleições autárquicas.

E enquanto estas e outras decisões continuarem a ser tomadas com base nestes critérios, cá continuaremos nós, alegremente, no caminho da divergência!

Bibliografia complementar, para melhor perceber o problema:
Projectos apoiados fogem ao espírito da Lei das Finanças Locais; Contratos-programa continuam sem regulamentação específica.


segunda-feira, dezembro 06, 2004

No Comments

Notícias do Duo Dinâmico

O primeiro-ministro garantiu hoje que o Orçamento de Estado para 2005 será aprovado na próxima semana, mas criticou a decisão «sem precedentes» de Jorge Sampaio ter anunciado a dissolução do Parlamento sem explicar os motivos, noticiou a Lusa.

O primeiro-ministro sublinhou que o Presidente da República «não dissolveu [o Parlamento], mas anunciou a sua dissolução sem comunicar ao Presidente da Assembleia da República, aos partidos e sem convocar o Conselho de Estado».

Sejamos sérios: Sampaio chamou Santana a Belém e reuniram em privado. À saída da reunião, Santana anunciou que a Assembleia e o Governo iam ser dissolvidos. Sampaio nada disse. Quando perguntam a Sampaio o que se passa, Sampaio diz que se pronunciará depois de concluídas as formalidades que iniciam o processo de dissolução entretanto tornado público (consultar o Conselho de Estado e os Partidos) e sublinha que até que estejam cumpridos esses passos, o processo de dissolução não está iniciado.

Não é que eu ache normal que não sei quantos dias depois de sabermos que o Governo já era, continuemos sem saber as razões, mas, quem se desbroncou foi Santana!!! Sampaio está a trilhar os passos inerentes ao processo e parece-me normal que fale apenas quando o processo esteja formalmente despoletado.

Muito mais criticável é a opção, essa sim desencadeada por Sampaio, embora dissimuladamente, de deixar que o instrumento mais decisivo de política económica que ainda reside na mão dos Governos nacionais seja aprovado por uma maioria que, acto contínuo, será dissolvida! Governe quem governar depois das eleições, ainda que seja Santana, certamente quererá um Orçamento diferente daquele que veremos aprovado nos próximos dias. A alternativa são os duodécimos? É verdade... mas os duodécimos mais não são que a repetição do Orçamento do ano passado. Se esse Orçamento foi aprovado no ano passado pela mesma maioria que aprovará este, porque é que é tão mau assim? Não será possível viabilizar algumas das medidas (sobretudo as que mais injustiça geram por o Orçamento não ser aprovado já, como os ajustamentos salariais) sem necessidade de aprovar todo o Orçamento? Ou é mais giro em Março ou Abril haver nova discussão sobre o Orçamento e termos o Orçamento Rectificativo mais completo de sempre (porque muda o anterior quase totalmente), permitindo ao próximo Governo deixar as medidas mais impopulares intocadas e responsabilizar o actual Governo pela sua existência?

P.S. Mais à frente no mesmo artigo ficamos a saber que a reunião decorreu numa clima «muito afectivo» e Santana Lopes ficou emocionado com a forma como foi recebido pelos deputados do PSD e do CDS o que é sempre bonito saber!!...

quinta-feira, dezembro 02, 2004

Perdeu-se

Na passada terça-feira dia 30/11/2004, perdeu-se um Post que procurava explicar as razões do despertar do Jorge, em plena euforia pós-anúncio do fim das Santanices.

A última vez que foi visto, o tal do post tinha a forma e a aparência de um e-mail e dirigia-se, pelas estradas do éter, do telemóvel do seu dono para o blogger.com, para publicação. Aparentemente nunca chegou a dar entrada.

A quem o encontrar, por favor, encaminhe-o de volta para queimadonomomento@hotmail.com e diga-lhe que o esperamos de braços abertos e cheios de saudades. Sejam quais forem os motivos da sua fuga, nós compreendemo-lo e guardamos carinhosamente o seu espaço no Queimado.

Caso não se trate de um desaparecimento voluntário, mas de um rapto ou intromissão governamental, a nossa posição de pessoas adultas e maduras é:


Dedicado ao defunto Governo, em especial a Santana Lopes, Gomes da Silva e Morais Sarmento, a quem enviamos as nossas sinceras condolências