Da coligação pós-eleitoral feita a priori
Epá!... Mas isso já foi anteontem!... Pois foi... Só que tive que digerir o assunto!
Então é assim: a coligação pré-eleitoral era desaconselhável porque o PSD, aparentemente, valia menos votos com Paulo Portas a tiracolo. Apesar disso valia mais deputados com menos votos, devido às consequências naturais do método de Hondt.
Vai daí, qual foi a decisão? Juntar o melhor de dois mundos: anunciar um pré-acordo pós-eleitoral (que estranha que isto soa...), que, ao que tudo indica, faz o PSD valer menos votos e que elimina os potenciais ganhos do método de Hondt!...
Por mim, claro... tudo bem! Mas não deixa de ser surpreendente!
Em minha opinião, a única opção coerente a tomar pelos dois partidos, seria a assunção de uma coligação eleitoral. Porquê? Porque os dois partidos alegam que tinham e têm um programa para cumprir, que estavam assentes numa maioria parlamentar estável e que querem responder pelo programa em execução. Ora isto é digno e só pode apontar para a manutenção da coligação. Esta decisão de agora não a consigo entender nem sob o prisma político, nem sob o meramente eleitoral.
Então é assim: a coligação pré-eleitoral era desaconselhável porque o PSD, aparentemente, valia menos votos com Paulo Portas a tiracolo. Apesar disso valia mais deputados com menos votos, devido às consequências naturais do método de Hondt.
Vai daí, qual foi a decisão? Juntar o melhor de dois mundos: anunciar um pré-acordo pós-eleitoral (que estranha que isto soa...), que, ao que tudo indica, faz o PSD valer menos votos e que elimina os potenciais ganhos do método de Hondt!...
Por mim, claro... tudo bem! Mas não deixa de ser surpreendente!
Em minha opinião, a única opção coerente a tomar pelos dois partidos, seria a assunção de uma coligação eleitoral. Porquê? Porque os dois partidos alegam que tinham e têm um programa para cumprir, que estavam assentes numa maioria parlamentar estável e que querem responder pelo programa em execução. Ora isto é digno e só pode apontar para a manutenção da coligação. Esta decisão de agora não a consigo entender nem sob o prisma político, nem sob o meramente eleitoral.
3 Comments:
Caro JTF:
Estava mesmo à espera que falasses no assunto, pois há vários pontos que queria discutir contigo.
Em primeiro, um muito simples, que tem a ver com a entrevista de Paulo Portas à Judite Sousa. Sou sincero: não vi. E por isso não posso analisar na globalidade, mas ouvi excertos na TSF e há duas conclusões que tirei.
Não deixou de ser uma decisão de coragem, admitir o que todos já sabiam: a coligação, independentemente de ser pré ou pós-eleitoral. No fundo, o "pós" acaba por ser "pré", pois os portugueses já sabem previamente com aquilo que podem contar. Mesmo com a coragem (se não o fizessem podiam ser acusados pelo eleitorado de esconder o jogo da coligação), não perdeu a deixa para revelar uma estupidez aguda, ao dizer que mesmo que o PS venha a ser o partido mais votado nas eleições, isso não significa que possa formar governo, se PSD e CDS, juntos, obtiverem mais votos que o PS sozinho.
Portas pode querer derrubar Sócrates a tudo custo, mas creio que lhe vai sair o tiro pela culatra. Porque acredito, sinceramente, que se foi um Portas minoritário que fez a diferença nas últimas legislativas, pode muito bem ser outro Portas a fazer a mesma diferença nas próximas legislativas de Fevereiro. Digo isto porque foi o próprio secretário-geral do PS a deixar a porta aberta a uma eventual coligação com o Bloco de Esquerda - sempre depois das eleições - caso fosse necessário. Nunca com o PCP de Jerónimo Sousa!
A caixa de Pandora que Portas abriu há dois anos, vai ser - e muito bem! - aproveitada pelo irmão de esquerda. Orgulhosa deve estar a Helena Sacadura Cabral, que nunca pensou que algum dos filhos pudesse, eventualmente, vir a formar governo. Mas isto são outros quinhentos!
A segunda questão tem a ver com a apetecível disciplina partidária.
Questionado sobre o que terá corrido mal a esta coligação de maioria, Portas fez referência a erros de parte a parte (do CDS/PP e do PSD), mas com graves erros de estratégia por parte de alguns correlegionários laranjas. Chegou mesmo a falar de nomes como Cavaco Silva, Marcelo Rebelo de Sousa, Pacheco Pereira, Marques Mendes como detractores do trabalho feito pela maioria lembrando que existe algo a que vulgarmente se chama de disciplina partidária, que muitas dessas figuras proeminentes, pelos vistos, se esqueceram.
O que Paulo Portas se esqueceu - para além de fazer referência a Freitas do Amaral, que também foi crítico do trabalho desta maioria - foi que a cidadania está acima da disciplina partidária. Cheguei a temer que Portas dissesse mesmo que "quem não é por nós é contra nós", num claro recado interno para as vozes discordantes desta pobre Santa(na) Aliança, que só funciona na cabeça dos dois iluminados que a querem manter a todo o custo, como se o futuro do país não tivesse outro remédio senão optar por ela.
Não há dúvida que o aproveitamente do método de Hondt é um caso de esperteza saloia. Claro! Até parece que estou a imaginar o diálogo no secreto almoço escarrapachado nas televisões todas entre Santana e Portas. «Oh Pedro, juntos ficamos mais fortes se formos separados». «Pois é Paulo, e assim calamos os isolacionistas que tenho lá na São José à Lapa»
Em resumo: é o tipicamente "baralha e volta a dar". Mais do mesmo, como dizia um chefe meu há uns anos. Por mais que me custe aceitar, será mesmo o BE a fazer a diferença. As minhas previsões não devem andar muito distantes do que se vai passar em Fevereiro próximo:
PS - o mais votado
PSD/CDS - com mais votos do que PS
PS/BE - com mais votos do que PSD/CDS juntos
De repente, de um espectro maioritariamente de direita, passamos para um cenário oposto. Para meu gáudio, quando se chatearem as comadres é que se vão conhecer as verdades: em caso de derrota, a roupa suja da coligação de direita vai saltar para a praça pública. E eu vou querer estar na primeira fila a assistir a tudo, a comer tremoços e pistachios e a beber Super Bock Green! Eu guardo uma cadeira para ti ao meu lado, e assim vamos tecendo as nossas considerações de meros espectadores populares, de quem estava a ver o filme antes mesmo de começar a sua rodagem!
É o zig e o zag, agora anível partidário!
No pasa nada. Tudo normal!
Cá fico à espera da minha cadeira, Molin! Vai ser um bonito espectáculo!
Quanto aos resultados, a minha previsão é semelhante à tua. E parece-me um cenário interessante. No entanto, creio que o BE não entraria para o Governo, mas talvez pactasse um acordo parlamentar. E o próprio PS, não sei se já percebeu que governar em minoria deu barraca... E será que os dois partidos têm capacidade para aguentar um acordo durante 4 anos? A concretizar-se, será sem dúvida um grande teste à capacidade da esquerda de trabalhar em conjunto e deixar de lado a discussão do «eu é que sou de esquerda!». Nesse aspecto a direita é muito mais solidária e estável - ainda que seja só pelo apelo do poder...
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