quarta-feira, dezembro 28, 2005

Cerdeira



Fui descobrindo ao longo da minha vida que a maioria dos meus amigos nunca tinha visto cerejas senão no supermercado. O que é grave, convenhamos! Ser urbanita em demasia parece mal.

Em jeito de serviço público mostro a todos, em primeira mão na blogosfera!!!, a imagem de uma cerdeira que a minha avó tem no quintal carregada de cerejas. A foto foi tirada em Junho.

As cerejas cristalizadas que se comem em Dezembro também se vendem no supermercado mas, ao invés das cerejas "frescas", são resultado de um processo industrial. Não há árvores de cerejas cristalizadas, ok? Nada de armar confusão e ir fazer figura de urso!

História(s)


Vista de San Michele, Anacapri, Itália

Além da Grande História, entendida como a história dos países, também me fascinam as pequenas histórias, querendo com isto referir-me às ideias das pessoas e às suas formas de vida. Uma das melhores maneiras de captar esse espírito é através da leitura de romances de época. Ao ler Eça, por exemplo, facilmente nos apercebemos de como as gentes do seu tempo viam o mundo; mais ainda, é possível verificar que algumas das coisas que então se diziam ainda hoje são comummente ouvidas tal como “no meu tempo é que era, esta juventude está perdida”, “antigamente é que era, agora ninguém quer trabalhar” ou tão só “antigamente é que era” (embora geralmente acompanhado por combinações múltiplas de desprezo pelos tempos correntes).

Vem tudo isto a propósito do livro que acabei de ler esta manhã. Escreve o autor que “cada martelito da máquina bate ao mesmo tempo no papel e no meu crânio, esmagando todos os pensamentos à medida que se aventuram a surgir-me no cérebro (…) Havia um largo caminho que levava o meu cérebro à minha caneta (…) Não é de admirar que se percam (os meus pensamentos) agora nesta labirinto americano de rodas e de engrenagens! Entre parêntesis, convirá advertir o leitor de que só tomo a responsabilidade do que escrevi com a minha própria mão e não o que elaborei com a colaboração da minha Corona Typewriter Company”. Esta passagem (página 313) despertou-me particular interesse porque diversos escritores contemporâneos repudiam os computadores ao mesmo tempo que se afirmam inseparáveis das suas máquinas de escrever. No meu entender, mais que romantismo, esta posição revela uma aversão à mudança semelhante à do autor, embora tecnologicamente mais avançada.

O livro que acabei de ler esta manhã chama-se “O livro de San Michele” e foi escrito por Axel Munthe num registo autobiográfico. Comprei-o por causa de uma viagem que fiz em Maio à sua casa de San Michele (em Anacapri, ilha de Capri, Itália) e revelou-se uma agradável surpresa. Ambientado na transição do século XIX para o século XX, o autor apresenta-nos uma Europa muito diferente da que conhecemos na actualidade. Uma Europa em que a situação geopolítica era muito distinta (os suecos eram imigrantes económicos em Paris!), onde a miséria era generalizada e onde proliferavam doenças hoje praticamente desaparecidas ou afastadas para lugares distantes: difteria, malária, cólera, escarlatina… Desde então a Europa (e o mundo) sofreu uma profunda mudança tecnológica, económica e social. A “pequena história” revela-nos um homem aberto (mas) que defendia simultaneamente posições retrógradas como a bondade da pena de morte e que afirmava com a maior das naturalidades que as mulheres são incapazes de fazer ciência! A revolução no mundo das ideias foi de, pelo menos, igual magnitude.

O livro está bastante bem escrito embora num registo um pouco antiquado (a tradução foi feita por Jaime Cortesão) e é extremamente interessante não só porque ajuda a contextualizar o mundo de hoje mas também porque relativiza um conjunto de situações que nos afectam. Afinal, Velhos do Restelo já existem há muito.

“O Livro de San Michele” é ainda o primeiro título da conhecidíssima “Colecção Dois Mundos” da Editora “Livros do Brasil”. O autor era médico pelo que me parece particularmente recomendado para esta classe profissional.

terça-feira, dezembro 27, 2005

Massagens também?

É isto que eu não percebo na direita.

Querem promover uma sociedade contruída na individualidade e afiançam o mercado como a melhor forma de lá chegar.

Mas passar da política do subsídio ao pobrezinho injustiçado pela sociedade à política do 'vamos antecipar com paninhos quentes as necessidades das empresas estrangeiras em Portugal, baixar as cuequinhas e aquecê-los para eles não fugirem para a China' não é simplesmente deslocalizar o problema?


Cavaco dixit, [comentários meus]:

"Há uma coisa que pode ser feita em Portugal, que eu sei que já foi feita noutros países [portanto não corremos risco algum porque no fundo não é uma ideia original]. Podia existir um responsável do Governo [mais um tacho a atravancar o já sobrelotado estado] que fizesse a lista de todas as empresas estrangeiras em Portugal e, de vez em quando, fosse falar com cada uma delas [com orçamento próprio para almoçaradas?] para tentar indagar sobre problemas com que se deparam e para antecipar algum desejo dessas empresas se irem embora, para assim o Governo tentar ajudá-las a inverter essas motivações [isto é a parte de baixar as cuequinhas]".

Cunhas e tal

Constança Cunha e Sá escreve, segundo se diz aqui, neste pasquim.

Nunca gostei muito da personagem pública.

Dos textos, dei comigo a pensar sózinho que a victória de coisa alguma se 'alcanxa acim'.

segunda-feira, dezembro 26, 2005

Ele há coisas do arco da velha...!

Na noite da consoada teve lugar um milagre...ou pelo menos um facto digno de registo.
Estava eu a degladiar-me com uma espinha de bacalhau (daquelas muito custosas de separar do lombinho do pêxe...sim...porque bacalhau também é peixe, gaita!), quando o mundo, tal como o concebia, terminou.
Passo a explicar...se é que alguém vai crer no que digo...
Sabem aquelas 3 múmias (há várias...diz que fazem turnos!), que estão sentadas numa mesa (tenho cá para mim que é a mesma que estava nos estúdios quando o saudoso Fialho Gouveia apresentava o "com pés e cabeça") a olhar para as bolas do totoloto a sair de um globo? Acho que pertencem ao Governo Civil, à Misericórdia e outro à Fábrica dos Pastéis de Belém...Já alguém os viu a mexer os olhos ou as mãos...? Alguém viu uma manifestação de vida? Apostava a minha casa (se tivesse) em como a resposta da maior parte seria "não".
Pois fiquem sabendo que no dia 24, um deles (o mais expedito, calculo), mandou que se repetisse a extracção da bola das unidades!!! Das unidades, com mil trovões!!!!
Serenela, em choque, esteve, ainda assim, à altura do acontecimento.

Inquietudes...

Tenho andado aqui a pensar…
Será que é mais estúpido os responsáveis obrigarem-me a vir trabalhar hoje, ou as pessoas pensarem que hoje não têm de fazer nada no trabalho?

Espírito natalício

foi, este ano, ver todos os meus de férias, ajudar a planear viagens a Marrocos no fim de semana, ir dormir às 2.30 e acordar para ir trabalhar...

No dia da tolerância de ponte, servir de Internet por telefone para quem ainda quer reservar bilhetes de última hora...

Bolas!

De todas as imagens que há na Internet, tinhas de ter escolhido a pior?

'Lélé da cuca' diria 'a minhoca'.

sexta-feira, dezembro 23, 2005

Até ao meu regresso!


Vou p'á Espanha passar a quadra!

Mental Note

Não sair até às 4 da manhã quando se tem que ir pôr o carro na revisão às 8 e meia e ir trabalhar a seguir.

quarta-feira, dezembro 21, 2005

O combate

Ainda os jornalistas não tinham acabado de colocar a primeira questão e já Soares tomara conta do debate. Qual bulldozer, foi arrasando mito atrás de mito.

Mito n.º 1 – O Cavaco Sebastião
Soares explicou uma vez mais que o PR não tem uma função legislativa ou executiva e que uma eventual postura interventiva de Cavaco ia acrescentar uma crise institucional ao problema económico que o país já vive. Esperar que Cavaco resolva os problemas do país seria contraproducente porque criaria mais falsas expectativas numa população farta de promessas. Pumba.

Mito n.º 2 – O Cavaco Técnico (1985-1995)
Soares seguiu o caminho que Louçã tinha aberto com o objectivo de rebentar com o mito do grande técnico. Relembrou que Cavaco herdou umas finanças públicas relativamente equilibradas (esforço do próprio Soares e de Ernâni Lopes) e apanhou com uma enchente de dinheiro da CEE. E se é certo que a economia cresceu bastante em virtude destes factores não é menos verdade que Cavaco não aproveitou o momento para proceder às reformas estruturais de que tanto carecemos (e que naquele momento Felipe González punha em prática em Espanha abrindo espaço para o fenómeno de crescimento actual). Cavaco saiu e deixou um défice elevadíssimo para quem viesse a seguir. Aliás, e isto é uma nota pessoal, podem dirigir-se iguais críticas a Guterres. Estudei isto na faculdade já lá vão 7 ou 8 anos...

Mito n.º 3 – O Cavaco dos consensos
Há gente com lata que se farta e Cavaco é um deles quando vem com a conversa dos consensos. Cavaco não gosta de discutir, nunca se engana e raramente tem dúvidas. Soares lembrou que Cavaco sabe que não é consensual e por isso não se apresentou às eleições de 1995 deixando Fernando Nogueira a comandar o barco. Também não deixou passar o facto de Cavaco ter perdido as eleições de 1996 apesar de uma estratégia agressiva contra Sampaio. Cavaco divide os portugueses como poucos.

Mito n.º 4 – Cavaco, um homem do nosso tempo
A opinião corrente é que Soares está fora do nosso tempo. A breve discussão sobre a globalização demonstrou que sucede exactamente o contrário. À globalização económica de Cavaco, Soares contrapõe uma globalização mais abrangente que para além da componente económica, também é social e cultural. Soares esteve em Porto Alegre e em Davos. E Cavaco?

Mito n.º 5 - O Cavaco Estadista
Soares fez um esforço por demonstrar que um PR precisa de ser mais que um economista. Tem de ter uma dimensão cultural e de intervenção pública que Cavaco não tem. Que foi feito dele nos últimos 10 anos? Por onde andou? Interveio em quê? Opinou sobre o quê?

En passant Soares arruinou ainda com os mitos do “Cavaco Economista” e do “Cavaco Estadista” alinhando a aura de competência de Cavaco ao que de facto ela é: não é má mas também não é nenhum Prémio Nobel. Foi sempre a abrir. Aliás, rimo-nos mais lá em casa que em muitos programas ditos cómicos. Ah!, e não esqueçamos o mito do “Cavaco social-democrata”. O risinho mortífero de Soares praticamente dispensava a explicação de que Cavaco estava à direita quer em Portugal quer na Europa onde, como é sabido, alinha com o PPE.

O resultado final do debate deve-se unicamente ao desempenho de Soares e se não obteve uma vitória inquestionável deve-se ao facto de ter sido excessivamente grosseirão. Sobretudo na segunda parte em que ultrapassou os limites do aceitável e desferiu vários ataques pessoais inaceitáveis (embora cómicos). Soares sorria revelando os caninos, ameaçadores. Na costura dos lábios sangue. Cavaco estava tão atarantado que não conseguia reagir nem quando Soares lhe deixava a baliza aberta. O desempenho de Cavaco foi completamente indiferente porque pura e simplesmente não desempenhou nada. Sumido, assistia. E como não conseguia argumentar recomendava a leitura de uns livros manhosos que não devem estar à venda em lado nenhum. Ora, como já devia saber depois de tantos anos no ensino, ninguém lê a bibliografia acessória...

Discussão de ideias não houve. Por um lado porque Cavaco não parece ter muitas e vai repetindo consciente a sua cassete inconsistente. Por outro, porque Soares está mais interessado nesta fase do campeonato em demolir os mitos cavaquistas.

O resultado final não foi famoso e parte das culpas deve-se aos jornalistas que estiveram completamente ausentes. Vá lá Soares, da próxima porta-te melhor.

E sabem que mais? Acho que o Cavaco está velho!

O Gajo

aguentou-se. O debate esteve ao nível do mais baixo que se consegue sem se correr o risco de processos judiciais.

O Bochehas picou o Gajo, disse-lhe na cara que toda a gente que com ele conviveu tem a ideia de que o Gajo é burro, limitado e francamente demasiado hirto e socialmente incapaz para permitir uma relação normal com a habitualmente 'bonne vivant' classe política.

O Gajo aguentou-se, não cedeu e não respondeu. E o Bochechas, que tinha de ganhar por 15 a 0 para forçar a segunda volta deve já estar a fazer contas à vida. No fundo, até ver, a culpa é dele por não ter conseguido virar um resultado que se sabia de antemão ser muito difícil de atingir.

Por mim, vejo-me já resignado a viver com o Gajo-PR. Não é o pior que me aconteceu. Eu já vivi num país onde o Santana foi PM e não fugi. Também, são só 10 anos...

segunda-feira, dezembro 19, 2005

A maior árvore de Natal a sério


Árvore de Natal de Viana do Castelo

A Torre Eiffel é uma árvore de natal? E a Torre Vasco da Gama? E a Torre dos Clérigos? E a Torre da PT em Monsanto? E o transmissor dos Bombeiros Voluntários de Lamego?

Então por que razão o amontoado de sucata que está na Praça do Comércio é uma árvore de natal? Não será antes um "Cone de Natal"?

A árvore de Natal de Viana é uma araucária excelsa com 48 metros de altura sendo a maior árvore natalícia (natural) do país e uma das maiores do mundo. Eu já sei que sou reincidente no tema mas irrita-me:
1 - o regionalismo das televisões nacionais para as quais só o que está em Lisboa existe; a árvore de Viana já se monta há mais de 15 anos e nunca mereceu qualquer destaque nas televisões nacionais;
2 - o parolismo de quem acha um monte de sucata uma coisa fenomenal fazendo publicidade gratuita ao maior banco privado português;
3- além do mais acho aquela porcaria pirosa que se farta; mesmo à noite...

sexta-feira, dezembro 16, 2005

Apelo à comunidade

Lanço daqui um lancinante apelo aos 3 (ou segundo a k. aka ghibli, 2) leitores do QnM para nos ajudarem na nossa incessante busca por um sítio onde alojar de borla e sem limites de download os mp3 que animam o nosso blog.

Em tempos fomos felizes, enquanto o nosso LN estava dedicado à causa pública e procurava concluir o seu doutoramento, contribuindo para a prossecução dos objectivos do plano tecnológico (nomeadamente da linha 2) e para o avanço civilizacional da nossa pátria. Nesses tempos dispunhamos de banda ilimitada nos servidores do IST... Mas desde que ele decidiu deitar tudo para trás das costas e ir trabalhar para uma multinacional, cita no Parque das Nações, mas com o centro de decisão em Itália, a nossa banda sonora nunca mais foi a mesma... Estamos neste momento reduzidos a uma conta num servidor amaricano, que nos limita a míseros 30MB de download diários, o que significa que à 4ª vez que a música toca durante um dia, deixa de ser possível tocar mais...

Assim, expostos os argumentos, imploramos uma vez mais: ajudem-nos! Pela nossa e vossa sanidade mental, ajudem-nos! O Jeremias já está a ficar cansado e não sabemos se conseguirá tocar muitas mais vezes... Arranjem-nos um bom host para os mp3 (que seja de borla, claro), senão vamos ter que mandar o JM fazer um doutoramento em física quântica, para voltarmos a ter uma continha no IST! Esta medida, aliás poderia inclusivé ter o impacto positivo de ele voltar a ter temas para escrever um postzito de vez em quando (tipo um por semestre, ou coisa que o valha) e permitir-nos assim voltar a deliciar-nos com o saber do nosso assessor para a ciência, de que há tanto tempo estamos privados!...

quinta-feira, dezembro 15, 2005

Os erros de perspectiva

O PR não tem de ter sido PM.
Quem foi PM não tem de dar bom PR.
Quem foi PM e PR também não tem de dar bom PR.
O combate anti-fascista não é requisito para se ser PR.
Quem tem 70 anos pode parecer mais esquecido do que quem tem 80.

quarta-feira, dezembro 14, 2005

Mil amanhãs cantarão – 2

O editorial de ontem do DE ainda traz mais uma pérola.

A saúde é um bem público que merece ser preservado – justamente na sua vertente pública. Ora, os habitantes da Lisboa antiga largaram as suas casas e os seus filhos moram agora nas periferias (...) E não é segredo que essa velha Lisboa, quando requalificada, não vai atrair lisboetas de baixo rendimento. Vai chamar os mais ricos. Que podem pagar, se não o total, grande parte dos seus gastos com saúde.

E o que se entende disto? Que Martim Avillez Figueiredo defende que o Serviço Nacional de Saúde devia ser para os pobres e os hospitais privados para os ricos? Sim. Mas só? Não! Também lhe parece normal (desejável?) que Lisboa venha a ser só para os ricos, remetendo as famílias de mais baixos rendimentos para o subúrbio. Com efeito, políticas públicas que promovam o acesso das famílias com menor rendimento a habitação no centro da cidade (como em muitas cidades europeias), evitando a criação de guetos, não são prescritas pelos neoliberais.

E sempre lhe dá para escrever mais uns editoriais quando houver revoltas sociais.

São tipos destes que relativizam os radicais de tempos idos.

terça-feira, dezembro 13, 2005

A Matança

O PEEC (Processo Eleitoral Em Curso) anda-me a provocar sensações estranhas no estômago... vai daí, achei que estava a precisar de uma cura! Como me sinto ainda novo para ir às termas, optei por solicitar à administração do QnM a inscrição na Matança do Porco em Fuentestrun, Soria - a aldeia da sogra!

Tudo correu pelo melhor e sinto já as entranhas bem mais tranquilas e aconchegadas, preparadas para enfrentar o resto do PEEC e os próximos (glup...) 10 anos... ou se calhar não... enfim... veremos...

A fotoreportagem móvel em baixíssima resolução está disponível no Fotoblog QnM. Passem por lá para ver como aquilo foi relaxante!

P.S.: É mentira! Não foi relaxante! Foi duro! Muito duro! Senti-me praticamente um repórter em cenário de guerra! As coisas que eu faço para mostrar o mundo aos nossos três leitores!...

Sofres de miopia? Acreditas no messias? E no D. Sebastião? E no Cavaco?

A Teodora Cardoso é uma reputada economista da praça e a sua proximidade ao PS não a impede de ter uma visão lúcida da situação económica do país. O Jornal de Negócios traz hoje um artigo de opinião seu cuja leitura recomendo viavamente. Sobretudo aos crentes (e eu sei que há alguns entre os nossos leitores).

Cavaco Silva tem agora razão quando diz que, sem crescimento económico, não se resolverão os problemas do emprego ou do orçamento. É, contudo, à miopia com que dirigiu uma fase ímpar de crescimento que devemos as dificuldades actuais.

Mil amanhãs cantarão

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Na minha ausência

Então o chavalito Aníbal, que é muito mais jovem e modernaço que o avô Mário, na discussão com o Francisco, o reguila, além de fugir com o rabo à seringa no tema do casamento homossexual, veio dizer que era preciso ter cuidado nas políticas de imigração senão ainda nos tornamos uma minoria étnica?! Ganda nóia, oh chefe!

P.S.: estando fora do país, não vi o debate, mas lendo isto, parece-me que o Homem do Leme levou uma granda abada!... Como diziam os outros, estimo que tenham sido aí uns quinze a zero! Quinze a zero!...

O corrector ortográfico tarado

O corrector ortográfico não reconhece o termo cluster. Para resolver o problema propõe um clister.

quarta-feira, dezembro 07, 2005

Lobby

Eu, por exemplo, se tivesse de escolher alguém para jantar, certamente não levaria nenhuma modelo anoréctica.

terça-feira, dezembro 06, 2005

Estado deste blogger

Isso da internet...

O INE publicou ontem uns dados merecedores de análise. No primeiro trimestre de 2005, 42,5% dos agregados domésticos portugueses possuíam computador e 31,5% tinham acesso à Internet a partir de casa. Estes números deixam-nos muit(íssim)o atrás dos países mais desenvolvidos da Europa e o fosso é ainda maior quando se compara a percentagem de utilizadores com mais de 40 ou 50 anos. Que razões levam a que mais de 2/3 dos agregados domésticos portugueses não tenha ligação à internet em casa? O atraso do país fica patente nas respostas. Os valores indicam um misto de dificuldades económicas e de desconhecimento / ignorância. Algumas das razões são de respeitar. Outras deixam perceber que os respondentes nem sabem do que estão a falar.

Tem acesso à Internet noutro local 19,6%
O custo do equipamento é elevado 53,5%
O custo do acesso é elevado 49,2%
Incapacidade física 1,7%

Não sabe utilizar Internet 52,0%
Não precisa de Internet, porque não a acha útil, interessante, etc. 58,0%
Não quer Internet, porque acha o seu conteúdo perigoso ou prejudicial 23,4%
Preocupações com privacidade ou segurança 12,2%
Outras 37,2%

Sociedade da informação e do conhecimento – Inquérito às famílias (INE)

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Os furados da Madeira

Passei os últimos 4 dias na Madeira e vi dezenas de túneis: túneis em espiral, túneis grandes, túneis sobrepostos, tuneizinhos, túneis em paralelo, vias rápidas em túnel, caminhos em túnel, túneis onde chovia, túneis em curva, túneis escavados na rocha, túneis com vista para o mar, túneis em cimento, túneis secos, túneis rectos, túneis inclinados, túnel-ponte-túnel e ainda mais túneis em construção.

Na Madeira chamam furados aos túneis. Mas os verdadeiros furados da Madeira são os madeirenses. Não é preciso um grande afastamento dos principais pontos de interesse turístico para encontrarmos a miséria. A generalidade das localidades – exceptua-se o centro do Funchal – oferece um cenário que se aproxima da favela latino-americana: uma paisagem totalmente desordenada de casas pobres, inacabadas, muitas em tijolo ou em cimento, misturadas com lixo, postes de electricidade, painéis publicitários e habitadas por pessoas ostensivamente pobres, que denunciam falta de instrução, sem expectativas.

O tio Alberto ainda não percebeu que por mais túneis ou equipamentos – mesmo sociais – que se construa e betão que se encavalite na Madeira o desenvolvimento reside nas pessoas. Nos furados da Madeira.

A outra cara das ONG

O El Pais de hoje trás um artigo extenso sobre as ONG e toca em temas como a sua organização, financiamento e transparência. Para quem tiver interesse e tempo...

La otra cara de las ONG

Dicionários alternativos

Cavaco Silva - pau de vassoura hirto e tenso que se recusa a falar; péssimo diplomata; vulto de olhos encovados;

Mário Soares - velho simpático falador que faz boas campanhas aos 81 anos; bom diplomata; badocha bonacheirão; conhecido mafioso; rei-repúblicano;

Manuel Alegre - poeta-marialva; lírico de barba sempre impecável; caçador; pescador;

Jerónimo de Sousa - se o outro vai eu também;

Francisco Louça - vide Jerónimo de Sousa;

Capô, o brilharete falacioso...

Fui este fim-de-semana ao Alentejo. Para ir daqui até lá, optei pelo automóvel. Podia ter ido de bus, de táxi ou de capivara. Não fui. Fui de carro.

À vinda, no domingo, parei na Mimosa com o André e o Tiago para beber café. Do lado de lá do vidro, no estacionamento, estava um pobre sujeito com o seu carro parado, a namorada lá dentro e ele cá fora. “Humm…Este motor tem qualquer coisa…”, pensava ele enquanto abria o capô (esta palavra é comó guichet…gosto muito!). Por breves instantes mirou a máquina de lés-a-lés. O capô aberto. O motor à mostra. O polegar e o indicador tocando ao de leve no queixo. 3 minutos depois, fechou o capô e ala que se faz tarde!

Pergunta: Será que o carro não tinha nada, ele simulou que tinha e brilhou junto da namorada? Nunca o saberemos. De todo o modo, isto confirmou a minha teoria e alimentou as minhas dúvidas e inquietações sobre esta matéria: Por que será que sempre que temos um problema no carro, ainda que percebamos tanto de mecânica como de fabrico de lâmpadas de baixo consumo, abrimos sempre o capô?

Mesmo não sabendo a resposta, já que o fazemos, deixo aqui umas recomendações que me pareceram essenciais quando pensei a fundo no assunto:

1.º) Quando se der a avaria, suspirar fundo, mas dando a entender que sabemos perfeitamente que tipo de avaria se trata. (mesmo que estejamos sozinhos, fazer sempre isto…é uma boa forma para ensaiar, não vá um dia acontecer com um qualquer alguém jeitoso do nosso lado!);

2.º) Sair do carro e abrir o capô (fundamental…por amor de Deus, não deixem de abrir o capô!! Se estivermos perante um furo no pneu, recomendo que se analise previamente a situação, poderá haver casos em que a abertura do capô chegue a parecer rídicula...em abstracto, recomendo que se abra, deixando ressalvada a análise mais cuidada que o furo em questão possa vir a justificar...);

3.º) Olhar o motor e sujar as mãos com um pouco de óleo (só para dar a entender que fizemos o que era possível fazer, tendo em conta a avaria, o posicionamento do carro, o nosso signo e o fenómeno do aquecimento global);

4.º) Fazer aquele ar de….”porra…podia ser qualquer avaria, menos esta…esta não…esta é daquelas que…pfff…”

5.º) Exclamar…”Gaita! Isto agora só sangrando o motor…só mesmo sangrando o motor é que isto vai lá.” (mas digam-no pausadamente, simulando a busca infrutífera de outras soluções...);

6.º) Depois de evidenciar todos os meritórios esforços, chamar o ACP.

Boa viagem!

sexta-feira, dezembro 02, 2005

The Free Land of Costo's Manifesto

A grande nação de Costo, com sede relativamente fixa no Tokyo, aspira a ser a líder da grande revolução universal do ócio e do prazer. Ser a pátria dos debochados é o nosso objectivo.

Como tal, continuaremos a trilhar o nosso caminho de plena liberdade intelectual, social, política e artística (a arte é em si mesma um meio de libertação dos povos e a ideia de que os artistas são potenciais pequeno-burgueses inertes e ociosos agrada-nos e é algo que cremos ser de incentivar!).

Tentaremos reduzir ao mínimo as horas de trabalho, que contaminam o espírito e deformam o corpo. A semana de trabalho de 2 dias é o nosso objectivo! O trabalho será um mero meio de higiene intelectual e não algo necessário para viver. Os cidadãos de Costo trabalharão 2 dias por semana, de forma voluntária e na área que mais lhes interessar, tendo sempre em mente o seu bem-estar e o dos seus concidadãos.

Os próximos passos da nação irão no sentido da intensificação dos esforços de desenvolvimento tecnológico, de forma a conseguirmos criar riqueza com recurso a autómatos e redistribui-la de forma justa e equalitária pelos cidadãos da república, por meio dos impostos (daí o actual nível de fiscalidade de 91%... o problema é que chegou cedo demais... mas adiante!).

Esta é a nossa visão. Esta é a revolução que nos dispomos a liderar. Este é o desígnio que nos move.

Seria com enorme prazer que vos receberiamos a todos no seio do projecto revolucionário que finalmente libertará a Mulher e o Homem (mas também o Animal, a Planta, os Elementos e os próprios Objectos Inanimados) dos seus jugos e lhes permitirá gozar debochadamente a sua existência!

Ugh!

Decisões

Dica do G.: Bebés sem baptismo vão directamente para o Céu

«O Papa Bento XVI prepara-se para decretar o desparecimento da figuro do Limbo, local entre o ceú e o purgatório para onde se dizia que iam as crianças que morriam sem receber o sacramento do baptismo... o limbo foi uma figura criada por S. Tomás de Aquino, no século XI, para resolver o problema das crianças que morriam sem baptizar e que, segundo a doutrina anterior, iam para o Inferno»

Ao que o QnM apurou, a Hasbro já reagiu e vai acabar com a famosa Casa de Partida, passando o subsídio de 2.000 escudos a ser atribuído a qualquer um, mesmo que fique paradinho no seu sítio ou que vá parar à prisão. O Ministro das Finanças manifestou a sua preocupação com a alteração da inversão da regra de atribuição dos 2 contos e avisou desde já que tal medida poderá implicar uma subida compensatória do IVA a curto/médio prazo.

P.S.: Serão estas decisões um indício de que o Bento XVI também anda a jogar ao NationStates? Se sim, alguém lhe pode sugerir que se junte à nossa região? Obrigados!