segunda-feira, dezembro 05, 2005

Capô, o brilharete falacioso...

Fui este fim-de-semana ao Alentejo. Para ir daqui até lá, optei pelo automóvel. Podia ter ido de bus, de táxi ou de capivara. Não fui. Fui de carro.

À vinda, no domingo, parei na Mimosa com o André e o Tiago para beber café. Do lado de lá do vidro, no estacionamento, estava um pobre sujeito com o seu carro parado, a namorada lá dentro e ele cá fora. “Humm…Este motor tem qualquer coisa…”, pensava ele enquanto abria o capô (esta palavra é comó guichet…gosto muito!). Por breves instantes mirou a máquina de lés-a-lés. O capô aberto. O motor à mostra. O polegar e o indicador tocando ao de leve no queixo. 3 minutos depois, fechou o capô e ala que se faz tarde!

Pergunta: Será que o carro não tinha nada, ele simulou que tinha e brilhou junto da namorada? Nunca o saberemos. De todo o modo, isto confirmou a minha teoria e alimentou as minhas dúvidas e inquietações sobre esta matéria: Por que será que sempre que temos um problema no carro, ainda que percebamos tanto de mecânica como de fabrico de lâmpadas de baixo consumo, abrimos sempre o capô?

Mesmo não sabendo a resposta, já que o fazemos, deixo aqui umas recomendações que me pareceram essenciais quando pensei a fundo no assunto:

1.º) Quando se der a avaria, suspirar fundo, mas dando a entender que sabemos perfeitamente que tipo de avaria se trata. (mesmo que estejamos sozinhos, fazer sempre isto…é uma boa forma para ensaiar, não vá um dia acontecer com um qualquer alguém jeitoso do nosso lado!);

2.º) Sair do carro e abrir o capô (fundamental…por amor de Deus, não deixem de abrir o capô!! Se estivermos perante um furo no pneu, recomendo que se analise previamente a situação, poderá haver casos em que a abertura do capô chegue a parecer rídicula...em abstracto, recomendo que se abra, deixando ressalvada a análise mais cuidada que o furo em questão possa vir a justificar...);

3.º) Olhar o motor e sujar as mãos com um pouco de óleo (só para dar a entender que fizemos o que era possível fazer, tendo em conta a avaria, o posicionamento do carro, o nosso signo e o fenómeno do aquecimento global);

4.º) Fazer aquele ar de….”porra…podia ser qualquer avaria, menos esta…esta não…esta é daquelas que…pfff…”

5.º) Exclamar…”Gaita! Isto agora só sangrando o motor…só mesmo sangrando o motor é que isto vai lá.” (mas digam-no pausadamente, simulando a busca infrutífera de outras soluções...);

6.º) Depois de evidenciar todos os meritórios esforços, chamar o ACP.

Boa viagem!

3 Comments:

Blogger JTF said...

Explica-me lá porque é que guichê é guichet e capot é capô...

2:43 da tarde  
Blogger ttf said...

Há coisas, meu caro JTF, que só com o tempo se descobrem, outras que nem assim...ainda há aquelas que resultam da incoerência de quem escreve. No caso, nenhuma das acima mencionadas se aplica.
A verdade é que podemos optar pela via francófona ou pela nossa via...a verde. Eu optei pela francófona no caso do guichet (ai...esta palavra...caramba...que gira que é!), e pela tuga no caso de capô (achei que ficava mais engraçado, só isso...é divertido ver aquele chapelinho na palavra capô...ora vê lá bem...não é? capô!). Mas olha que pensei nisso, palavra que pensei!

3:14 da tarde  
Blogger Ghibli said...

ahaha!!! bravo! bravo!! (estilístico, claro).

em termos de conteúdo, e falo com base numa larga experiência (que implica intensidade mais do que propriamente duração) em automobilismo, aqui deixo a minha versão das melhores recomendações:

1. Antes de mais (e independentemente do problema em questão) ver se tem: telemóvel com bateria, declaração amigável, alguma luz vermelha a piscar. A conduta a seguir é independente de ter ou não esses elementos; no entanto, a conhecimento da sua existência poderá, por si só, servir como atenuação de pena.

2. Quando se der a avaria, respirar fundo. Fundo, mas (IMPORTANTE!) verificando atentamente que nada está a explodir enquanto faz a longa inspiração.

3. Sair do carro e NÂO TOCAR EM NADA!! Absolutamente proibido abrir o capôt (versão híbrida), não vá dar-se o caso de nos virem mais tarde a acusar de termos sido responsáveis pela avaria. Já se sabe, se não tocámos em nada, a culpa não foi nossa. Regra n.º1 aprendida precocemente com o "Perry Mason" e a Jessica Fletcher ("Murder, she wrote")

3. Telefonar IMEDIATAMENTE para o namorado, marido, sócio, irmão, filho, chefe, TTF, aquela amiga que anda a colecionar o carro "monte você mesmo" da Planeta Agostini"...ou alguém conhecido que saiba/goste de abrir capôs para vir imediatamente ter consigo.

4. Esperar. Esperar. Esperar pela chegada do precioso ajudante. Esperar por opiniões. Esperar por soluções. Esperar que o problema não passe pela palavra: "motor". Esperar. Esperar...

E esperar principalmente que a conta não ultrapasse o seu ordenado mensal. :S

Boa viagem!

k., utilizadora assídua e fiel da Fertagus/CP :)

4:24 da tarde  

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