segunda-feira, janeiro 31, 2005

Há-de chegar

Enquanto que em Espanha o governo do PSOE legalizou o casamento e a adopção por homossexuais, por cá...

Santana Lopes, o femeeiro, está contra e puxa o tema para a campanha eleitoral da forma mais porca que se possa imaginar. Objectivos essenciais: estigmatizar um grupo que sofre de discriminação negativa e lançar a confusão. Restam-lhe 20 dias. Ala!

Paulo Portas, ao que consta homossexual reprimido, está também contra essa possibilidade. Será que não acredita nas relações estáveis e no amor eterno? Há esquemas mentais que não consigo mesmo entender. Em vez de juiz em causa própria esta figura é “carrasco em causa própria”: mete a cabeça na guilhotina e espera que a Nª Srª de Fátima puxe a corda. Ah valente! Se deus quiser, ou lá como ele diz, restam-lhe também 20 dias.

O Sócrates é outro que tal. Também consta por aí que é gay. Tonto q.b., picou o anzol lançado pelo Santana. Parece que não pensa em casar-se nos próximos tempos. Pelo menos em Portugal. Sempre pode ir a Badajoz: apanha boleia de alguém que vá abortar à clínica dos arcos. Restam-nos quatro anos...

O Manuel Monteiro serve para rir mas não só. Agora irritou-me. Vai mais longe que todos os outros e é contra a educação que promova a igualdade de tratamento entre homossexuais e heterossexuais. Por falar em tratamento, espero que os portugueses lhe dêem no dia 20 o que merece: NADA.

O PCP não se pronunciou sobre esta questão – como nunca o faz – e apenas o Bloco defende explicitamente, e há já muitos anos, os direitos dos homossexuais. A JS também, mas isto é uma estratégia de marketing e de ocupação de mercado político que merece maior desenvolvimento. É triste que as propostas do Bloco, neste como noutros domínios, sejam apenas aproximações ao que se passa no resto da Europa mas levem com a classificação de radical em cima. Triste país.

Seja como for, e relembrando um amigo meu, pelo menos falam do assunto. É pena que com outros objectivos e na direcção errada, mas falam. Há 5 ou 10 anos isso seria impensável. E se o divórcio cá chegou, a democracia cá chegou, a possibilidade da IVG está para chegar, um dia todos havemos de ter os mesmos direitos.

sexta-feira, janeiro 28, 2005

Xeque. Xeque-Mate?

As sondagens saídas hoje no Público e DN dão o PS no limiar da maioria absoluta (uma vez mais) e o BE na casa dos 8%. Não me querendo fazer passar por perito em sondagens – para isso o melhor é consultar o Margens de Erro - ocorre-me que nos próximos dias possam vir aí “novidades”.

Onde há-de o PS ir buscar votos para garantir a sua maioria absoluta? Ao PSD é difícil, não me parece que vá descer muito para além do que as sondagens revelam, na casa dos 30%. Ao CDS-PP há pouco a tirar e o salto ideológico é muito grande. No PCP já só restam os mais crentes, não há hipótese. Sobra? Sobram os 8% do Bloco. Ou muito me engano ou até dia 20 de Fevereiro muita coisa vai acontecer àquele que era o movimento político mais querido da comunicação social portuguesa não vai assim há muito tempo. Xeque. Xeque-Mate?

Olha quem é ele!



JS quer legalizar drogas leves e lançar debate sobre casamentos homossexuais

Nota: Informação via Renas e Veados. As propostas da JS podem ser aprofundadas AQUI.

Os Fóruns

A openDemocracy está a bloggar em Porto Alegre, no Fórum Social Mundial e em Davos, no Fórum Económico Mundial.

A seguir com atenção.

Violência de género

Entra hoje em vigor em Espanha uma nova lei para combater a violência de género, um problema que se suspeita ser igualmente grave em Portugal. Não há dados precisos sobre a dimensão do fenómeno no nosso país mas a UMAR divulgou em Novembro os resultados de um levantamento de casos de violência doméstica chegados à imprensa e que apontava para mais de 50 situações só nos primeiros 10 meses do ano. Muitos, portanto. Nos últimos tempos, de Espanha vêm bons casamentos mas também bons ventos. Aproveitemo-los.



El Gobierno dispondrá de seis meses desde ese momento para implantar medidas como los juzgados de violencia sobre la mujer y adecuar la estructura del Ministerio Fiscal a los nuevos fiscales especiales; la previsión es crear 21 juzgados nuevos y reformar 428 de los existentes para que también se dediquen a este asunto.

Habrá también seis meses para adecuar el reglamento penitenciario e iniciar los programas de tratamiento y rehabilitación de los agresores, y se esperará a la reforma de la ley de calidad de la educación para incluir en secundaria una asignatura sobre la igualdad.

El Gobierno deberá además dotar un fondo para ayudar a las Comunidades Autónomas a financiar la red de centros de información y asistencia y de casas de acogida que establece la ley.

Esta ley, largamente pedida por las asociaciones de mujeres, aúna en un mismo texto medidas preventivas y educativas con iniciativas de protección y asistencia a las víctimas, que tendrán derechos laborales específicos y ayudas económicas, al tiempo que establece penas más duras para los agresores y crea juzgados de violencia sobre la mujer.

Las víctimas, según la ley, tienen derecho “a la información, a la asistencia social integral y a la asistencia jurídica gratuita”.

Para garantizar estos derechos, se deberán crear centros de información y asesoramiento; centros de emergencia y casas de acogida y centros de apoyo y recuperación.

En el ámbito laboral, las víctimas podrán optar por la reducción o a la reordenación de su tiempo de trabajo, la movilidad geográfica, al cambio de centro de trabajo, la suspensión de la relación laboral con reserva del puesto de trabajo o la extinción del contrato.

Se establece una ayuda para quienes dispongan de menos medios y presenten dificultades para encontrar trabajo y se considera a las mujeres maltratadas colectivo prioritario para acceder a viviendas protegidas o residencias públicas para mayores.

Para garantizar su protección, prevenir la violencia y controlar la ejecución de las medidas judiciales adoptadas, el Gobierno deberá establecer unidades específicas en las fuerzas y cuerpos de Seguridad del Estado y promoverá la colaboración de las políticas locales y autonómicas.

Entre las principales novedades están los juzgados de violencia sobre la mujer, que podrán conocer todas las causas que afecten a las víctimas, tanto penales como civiles; el fiscal contra la violencia sobre la mujer; y el tratamiento penal para los agresores.

Las amenazas y las coacciones graves pasan de faltas a delitos cuando las cometa un hombre sobre una mujer -su pareja o ex pareja- o cuando la víctima sea una persona especialmente vulnerable, y también se incrementan las penas para los malos tratos.

Entre las medidas de sensibilización y prevención, destaca la instauración de una asignatura en tercer curso de secundaria sobre “ética e igualdad”, el control de la publicidad y la puesta en marcha de campañas de información.

En el ámbito sanitario se impulsarán medidas para la detección precoz de la violencia y protocolos de asistencia ante agresiones.

La ley crea una “Delegación especial del Gobierno contra la violencia sobre la mujer” para coordinar e impulsar medidas y también un Observatorio estatal, que evaluará las propuestas y hará un seguimiento.

quinta-feira, janeiro 27, 2005

Argentina temperamental

A The Economist desta semana traz um survey sobre a Argentina. Muitos dos artigos não são de acesso livre mas, como de costume, o enquadramento pode ser lido por toda a gente.



Este texto verifica a recuperação do país após o colapso de 2001/2002 e analisa a instável evolução económica da Argentina ao longo do século XX. Acessível AQUI.

Outro artigo a que se pode aceder é ESTE.

quarta-feira, janeiro 26, 2005

Tás com frio ó palhaço?



Notícia completa aqui.

LaranJota

A minha passagem por uma Associação de Estudantes no Ensino Superior ensinou-me que as juventudes partidárias são frequentemente usadas por elementos extremamente ambiciosos como meio para atingir os seus objectivos.

É assim que centenas de jovens bem intencionados e com vontade de trabalhar em causas que consideram justas e benéficas para o seu país, entram nestas estruturas e acabam frequentemente desiludidos ou absorvidos e identificados com a meia dúzia que usa o seu esforço e o esforço dos demais para praticar a baixaria e perseguir benefícios pessoais.

Destas minhas experiências, sempre me ficou a ideia que a JSD era a Jota onde estas práticas estavam mais difundidas e onde mais gente perseguia objectivos menos altruístas e se prestava a lamber mais botas para chegar onde queria (posso estar a ser injusto, mas experiências cada um tem as suas...).

O papel reservado aos jotas laranjinhas nesta campanha eleitoral é disto um excelente exemplo - trata-se de puro achincalho político!

É pena que a JSD se preste a fazer o trabalho sujo dos crescidos, em vez de procurar o seu espaço e tentar ser a voz de alguma juventude que nela se revê.

Acredito que boa parte dos seus membros se estejam a sentir usados pelos que controlam a organização. Muitos não se sentirão, pelo menos agora "porque a campanha até é cool e é irreverente e a malta não curte ser sempre os bem comportados porque também sabe ser muita maluca". Pode ser que um dia, ao olhar para trás, se venham a sentir...

Mas a realidade é que os seus dirigentes de inocentes têm pouco: uns lugares prometidos no Parlamento e a perspectiva de encarreirar em definitivo na engrenagem partidária, são argumentos mais que suficientes para os levar a optar pela via dos mais puro acefalismo e a usar a Jota para dizer o que o Partido não pode dizer, porque não é políticamente correcto e poderia perturbar potenciais eleitores mais moderados.

Com este e outros exemplos, o espaço de intervenção política da juventude ao nível partidário parece ser cada vez menor. Quem é que quer desinteressadamente trabalhar num meio assim? Restam os não desinteressados e os muito persistentes, mas a verdade é que o potencial regenerativo destas estruturas, em termos trans-geracionais é, por estes motivos, cada vez menor...

No meio do pessimismo, resta-me a esperança no crescimento do espaço de intervenção não partidário e na capacidade de atracção de outro tipo de organizações, nomeadamente aquelas que trabalham nas áreas sociais, no ambiente e em modelos alternativos de organização e gestão.

É por estas e por outras que vou estar atento ao que se passa aqui.

Previsão a posteriori


Mas porque é que eu não encontrei isto mais cedo?!...

terça-feira, janeiro 25, 2005

The Greenspan Succession

segunda-feira, janeiro 24, 2005

Auschwitz



Uma das experiências mais marcantes da minha vida foi uma visita que fiz a Auschwitz. Houve dois factores em particular que me incomodaram. Um foi sentir que estava numa fábrica de matar pessoas. Ali não havia trincheiras, ali não havia que matar para conquistar território ou sobreviver, Auschwitz era tão só uma linha de produção fordista, um ponto de morte. Nesse sentido consegue ser mais horroroso que uma outra guerra qualquer. O outro foi ver, no museu, toneladas de objectos empilhados e ver as caras e datas de nascimento dos mortos: aproximadamente as mesmas dos meus avós. Não consigo perceber como há quem defenda guerras sem fundamento. Quem defende as guerras que se vá matar, mas que deixe os outros em paz.



Na próxima Quinta-feira passam 60 anos da libertação de Auschwitz. Quantos milhões é que já morreram em guerras estúpidas desde essa data?

Le plus grand des camps de la mort


Le 27 janvier 1945, les soldats de l'armée rouge entraient dans le plus grand des camps de la mort, Auschwitz-Birkenau. Les Soviétiques découvraient quelque 7 000 personnes encore vivantes dans les trois enceintes du complexe ; les autres prisonniers plus valides avaient été forcés de suivre dans la fuite leurs bourreaux nazis. De 1940 à 1945, au moins 1,1 million de personnes ont péri à Auschwitz-Birkenau, dont 960 000 hommes, femmes et enfants juifs déportés des pays d'Europe occupés par les nazis. 75 000 Polonais, 21 000 Tsiganes et 15 000 Soviétiques ont également été tués. Initialement camp de concentration pour 10 000 prisonniers, Auschwitz avait été transformé en usine d'extermination de masse, étendu jusqu'au village de Brzezinka (Birkenau en allemand), situé à 3 km, et équipé de chambres à gaz reliées à des crématoires. Deux cent trente soldats soviétiques ont péri durant l'opération de libération du camp.

Lamentável, mas...

Na passada Quinta-feira assisti ao debate Portas - Louçã e achei lamentável, despropositada, arrogante e suicida a reacção do Louçã ao ataque do Portas.

Mas no imediato momento percebi que todo o debate se iria resumir àqueles 30 segundos. Quanto mais tempo passa e mais coisas leio mais irritado fico com esse aproveitamento. Nomeadamente com aquilo que o Público tem feito. Aquela afirmação infeliz presta-se a isso mas há limites.

O objectivo é transferir votos do BE para o PS? Mas o que acha o PS da IVG? O que acha o PS dos direitos, liberdades e garantias dos LGBT, a questão que Louçã não levantou explicitamente mas que, curiosamente!, todos entenderam.

E o Sócrates? Ah!, é que o Sócrates recusa-se a participar em debates. Assim se entende que não cometa asneiras daquele calibre. Tanto mais que o tipo tem fama de irascível. Quem vai a debates em directo arrisca-se a estas coisas. Por isso é que o Cavaco também não ia. Por isso é que o Guterres falava e não dizia nada.

As declarações do Louçã foram infelizes e merecem ser condenadas pela forma como foram feitas. Esquecermo-nos do resto é que não está certo.

O Socialismo Coreano e o Cabelo

O texto é todo ele tão significativo que nem me atrevo a cortá-lo. Vai na íntegra, mesmo! Ah: e também não o vou comentar! Palavras para quê?...

Cabelos Longos Prejudicam Gravemente o Regime da Coreia do Norte
Por JOÃO PACHECO
Segunda-feira, 24 de Janeiro de 2005

Imagine-se um país onde cabelos compridos são sinónimo de subversão. Nesse país a vida pode tornar-se complicada para qualquer cidadão menos frequentador de barbeiros ou cabeleireiros.

O país anti-cabeludos poderia ser o Afeganistão pós-talibã, mas de facto faz parte da lista dos "postos avançados de tirania" mencionados pela secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice: Coreia do Norte.

Para o regime do "Querido líder" Kim Jong-Il, o mais recente inimigo é o homem de cabelos compridos. Rádios, televisões e jornais oficiais denunciam indivíduos apanhados em público com cabelo fora da norma: homens com cabelo que ultrapasse cinco centímetros são considerados imorais. Salvo se tiverem mais de 50 anos e forem possuidores de uma careca, nesse caso merecerão o direito à inflação de cinco para sete centímetros de cabelo. Num programa televisivo são usadas imagens obtidas com câmara oculta em vários locais da capital, Pyongyang: na rua, num estádio, num barbeiro, numa paragem de autocarro, num restaurante e numa loja. Naquele programa, "Senso Comum", são dados os nomes e as moradas de alguns homens apanhados em flagrante com cabelo demasiado longo. O objectivo mediático consiste em humilhar cabeludos em particular para passar a mensagem a toda a sociedade.

A Coreia do Norte tem preocupações políticas muito próprias. Como é dito no programa televisivo "vestindo em sintonia com as emoções e o gosto do nosso povo", a aparência de um indivíduo está relacionada com a sua "ideologia" e o seu "estado mental." Por isso, acrescentam: "Uma aparência arrumada é importante para repelir as manobras dos nossos inimigos, que querem infiltrar ideias capitalistas corruptas." Até porque é necessário "estabelecer o estilo socialista da era do exército."

Na campanha mediática do Governo norte-coreano é ainda defendida uma teoria original: o cabelo longo tem efeitos prejudiciais para a inteligência. O cérebro dos cabeludos pode ser afectado, já que os nutrientes gastos pelo cabelo demasiado longo roubam a ração de energia que caberia ao cérebro. Mas mesmo sem referir a inteligência de Einstein ou dos membros do "Clube de Cientistas com Cabelo Abundante e Solto", há ainda um facto difícil de explicar: não consta que o próprio "Querido líder" tenha aderido à ideia de cortar o cabelo.

quinta-feira, janeiro 20, 2005

Fraga

Claro que o Alberto João espanhol aproveitou logo a polémica da borrachinha para dizer a barbaridadezinha da ordem...

Recuos

Ontem estive quase a escrever um post sobre a posição da Conferência Episcopal Espanhola de defesa do uso do preservativo (combinado com a fidelidade e a abstinência sexual, em coerência com o que a sua doutrina exige), como forma de combater a SIDA. Mas pensei "Calma... é melhor ver no que é que isto dá... o Vaticano vai certamente reagir!".

Em boa hora o fiz: 24 horas depois das primeiras declarações, estaria eu ainda a pensar sobre o que escrever, estavam já a dar o dito por não dito!

Lamentável...

Páscoa Feliz...

... eram os votos de um autocarro da Carris esta manhã.



Já não basta a estranheza que me causa escrever "os votos de um autocarro da Carris" como me pergunto: e o Carnaval? e as eleições?

Então umas "Eleições Felizes" não são mais importantes que uma "Páscoa Feliz"?

Páscoa é sempre Páscoa: férias escolares, férias na neve ou no Algarve, coelhinhos, o compasso, foguetório nas aldeias, a malta mais religiosa que pode voltar a comer carne à Sexta-feira, cabrito assado, os filmes do costume sobre passagens bíblicas na RTP1, a Primavera que chega...

Mas as eleições já não. Por que é que a Carris não nos deseja umas "Eleições Felizes"? Acharão que não vale a pena? E depois não há-de o país andar como anda. Essa é que é essa!

quarta-feira, janeiro 19, 2005

El Lobo

Este fim de ano aproveitei estar em Espanha para ver El Lobo. Este filme conta a história verídica de um jovem basco que, ao tentar evitar que amigos seus, operacionais da ETA, matassem um taxista seu vizinho apenas por não seguir as suas idéias, acabou por se ver preso por suposto envolvimento no atentado e convencido pelos serviços secretos espanhóis a colaborar com eles, infiltrando-se na organização.

El Lobo entrou na organização e rapidamente ascendeu à sua cúpula, tornando-se num dos homens que definiam as acções a executar. Com a sua acção conseguiu protagonizar o mais duro golpe na estrutura da ETA, levando à detenção de 1/4 dos seus operacionais.

Entretanto El Lobo foi abandonado pelos serviços secretos à sua sorte e condenado à morte pela ETA. Ainda hoje El Lobo está vivo e em cada missão da ETA é dada aos operacionais que executam os golpes uma bala extra para usar caso o encontrem.

Tudo isto decorreu nos últimos anos do Franquismo (1973-1975), numa altura em que a ETA tinha duas facções - a que pretendia transformar o movimento num partido político institucional, aproveitando a transição democrática que já se adivinhava, e a que pretendia continuar com a acção armada até à independência. A dado momento do filme (e da História), a segunda facção assume o controlo e a violência intensifica-se. O Estado Espanhol, apesar de, através de El Lobo, conseguir levar a organização a um nível de fragilidade extremo, aparentemente, prefere não dar o golpe de misericórdia, porque vê nela a única hipótese de perpetuar a ditadura instalada e contrariar os ímpetos democratizantes que então se levantavam.

Talvez esse momento tenha sido o único até hoje em que este conflito pôde ter um fim...

O filme é muito bom e recomendo que procurem vê-lo, ainda que tenham que recorrer a meios alternativos caso ele nunca chegue ao circuito cinematográfico nacional (as usual...).

Entretanto, hoje, ao ler o Público, deparei-me com uma notícia que mostra algum optimismo do Governo Espanhol e alguma esperança no regresso ao diálogo, motivada por acontecimentos e acções recentes da ETA e do próprio Batasuna (alguns dos quais já discutidos aqui no Queimado). Será que veremos ainda este ano passos concretos rumo a uma solução política e democrática da questão basca? Espero sinceramente que sim...

A acompanhar.

terça-feira, janeiro 18, 2005

Post que eu gostava de ter escrito #3

A Excelência do Rui Tavares! Com o Daniel Oliveira mais ocupado com a campanha e com menos tempo para reflexões profundas, o Rui soltou a pena e assumiu as despesas do blog (sem desprimor para o Pedro, o Celso, o André e o próprio Daniel, claro!). O texto é uma brilhante espiral de raciocínios, com um ritmo frenético e um final desconcertante. Bela prosa!

segunda-feira, janeiro 17, 2005

Pelo direito à indiferença

A Associação ILGA Portugal, a maior e mais antiga associação portuguesa de defesa dos direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgéneros (LGBT), e a W/Portugal Publicidade, Lda., lançam, a partir do dia 17 de Janeiro de 2005, a primeira campanha publicitária portuguesa visando alertar a população para o preconceito homófobo e a discriminação de que ainda são alvo as pessoas LGBT.

A campanha é composta por anúncios de televisão, rádio e imprensa, cartaz de grande formato e banners de internet. Foi executada, pro-bono, pela W/Portugal, e conta ainda com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa na sua divulgação.

Esta iniciativa procura combater o preconceito homófobo - que persiste em relação à orientação sexual - com imagens de manifestações de afecto (lésbicas/gays abraçad@s e gays de mãos dadas) como as que aparecem nos anúncios de imprensa e TV. Pretende-se também que, no quotidiano, imagens como estas deixem de causar qualquer surpresa ou incómodo e de gerar reacções de hostilidade contra @s LGBT.

Ao apostar em tais imagens e ao fazer uso do slogan "Pelo direito à indiferença", a campanha incentivará a visibilidade d@s LGBT e contribuirá para um sentimento de indiferença geral no que diz respeito à orientação sexual, criando condições para a integração social plena d@s LGBT e para a vivência da sua orientação sexual de forma aberta e saudável.

Em suma, a campanha publicitária visa a igualdade efectiva d@s LGBT na sociedade e na lei, aliás consagrada desde 22 de Abril de 2004 pelo artigo 13°. da Constituição (Princípio da Igualdade). Deste modo, contribui para a construção de um Portugal menos discriminatório, mais democrático e inclusivo e por isso mesmo mais genuíno e legítimo.

Lisboa na vanguarda

O suplemento de Economia do Público de hoje conta-nos que "a juventude pobre britânica adoptou o padrão clássico da Burberry, fazendo mossa na imagem e nas vendas da marca."



" (...) a adopção do padrão beije com riscas brancas, pretas e vermelhas feita por esta juventude suburbana britânica, branca, pobre, com baixa formação académica e aparentemente sem quaisquer perspectivas de emprego (uma espécie de derivados de Eminem sem milhares de milhões de discos vendidos) terá tido a sua influência negativa. (...) O desafio agora lançado à Burberry é, também, um desafio de comunicação, dado o potencial de calamidade que o apadrinhamento feito pelos "chav" pode trazer a uma marca de elite. Com as suas calças de fato-de-treino e ténis e inúmeras peças de joalharia dourada barata e pelo menos uma tríade de peças com o padrão clássico da Burberry - tudo envergado ao mesmo tempo -, eles são a pura antítese da imagem da marca que assenta em fotografias de aristocratas e sofisticadíssimas 'top models' em piqueniques ou em animadíssimas festas em belas casas de campo."

Nas ruas de Lisboa o padrão da Burberry já em 1999 era mais popular que as velhotas vestidas de negro. Neste momento está fora de moda mesmo entre o pessoal que compra na Praça de Espanha. Mas parece que só em 2004 é que chegou a Londres.

A malta da contrafacção portuguesa está na vanguarda. Sampaio, parece-me que devias ter levado uns quantos à China.

Ski

Aaaaaaiiiiiiiiiiiiiiiiiiii...



Tudo! Dói-me tudo!

quinta-feira, janeiro 13, 2005

Santanice

Esta chegou por correio electrónico. É o toque de humor do dia.



Nova entrada no dicionário de português

Santanice - acto ou acção cujas consequências acabam sempre por prejudicar uma terceira pessoa, sendo também o autor prejudicado com esse acto ou acção, sem ter consciência disso; forma de agir inopinada e irresponsável que prejudica toda a gente envolvida directa ou indirectamente na acção, sem que o autor tenha uma consciência absoluta dos consequências dessa acção; "fez-lhe uma -", estupidez, parvoíce, inexperiência, irresponsabilidade de grande dimensão, efeito negativo de algo dito ou feito por um inconsciente com poder para o fazer.

Ideias

Estou farto de ouvir queixinhas e lamentos sobre a falta de ideias da campanha eleitoral. Este fim-de-semana temos as Novas Fronteiras do PS e o fórum “Alternativa para a Mudança” do Bloco. A partir de agora vão ter de renovar o "queixinhário" e o "lamentário".

Fórum "Alternativa para a Mudança"

Sábado, dia 15 na Faculdade de Letras

Painel 1: Serviços públicos e défice democrático (15h)
João Semedo
Fernando Nunes da Silva
Jorge Dias de Deus
Coordenação: Luis Fazenda

Painel 2: Novos modos de olhar a cultura (15h)
António Mega Ferreira
Maria João Seixas
Fernando Lopes
Alberto Seixas Santos
Coordenação: João Teixeira Lopes

Painel 3: Forum sobre o Ambiente (10.30 e 15h)
Pedro A. Vieira, jornalista
Clara Queirós, bióloga
M Collares Pereira, INETI
M Centeno Brito, FCUL
Luis Lavoura, físico
André Pestana, biólogo
Francisco Ferreira, Quercus
Gil Garcia
Jaime Pinho
Coordenação: Joana Amaral Dias

Painel 4: Perspectivas Refundadoras (18h)
Joaquim Miranda
Maria José Morgado
Francisco Louçã

Novas fronteiras 1

Novas Políticas Sociais para o Século XXI

16 Janeiro 2005 – Pavilhão de Portugal - Lisboa

10.00 Abertura
José Sócrates – Secretário-geral do PS

10.30 Tema 1 – Emprego e Protecção Social
JOÃO PROENÇA
Secretário Geral da UGT
MARIA JOÃO RODRIGUES
Conselho Coordenador das Novas Fronteiras
JOSÉ JOÃO ABRANTES
Professor universitário (FD-UNL)
PEDRO MARQUES
Economista

12.00 Tema 2 – Exclusão Social, Igualdade e Cidadania
FERNANDA RODRIGUES
Professora universitária (FPCE-UP)
LÍGIA AMÂNCIO
Professora universitária (ISCTE)
JOSÉ MANUEL HENRIQUES
Professor universitário (ISCTE)

14.30 Coesão Social – Responsabilidades do Estado e papel das ONG EDMUNDO MARTINHO
Presidente da União das Mutualidades Portuguesas
Pe. JARDIM MOREIRA
Presidente da Rede Anti-Pobreza
JULIETA SANCHES
Presidente da FENACERCI
MANUEL DOMINGOS
Presidente da Humanitas
DAVID MACHADO
Presidente da Associação Animar
Representante do Grupo de Reflexão Algarvio - GRAL
GARCIA CORREIA
Provedor da Santa Casa Misericórdia de Santarém

17.00 Conclusões
JOSÉ ANTÓNIO VIEIRA DA SILVA – Secretário Nacional do PS

Moderador
JORGE WEMANS
Jornalista

Novas fronteiras 2

Uma Agenda de Crescimento Para a Próxima Década

14 e 15 Janeiro 2005 – Pavilhão de Portugal - Lisboa

14 de Janeiro

14:30 Abertura
António Vitorino, Coordenador do Fórum Novas Fronteiras

Primeira sessão
Manuel Pinho, Conselho Coordenador do Fórum Novas Fronteiras

14:40 Um cenário macro-económico para os próximos quatro anos
Nouriel Roubini, Global Business Institute, NYU
Com:
Augusto Mateus, ISEG
António Mendonça, ISEG

15:40 Capital humano e mudança tecnológica na Irlanda: que lições podemos aprender?
Alan Barrett, Economic and Social Research Institute, Dublin
Com:
Manuel Heitor, Instituto Superior Técnico
Vítor Martins, ISEG

16:40 Painel 1: A revisão do PEC: da revisão desejável à revisão possível
Moderador: José Silva Lopes, economista
Inigo Fernandez de Mesa, Ministério das Finanças, Espanha
Joaquim Pina Moura, deputado
Jorge Santos, ISEG

17:40 Painel 2: Um novo processo orçamental para a estabilidade das contas públicas
Moderador: Teodora Cardoso, BPI
João Amaral Tomás, consultor
Rui Baleiras, FE-Universidade Nova de Lisboa
Álvaro Pina, ISEG


15 de Janeiro

Segunda sessão
Francisco Murteira Nabo, Presidente da COTEC-Portugal

10:00 O papel do capital humano no crescimento da economia
Luis Campos e Cunha, Universidade Nova de Lisboa
Com:
Miguel Lebre de Freitas, Universidade de Aveiro
Miguel St. Aubyn, ISEG

10:45 Novos modelos e um novo ambiente de negócios
Fernando Teixeira dos Santos, Presidente da CMVM
Com:
Aníbal Campos, Presidente da Silampos
Luis Nazaré, economista

12:15 Reformas estruturais e ajustamento orçamental em Espanha: o que devemos reter?
Guillermo de La Dehesa, vice-presidente da Goldman Sachs e Presidente do Centre for Economic Policy Research
Com:
João Ferreira do Amaral, ISEG
Rodolfo Lavrador, Banco Simeón (Grupo Caixa Geral de Depósitos)

Terceira sessão
José Mariano Gago, Conselho Coordenador das Novas Fronteiras

14:30 O que explica a diferença de produtividade entre países?
Daron Acemoglu, Massachussets Institute of Technology
Com:
Egas Salgueiro, Universidade de Aveiro
João Cravinho, Deputado

15:15 Como competir na globalização?
Pedro Malan, ex-Ministro das Finanças do Brasil, Presidente do Unibanco
Com:
Correia de Campos, Escola Superior de Saúde Pública de Lisboa
Alberto Castro, FE-UCP-Porto

16:00 Uma agenda de crescimento para Portugal
Manuel Pinho, Conselho Coordenador das Novas Fronteiras
Com:
Rui Guimarães, COTEC-Portugal
Jorge Armindo, Portucel SGPS
Lino Fernandes, Economista
Maria João Rodrigues, Conselho Coordenador das Novas Fronteiras

17:00 Encerramento
José Sócrates, Secretário Geral do Partido Socialista

E com o que é que eles vão brincar agora?

terça-feira, janeiro 11, 2005

Cross-selling

Se uma empresa aproveita um contacto com um consumidor para lhe tentar vender um produto que não o inicialmente procurado isso chama-se cross-selling. Assim, se eu for a um banco fazer um depósito a prazo e me tentarem vender um seguro de vida isso é cross-selling. Se eu for aos Correios enviar uma carta e me tentarem vender um postal de boas festas isso é cross-selling. A empresa tenta aproveitar os seus canais de venda para, a um custo reduzido, fazer com que o cliente lhe compre outros produtos e, desse modo, aumentar a facturação. Já que nos estamos a tornar num blogue didáctico vamos lá a um exemplo real.

Só o logotipo já assusta, não é?



A história começa numa Sexta-feira do mês de Novembro. Chegámos a casa e nenhum dos televisores tinha sinal. Como já era tarde para perguntar aos vizinhos se tinham o mesmo problema, decidimos ligar directamente para a TV Cabo, a empresa mais incompetente e desorganizada do inqualificável grupo PT. Foi-nos dito que não havia registo de outras participações semelhantes naquela área. Como o prédio está em obras, atribuímos o problema a algum erro (mais um!) dos trolhas que nos infernizam a vida.
Mas na manhã seguinte ficámos a suspeitar que a história afinal devia ser outra. O vizinho do lado disse-nos que na tarde anterior tinham estado a instalar TV Cabo em casa dele. Ligámos para a linha de atendimento ao cliente, explicámos o sucedido, e disseram-nos que seria enviado o piquete. Ao fim da tarde apareceu um senhor de mãos a abanar (nem uma chave de fendas levava!) que depois de quase rebentar com uma caixa se foi embora sem resolver o problema. No dia seguinte, também ao fim da tarde, apareceu outro técnico que descobriu e remediou a situação. Um fim-de-semana inteiro enfiado em casa sem TV. E só na Segunda-feira seguinte é que tudo se solucionou convenientemente.
O problema – segurem-se – é que a equipa que instalou o serviço no vizinho do lado na Sexta-feira não esteve com meias medidas: sacou o cabo de nossa casa para a do lado e já está. Assim, limpinho, com a maior das latas.
Passado uns dias chegou a factura da TV Cabo. Segurem-se outra vez: incluía 25 euros de deslocação da equipa. Mais um telefonema para a linha de atendimento ao cliente. Tudo se voltou a resolver.

Mais uns dias e chegou... a factura do telefone. Qual a relação de tudo isto com o cross-selling? As chamadas para a TV Cabo totalizavam 11 euros mais IVA. Toma lá que é para aprenderes!

segunda-feira, janeiro 10, 2005

Creative Commons

Católica e INTELI Adaptam Licenças Creative Commons a Portugal
Por REVOLUÇÃO DIGITAL NOS DIREITOS DE AUTOR
Segunda-feira, 10 de Janeiro de 2005

Por oposição ao "Copyright", que protege todas as produções intelectuais no momento em que surgem, as licenças CC permitem a terceiros recriar obras originais facilitando a difusão de produções criativas, promovendo a utilização do conhecimento e facilitando o processo de inovação.


(...) Foi lançado em 2001, por iniciativa de Lessig, o projecto Creative Commons (CC), que visava abranger um conjunto de bens culturais sob uma licença jurídica que permita a livre circulação e a recriação das obras. O objectivo é expandir a quantidade de obras disponíveis, permitindo criar outras com base em originais. Isso foi feito através do desenvolvimento de licenças que permitem regular o acesso às obras sob condições mais flexíveis, dispensando a necessidade de intermediários. A iniciativa resultou nas licenças CC que permitem proteger os direitos dos autores interessados em distribuir as suas obras livremente, ou restringir apenas em parte o seu uso por terceiros. O objectivo é promover a existência de bens criativos acessíveis a todos. Por oposição ao "Copyright", que protege todas as produções intelectuais no momento em que surgem, as licenças CC permitem aos criadores autorizar de forma simples o uso das suas obras por terceiros, nomeadamente indicando nas "webpages" os termos da licença, evitando as burocracias inerentes às licenças de direitos de autor, dispensando o envolvimento de advogados, ou qualquer contacto entre o autor e o utilizador dessas produções. Existem diversas modalidades de licença, cada uma concedendo direitos e deveres específicos.

(...)

O Gráfico

Classificação dos 3 Grandes:



Que bonito! Parece uma seta!

P.S. É verdade: o Liedson já chegou!!

Calar 20% dos portugueses



Este fim-de-semana foi dita muita coisa acerca das declarações infelizes do Sampaio sobre a alteração do sistema eleitoral por forma a favorecer maiorias. Recomendo uma visita aos comentários de Vital Moreira no Causa Nossa.

A minha contribuição é ilustrar o que pretende Sampaio, recorrendo aos resultados das eleições legislativas de 2002 no círculo eleitoral de Portalegre.

O círculo eleitoral de Portalegre elegia em 2002 três deputados. Dois calharam ao PS, um ao PSD. Acontece que estes dois partidos recolheram apenas 75% dos votos expressos nas urnas. Um quarto dos eleitores do distrito não está, portanto, representado na Assembleia. Este ano o terceiro deputado de Portalegre vai para a Madeira pelo que o resultado final deverá ser um empate 1 a 1 entre PS e PSD. O que aconteceu em Portalegre acontece em muitos dos círculos: Viana, Vila Real, Bragança, Guarda, Castelo Branco, Beja (onde só PS e PCP-PEV elegem deputados) , Faro, Madeira e Açores. Não é este sistema já favorecedor de maiorias?

Resultados das eleições legislativas de 2002 no círculo de Portalegre
PS – 31 002 votos (45,28%) 2 deputados
PSD – 20 954 votos (30,61%) 1 deputados
PCP-PEV 8 492 votos (12,4%) 0 deputados
CDS-PP 4 418 votos (6,45%) 0 deputados
BE 1 072 votos (1,57%) 0 deputados
PCTP-MRPP 764 votos (1,12%) 0 deputados

Os resultados a nível nacional seguem um padrão semelhante ainda que menos pronunciado

Resultados das eleições legislativas de 2002 em Portugal
PSD 40,15% dos votos / 102 deputados (45,13%)
PS 37,84% dos votos / 95 deputados (42,04%)
CDS-PP 8,75% dos votos / 14 deputados (6,2%)
PCP-PEV 6,97% dos votos / 12 deputados (5,31%)
BE 2,75% dos votos / 3 deputados (1,33%)
Outros 1,59% dos votos / 0 deputados

Se incluirmos os valores dos círculos Europa e Fora da Europa as distorções deverão ser ainda maiores. Ou Sampaio não fez bem as contas ou quer calar para aí 20% dos portugueses. Senhor Presidente, não se confunda, os problemas do país são outros.

quinta-feira, janeiro 06, 2005

A Prova

Se necessário fosse provar que este é um blog didáctico, aqui estaria a indesmentivel evidência:

Pesquisando no Google a frase "Como se forma um maremoto", com aspas para obter apenas resultados em que a frase consta tal como formulada, evitando obter lixo, verificamos que o Queimado no Momento é o único resultado da pesquisa (pelo menos no momento em que escrevo este post)! Informação clara e directa ao assunto! Eheheh

P.S. Como é que descobri isto? Porque dizem as estatísticas que houve quem cá viesse parar por esta via!

Taxa Tobin na UE?

terça-feira, janeiro 04, 2005

1755

O maremoto que atingiu alguns países asiáticos tem-nos trazido imagens de horror. Confesso que, sugestionado por essas imagens, destinos paradisíacos como o Le Meridien de Bora Bora me passaram a assustar pela sua fragilidade.



O que tem merecido pouca atenção em Portugal é o maremoto de 1755 (à excepção de um artigo no DN de 28/12/2004). Até à data, era o que mais vítimas tinha provocado na história. A Ana Maria Magalhães e a Isabel Alçada dedicam-lhe algum espaço num dos livros da sua colecção “Viagem no Tempo”. Na ficha informativa final há mesmo uma descrição dos “avisos” que o precedem, como o recuo da água do mar.

Uma busca na net permite descobrir que o terramoto de Lisboa de 1755 teve uma magnitude de 9,0 na escala de Richter. Aconteceu no feriado de Todos os Santos, quando parte dos 250 mil habitantes da cidade lotava igrejas e conventos, facto que tornou ainda mais terrível a extensão do desastre. O choque do terramoto foi seguido pela queda quase imediata de igrejas e conventos lotados de fiéis, além de quase todos os edifícios públicos de Lisboa e mais de um quarto das construções residenciais. O que se manteve de pé não teria destino melhor: havia focos de incêndio por toda parte (ao que consta havia velas acesas por todo o lado por ser feriado religioso), e com tal violência que se estenderam por mais de três dias (também encontrei referência a seis dias), destruindo quase tudo o que ainda restava.

Após o abalo o mar primeiro recuou, deixando seca a orla litoral. Em seguida, avançou de repente, elevando-se "mais de cinquenta pés acima de seu nível normal" e tragando tudo o que encontrava pela frente. Chegou até ao local onde actualmente se encontra o Rossio, haviam passado três horas desde o terramoto. A população que procurara refúgio em espaços abertos como a beira-rio foi surpreendida pela investida do mar. Os maremotos varreram toda a região em torno, provocando grande destruição em praias espanholas e no porto de Cádis, atingindo as áreas costeiras de França e matando 10 mil pessoas no litoral de Marrocos. As ondas chegaram ainda a regiões longínquas como a Gronelândia e as Caraíbas, para não falar da Madeira e dos Açores.

Estima-se que tenham morrido 60.000 pessoas. No próximo 1 de Novembro comemoram-se os 250 anos da esquecidíssima tragédia. A ameaça está negligenciada.

Para saber o que é e como se forma um maremoto clicar aqui.

Para ver a cronologia dos principais maremotos clicar aqui e aqui.

Para ver a relação entre a posição dos planetas no momento do maremoto de 1755 e no do de 26 de dezembro clicar aqui. Os brasileiros não brincam em serviço...

Exercício físico

O que dizer de um sujeito que, impecavelamente equipado, fazia a sua corrida matinal na subida do Viaduto Eng. Duarte Pacheco para o alto de Monsanto?



Trata-se apenas de uma das vias mais movimentadas do país, com uma das maiores inclinações do país.

Desportista incorrigível ou suicida "a modinho"?

segunda-feira, janeiro 03, 2005

Notas de Natal II - Matosinhos

O dia 26 estava solarengo. Convidei o mano e a cunhada para almoçar lá no bairro (Matosinhos-Sul) e depois de uma experiência frustrante (não havia sopa porque o creme de cenoura tinha esturrado e a açorda de marisco sabia a mostarda) fomos dar um passeio a pé pela marginal.

No larguíssimo passeio havia dezenas de putos a brincar com as prendas de Natal. Na sua maioria carrinhos/comboinhos/motinhas/aviõezinhos telecomandados e triciclos eléctricos. Tenho a certeza que se lá for daqui a um mês ou dois vejo a canalha a andar de bicicleta/skate/triciclo/prancha de surf mas ninguém com os brinquedos eléctricos que este Natal fizeram furor. Mandam-nos para o sótão repousar junto do resto da tralha.

Eu não queria armar-me em pedagogo anti-consumista mas confesso que me irrita ver os miúdos receberem tantas prendas que colocam de lado mais depressa que o tempo que Diabo leva a esfregar um olho. A razão é óbvia: para além do marketing e da surpresa inicial a maioria daqueles bonecos não tem piadinha nenhuma. E a ganapada acaba por se aperceber disso.

Também já sei que as crianças portuguesas são as que recebem menos presentes em toda a UE. Mas as que eu conheço e vejo devem ser outlyers ou coisa do género (e elas nem sabem que são esta coisa).

Já que estou numa de divulgação artística aproveito para divulgar a "anémona". A "anémona" é, para mim, a mais bonita peça de arte pública instalada nos últimos anos em Portugal. Da autoria da escultora norte-americana Janet Echelman fica na fronteira entre Porto e Matosinhos. Suportada por três mastros estaiados, o mais alto com 57 metros de altura (!!!), a escultura tem a forma de uma gigantesca rede de pesca. A rede está suspensa num anel tubular em aço com 42 metros de diâmetro (!!!). O custo foi de aproximadamente um milhão de euros. lamento não ter encontrado imagem melhor.



Outras imagens podem ser obtidas aqui, aqui e aqui.

Notas de Natal - 1 Ourense

A melhor ligação viária de Chaves para Viana é através da Galiza. A maior parte do caminho é em auto-estrada SCUT (sem portagens, portanto): a economia regional já sofre q.b. devido à sua situação periférica. Os únicos quilómetros que deixam a desejar são mesmo os que separam Chaves e Viana das respectivas fronteiras (Vila Verde e Valença), tão esburacados que até parece que estamos em Lisboa (não existem, no entanto, os carris dos eléctricos).

A passagem em Ourense serviu de pretexto para visitar uns amigos (eles estão por todo o lado) mas acabou também por permitir conhecer a Ponte do Milénio. A elipse que se vê na imagem e que liga os dois pilares permite o trânsito de peões e aí reside parte do seu encanto: subir aos pilares e desfrutar de uma vista sobre a cidade (mais pelo conceito em si que pela cidade, Ourense não merece um desvio sequer de 500 metros).



Em Ourense existem 5 pontes sobre o Minho. A mais antiga é romana, a mais recente é a do Milénio. Se clicardes aqui ides ter a um sítio com informação sobre todas essas pontes e com várias fotos sobre a do Milénio. Vale a pena o clique.

Um bom 2005

Parece que me cabe a mim abrir o queimado no momento em 2005. Aproveito por isso para desejar um bom ano.

Hão-de seguir-se nos próximos dias as minhas "Notas de Natal". Talvez o JTF lhe acrescente alguns "Comentarios Navideños".