El Lobo
Este fim de ano aproveitei estar em Espanha para ver El Lobo. Este filme conta a história verídica de um jovem basco que, ao tentar evitar que amigos seus, operacionais da ETA, matassem um taxista seu vizinho apenas por não seguir as suas idéias, acabou por se ver preso por suposto envolvimento no atentado e convencido pelos serviços secretos espanhóis a colaborar com eles, infiltrando-se na organização.
El Lobo entrou na organização e rapidamente ascendeu à sua cúpula, tornando-se num dos homens que definiam as acções a executar. Com a sua acção conseguiu protagonizar o mais duro golpe na estrutura da ETA, levando à detenção de 1/4 dos seus operacionais.
Entretanto El Lobo foi abandonado pelos serviços secretos à sua sorte e condenado à morte pela ETA. Ainda hoje El Lobo está vivo e em cada missão da ETA é dada aos operacionais que executam os golpes uma bala extra para usar caso o encontrem.
Tudo isto decorreu nos últimos anos do Franquismo (1973-1975), numa altura em que a ETA tinha duas facções - a que pretendia transformar o movimento num partido político institucional, aproveitando a transição democrática que já se adivinhava, e a que pretendia continuar com a acção armada até à independência. A dado momento do filme (e da História), a segunda facção assume o controlo e a violência intensifica-se. O Estado Espanhol, apesar de, através de El Lobo, conseguir levar a organização a um nível de fragilidade extremo, aparentemente, prefere não dar o golpe de misericórdia, porque vê nela a única hipótese de perpetuar a ditadura instalada e contrariar os ímpetos democratizantes que então se levantavam.
Talvez esse momento tenha sido o único até hoje em que este conflito pôde ter um fim...
O filme é muito bom e recomendo que procurem vê-lo, ainda que tenham que recorrer a meios alternativos caso ele nunca chegue ao circuito cinematográfico nacional (as usual...).
Entretanto, hoje, ao ler o Público, deparei-me com uma notícia que mostra algum optimismo do Governo Espanhol e alguma esperança no regresso ao diálogo, motivada por acontecimentos e acções recentes da ETA e do próprio Batasuna (alguns dos quais já discutidos aqui no Queimado). Será que veremos ainda este ano passos concretos rumo a uma solução política e democrática da questão basca? Espero sinceramente que sim...
A acompanhar.
El Lobo entrou na organização e rapidamente ascendeu à sua cúpula, tornando-se num dos homens que definiam as acções a executar. Com a sua acção conseguiu protagonizar o mais duro golpe na estrutura da ETA, levando à detenção de 1/4 dos seus operacionais.
Entretanto El Lobo foi abandonado pelos serviços secretos à sua sorte e condenado à morte pela ETA. Ainda hoje El Lobo está vivo e em cada missão da ETA é dada aos operacionais que executam os golpes uma bala extra para usar caso o encontrem.
Tudo isto decorreu nos últimos anos do Franquismo (1973-1975), numa altura em que a ETA tinha duas facções - a que pretendia transformar o movimento num partido político institucional, aproveitando a transição democrática que já se adivinhava, e a que pretendia continuar com a acção armada até à independência. A dado momento do filme (e da História), a segunda facção assume o controlo e a violência intensifica-se. O Estado Espanhol, apesar de, através de El Lobo, conseguir levar a organização a um nível de fragilidade extremo, aparentemente, prefere não dar o golpe de misericórdia, porque vê nela a única hipótese de perpetuar a ditadura instalada e contrariar os ímpetos democratizantes que então se levantavam.
Talvez esse momento tenha sido o único até hoje em que este conflito pôde ter um fim...
O filme é muito bom e recomendo que procurem vê-lo, ainda que tenham que recorrer a meios alternativos caso ele nunca chegue ao circuito cinematográfico nacional (as usual...).
Entretanto, hoje, ao ler o Público, deparei-me com uma notícia que mostra algum optimismo do Governo Espanhol e alguma esperança no regresso ao diálogo, motivada por acontecimentos e acções recentes da ETA e do próprio Batasuna (alguns dos quais já discutidos aqui no Queimado). Será que veremos ainda este ano passos concretos rumo a uma solução política e democrática da questão basca? Espero sinceramente que sim...
A acompanhar.
2 Comments:
Não acredito... o centralismo espanhol não abdica!
A acusação do centralismo não é muito justa... dizem os entendidos que o País Basco e a Catalunha têm já mais autonomia que aquela que foi negociada com o IRA e que proporcionou o depôr das armas na Irlanda...
Se é verdade que historicamente as autonomias foram muito prejudicadas a nível cultural, a nível das liberdades, a nível da transformação do seu tecido produtivo, etc., também é verdade que tudo isso ocorreu durante uma ditadura e que a democracia trouxe consigo o reconhecimento das diversas tradições culturais. É verdade também que os nacionalismos existentes em Espanha têm razões culturais válidas para existir, mas também têm algumas questionáveis/condenáveis, como o racismo (sobretudo no País Basco) e a falta de solidariedade económica (sobretudo na Catalunha).
Enfim, como disse no post, não acredito em preto e branco nesta questão, mas sim numa extensíssima palete de cinzentos.
Como nota final, e para sublinhar que não creio que o centralismo espanhol seja o maior problema (existem muitos mais, como monarquia vs. república, quem paga os impostos e quem os recebe, etc.), é de salientar que toda a discussão em torno das autonomias se reacendeu porque o PSOE deu liberdade às várias comunidades para reformular o seu estatuto autonómico e o submeter a discussão e revisão, por considerar que se pode aprofundar a autonomia e melhorar o relacionamento entre as autoridades regionais e nacionais. É daqui que surge o Plano Ibarretxe e é daqui que surgem outros documentos que serão discutidos e consensualizados para serem aprovados e assim definirem um novo marco autonómico em Espanha.
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