quarta-feira, janeiro 26, 2005

LaranJota

A minha passagem por uma Associação de Estudantes no Ensino Superior ensinou-me que as juventudes partidárias são frequentemente usadas por elementos extremamente ambiciosos como meio para atingir os seus objectivos.

É assim que centenas de jovens bem intencionados e com vontade de trabalhar em causas que consideram justas e benéficas para o seu país, entram nestas estruturas e acabam frequentemente desiludidos ou absorvidos e identificados com a meia dúzia que usa o seu esforço e o esforço dos demais para praticar a baixaria e perseguir benefícios pessoais.

Destas minhas experiências, sempre me ficou a ideia que a JSD era a Jota onde estas práticas estavam mais difundidas e onde mais gente perseguia objectivos menos altruístas e se prestava a lamber mais botas para chegar onde queria (posso estar a ser injusto, mas experiências cada um tem as suas...).

O papel reservado aos jotas laranjinhas nesta campanha eleitoral é disto um excelente exemplo - trata-se de puro achincalho político!

É pena que a JSD se preste a fazer o trabalho sujo dos crescidos, em vez de procurar o seu espaço e tentar ser a voz de alguma juventude que nela se revê.

Acredito que boa parte dos seus membros se estejam a sentir usados pelos que controlam a organização. Muitos não se sentirão, pelo menos agora "porque a campanha até é cool e é irreverente e a malta não curte ser sempre os bem comportados porque também sabe ser muita maluca". Pode ser que um dia, ao olhar para trás, se venham a sentir...

Mas a realidade é que os seus dirigentes de inocentes têm pouco: uns lugares prometidos no Parlamento e a perspectiva de encarreirar em definitivo na engrenagem partidária, são argumentos mais que suficientes para os levar a optar pela via dos mais puro acefalismo e a usar a Jota para dizer o que o Partido não pode dizer, porque não é políticamente correcto e poderia perturbar potenciais eleitores mais moderados.

Com este e outros exemplos, o espaço de intervenção política da juventude ao nível partidário parece ser cada vez menor. Quem é que quer desinteressadamente trabalhar num meio assim? Restam os não desinteressados e os muito persistentes, mas a verdade é que o potencial regenerativo destas estruturas, em termos trans-geracionais é, por estes motivos, cada vez menor...

No meio do pessimismo, resta-me a esperança no crescimento do espaço de intervenção não partidário e na capacidade de atracção de outro tipo de organizações, nomeadamente aquelas que trabalham nas áreas sociais, no ambiente e em modelos alternativos de organização e gestão.

É por estas e por outras que vou estar atento ao que se passa aqui.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Por acaso, da minha passagem pelo associativismo juvenil, retive com mais nitidez os comportamentos pouco dignificantes dos meninos da JS: calculistas, divisionistas e tacticistas. De certa maneira, até sai em abono dos próprios: são exímios executantes dos exemplos que vêm de cima.

6:41 da tarde  

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