terça-feira, agosto 31, 2004

Galiza, Galiza!!

Também eu aproveitei um dos dias da minha semaninha de férias para ir à Galiza. Fui passar o dia a Corrubedo (basta fazer uma pesquisa no Google que saem imensas referências), local onde existe um complexo dunar e duas lagoas cheias de bichinhos (atenção que há ataques organizados de melgas ao fim da tarde!!).
As praias são fantásticas, em algumas lagoas a água é quentinha e, para quem gosta, há ondas até mais não. Algumas zonas são vigiadas por bandos de nadadores salvadores mas outras não, convém ter cuidado. Há praias naturistas intercaladas com praias têxteis mas ninguém se parece importar muito com a questão. Se fosse aqui havia de certeza uma fragata mandada pelo Paulo Portas para impor respeitinho. Apesar de ser reserva natural ainda pisei umas bolinhas de piche (do Prestige?).

Aproveito a segunda parte do post para discordar do JTF quanto ao facto de o português ser mais respeitado na Galiza que em Portugal. Para discordar mesmo muito, infelizmente. Falar galego é socialmente desprestigiante, por razões históricas, embora já o tenha sido mais. Acresce que o galego que se fala hoje é substancialmente diferente daquele que se falava há algumas décadas, bastando para isso ouvir falar dois ou três velhotes e dois ou três jovens ou os locutores da TV Galiza. A língua vai-se aproximando deliberadamente do castelhano.

Enquanto que na Catalunha o uso da língua se encontra mais ou menos normalizado (a aceitação e sobretudo a exigência do seu uso em todos os âmbitos é muito forte) na Galiza isso não acontece e nas principais cidades o seu uso é reduzido. Há vários estudos acerca desta questão.

Espero estar enganado... Mas JTF, não confundas uma pequena parte com o todo. Eu dou o meu contributo: na Galiza falo sempre em português e, se não me entendem, apenas falo mais devagar.

PS: Existem, de facto, uma série de cantores e escritores galegos com fortes ligações culturais a Portugal. Eu gosto e leio e ouço a alguns apesar de a sua difusão ser reduzida a sul do Minho.


segunda-feira, agosto 30, 2004

Voltei

O meu cérebro e os seus devaneios regressarão nos próximos dias...

sexta-feira, agosto 20, 2004

O momento

Esta e a minha ultima noite na Galiza. De todas as noites, a que mais me marcou foi a primeira. Na principal praca de Pontevedra decorria um concerto organizado pela Uxia chamado Cantos na Mare. Era um concerto que reunia numa praca quase toda a lusofonia: Galiza, Portugal (Joao Afonso, Zeca Medeiros, Filipa Pais, Maria Joao e Mario Laginha), Angola, Cabo Verde e Brasil, se nao me falha a memoria. As 3 ou 4 centenas de pessoas que assistiam, acompanhavam em coro o Joao Afonso, da mesma forma que acompanhavam a Uxia e cantaram e arrepiaram-se como eu com a fantastica interpretacao do Morte que Mataste Lira, cantado pela Uxia e pelo fabuloso Zeca Medeiros (cantor acoriano que eu nao conhecia e que tem um timbre que parece o Tom Waits). A finalizar, o momento mais incrivel: depois de varios encores, o concerto acabou; nas filas da frente um grupo grande de galegos levantou-se e cantou o Grandola e o Ao passar a ribeirinha... Foi uma impressionante celebracao da lusofonia. Foi o momento em que eu percebi que o Portugues e mais respeitado aqui do que em Portugal. Foi algo que demorei a digerir e me obrigou a pensar. Foi, sem duvida, o momento que mais me marcou. (Nota: escrever sem acentos e sem paragrafos esta-me a dar cabo da cabeca, mas, pelo telemovel, e o melhor que consigo fazer. As minhas desculpas a lingua portuguesa.)

Porque e que os galegos podiam ser portugueses?

1. Porque ambos falamos versoes do galaico-portugues; 2. Porque a melhor banda sonora para cruzar a Galiza de carro, alem da Uxia e das gaitas, sao os Madredeus, o Fausto e a musica tradicional portuguesa; 3. Porque o cafe e melhor do que no resto de Espanha; 4. Porque tambem gostam de buzinar por tudo e por nada; 5. Porque tambem parecem mestres na arte do desenrascanco. Havera certamente mais motivos, mas a verdade e que sao espanhois e galegos. E sao saudavelmente nacionalistas: nao o sao contra Espanha, mas sim porque gostam da sua terra, da sua cultura, da sua lingua, dos seus costumes. Sao galegos e depois espanhois, celtiberos, cidadaos do mundo! E quando ser nacionalista e isto, so pode ser positivo.

Factos poucos cientificos mas muito sentidos

As galegas sao altas (ou ha muitas galegas muito altas). Os galegos sao muito contestatarios (apesar de elegerem sempre o Fraga, ha por toda a parte cartazes de contestacao sobre temas variados - contra a papeleira em Pontevedra; pelo monte e contra o plano rodoviario no sul; pela autodeterminacao em Vigo). Fala-se muito galego (tanto nas cidades, como nas aldeias). Chove muito e muitas vezes. Estou farto de mexilhoes!

quarta-feira, agosto 18, 2004

Ciência Queimada no Momento (finalmente!)

Pois é! Então cá estou eu para falar um pouco sobre curiosidades cientificas…
Um destes dias, durante o almoço, falava-se sobre a lentidão do nosso processo de descoberta espacial. Na minha opinião, a lentidão de que falávamos deve-se sobretudo a dois factores.
Por um lado, com fim da guerra fria, acabou a corrida ao espaço como demonstração de supremacia.
Por outro, a exploração espacial nunca foi, pelo menos até agora e penso que durante mais alguns anos, economicamente viável.
Basicamente, deixou de existir motivação para ir mais além.

Mas mais do que isto, temo que os meios de propulsão pensados para o futuro com base em conhecimentos actuais, nunca não nos permitam sair das imediações do nosso planeta. Na minha opinião, não se adaptam nem à dimensão do universo em que vivemos, nem às limitações físicas da raça humana. Isto porque nenhum deles consegue ultrapassar duas grandes limitações: a velocidade da luz (velocidade limite permitida a um corpo, segundo a relatividade de Einstein) e o limite físico humano para a aceleração (o corpo humano simplesmente não resiste a acelerações elevadas).

A Terra em que vivemos orbita uma estrela que é apenas uma entre vários milhões de estrelas na nossa galáxia. A estrela mais próxima, Próxima de Centauro, está a 4.2 anos-luz da nossa. Isto significa que se viajássemos à velocidade da luz demoraríamos 4.2 anos a lá chegar. Parece quase razoável, mas se pensarmos que existem galáxias a milhões de anos-luz, rapidamente chegamos à conclusão que a esta velocidade não é possível chegar muito longe num período de tempo aceitável.

O limite físico humano para a aceleração implica que qualquer sistema de propulsão que imaginemos, por mais rápido que se mova, tenha que acelerar (e desacelerar) bastante devagar. Mesmo que um dia consigamos ter maneira de nos deslocar a velocidades perto da velocidade da luz, a aceleração teria que ser lenta, de maneira a que o nosso corpo resistisse. Isto aumentaria consideravelmente o tempo de viagem.

Provavelmente, a solução para ambas as limitações passará pelo domínio de uma das mais desconhecidas forças: a gravidade. Mais tarde explicarei porquê.

segunda-feira, agosto 16, 2004

Marisco em saldos

Sitio: O Grove - Rias Baixas, Galiza. Prato para duas pessoas - sapateira, caranguejos, lagostins, mexilhoes, vieiras, carabineiros, berbigoes, ostras e uma garrafa de Ribeiro bem fresquinho. Preco: 36 Euros. Outros comentarios: parem de salivar e de se babar! A inveja e uma coisa muito feia!

sexta-feira, agosto 13, 2004

Posta movel

Sera esta a solucao para ir soltando umas postas durante as ferias? Parece que sim, mas sem acentos...

Deviam ter posto a jogar era os soldados da Gê.Nê.éRre...

Propaganda Olímpica

A selecção olímpica portuguesa de futebol, com o seu feito de ontem, conseguiu entrar na agenda política norte-americana.

No blog do símio George W. pode ler-se:

"Iraq Upsets Portugal in Olympic Soccer
When the Olympics open this week, the newly free Iraqi people will be proudly represented by a 25-member Olympic team. Iraq won its first victory today, with a 4-2 soccer upset of medal contender Portugal in a preliminary match. We'd like to congratulate the world's newest free nation on this stunning victory.

Iraq is competing in the Olympics for the first time since 1988. Under the old regime, Iraqi soccer players were regularly tortured and terrorized by Saddam Hussein's son, Uday. This profile from the Christian Science Monitor gives a good sense of just how far the team has come in such a short time."

Gggggrrrrrr!!!...

Krugman Show

No seu artigo de hoje do New York Times, Paul Krugman, com a fluidez de discurso habitual, disseca e arrasa duas das mais fortes ideias de campanha do símio George W.:

1. A chamada Ownership Society (ou seja, a sociedade de quem possui o que quer que seja);

2. A privatização da Segurança Social.

Como ambos os temas são bastante actuais e parecem estar na agenda também do nosso Governo (ou melhor, do Governo do Santana), e sendo o Krugman um tipo insuspeito de ser vermelho e coisas do género (o que é importante para algumas pessoas com alergia ao quadrante em causa), acho que vale a pena ler o artigo e reter alguns argumentos.

No primeiro tema, o símio proferiu a seguinte pérola:

"I understand if you own something, you have a vital stake in the future of America.".

Argumenta Krugman que, por ingénuo que pareça, ele acredita que todos os americanos, independentemente daquilo que possuam têm um papel vital no futuro do país (afirmação por muitos considerada altamente vermelha!). E, claro, desmascara o slogan populista mostrando o que a medida significa realmente:

"But there's a political imperative behind the "ownership society" theme: the need to provide pseudopopulist cover to policies that are, in reality, highly elitist.

The Bush tax cuts have, of course, heavily favored the very, very well off. But they have also, more specifically, favored unearned income over earned income - or, if you prefer, investment returns over wages. Last year Daniel Altman pointed out in The New York Times that Mr. Bush's proposals, if fully adopted, "could eliminate almost all taxes on investment income and wealth for almost all Americans." Mr. Bush hasn't yet gotten all he wants, but he has taken a large step toward a system in which only labor income is taxed."

Claro que a única forma de legitimar socialmente políticas conducentes a uma distribuição mais desigual da riqueza é vender a ideia de que toda a gente pode chegar a ser um dos 1% mais ricos e é simplesmente isso que a "Ownership Society" significa. O problema é que por mais nobre que seja o objectivo, ele é impossível de atingir por 99% da população, logo não é socialmente justo esquecer a maioria e agravar as suas condições para satisfazer 1%.

A realidade actual está também demonstrada e quantificada no artigo:

"Right now, the ownership of stocks and bonds is highly concentrated. Conservatives like to point out that a majority of American families now own stock, but that's a misleading statistic because most of those "investors" have only a small stake in the market. The Congressional Budget Office estimates that more than half of corporate profits ultimately accrue to the wealthiest 1 percent of taxpayers, while only about 8 percent go to the bottom 60 percent."

Mas mais interessante para nós, portugueses, é a discussão em torno do segundo ponto, o da privatização da Segurança Social. Krugman relembra que este tema já é antigo e que já em 2000 Bush tinha o tema na agenda, mas que não fez nada para o concretizar. Porquê? A resposta de Krugman é clara e taxativa:

"And there was a reason the idea went nowhere: it didn't make sense."

Mas não se fica por aqui. Define Segurança Social - "Social Security is, basically, a system in which each generation pays for the previous generation's retirement." - e explica porque é que a sua privatização é errada:

"If the payroll taxes of younger workers are diverted into private accounts, there will be a gaping financial hole: who will pay benefits to older Americans, who have spent their working lives paying into the current system? Unless you have a way to fill that multitrillion-dollar hole, privatization is an empty slogan, not a real proposal. In 2001, Mr. Bush's handpicked commission on Social Security was unable to agree on a plan to create private accounts because there was no way to make the arithmetic work. Undaunted, this year the Bush campaign once again insists that privatization will lead to a "permanently strengthened Social Security system, without changing benefits for those now in or near retirement, and without raising payroll taxes on workers." In other words, 2 - 1 = 4."

Para terminar aponta o dedo aos media por terem deixado passar (lá como, em certa medida, cá) a ideia de que retirar dinheiro do sistema significa viabilizá-lo:

"Four years ago, Mr. Bush got a free pass from the press on his Social Security "plan," either because reporters didn't understand the arithmetic, or because they assumed that after the election he would come up with a plan that actually added up. Will the same thing happen again? Let's hope not."

E aí está: sem qualquer assombro, um dos mais respeitados economistas da actualidade, desmonta dois dos maiores mitos do actual pensamento ocidental dominante. Dois pensamentos que ameaçam tornar-se dogmas, dado que cada vez que alguém os contesta é acusado de burocrata, nacionalizador, castrador da iniciativa privada e, claro, vermelho!

Obrigado, Krugman!

quinta-feira, agosto 12, 2004

My America: Letters to Americans

Só um segundo para relembrar a série de artigos que recomendei há duas semanas. A semana passada esqueci-me de fazer referência.

O da semana passada foi:

The right to be different
Does America need friends? In the second of a new series in which original voices from around the world exchange letters with Americans, Will Hutton, British author of A Declaration of Interdependence: why America should join the world, writes to the anti-tax, small-government crusader Grover Norquist.

E o desta semana:

America’s two faces in Somalia
Is America its own biggest enemy? In the third of a series in which original voices from around the world exchange letters with Americans, Harun Hassan, whose life was transformed by American intervention in Somalia, writes to Michael Maren, a journalist he befriended there.

Boas leituras!

Ciência Queimada no Momento

Caros leitores,

Após uma hora de almoço intensamente científica senti, uma vez mais, que a ciência em Portugal carece de estímulos e de espaços de divulgação.

Assim, e como eu próprio sou totalmente ignorante nessa área (apesar do prazer com que oiço explicações sobre temas tão variados como as marés, o espaço-tempo e outros conceitos do género), decidi convidar um apaixonado por essas matérias para co-autor deste blog - o JM.

Passaremos assim a ter posts mais ou menos regulares sobre ciência e sobre curiosidades científicas, que esperamos sejam do agrado de todos e que gerem discussões interessantes.

Mais novidades chegarão em breve (quiçá ainda hoje...).

P.S.: O Miguel não sabia disto, mas fica a saber ao mesmo tempo que o resto do pessoal! Acho que com esta decisão não colegial acabo de me deslocar no Political Compass da área dos Libertários para a dos Autoritários! Mas eu depois recupero... :D

Coitadinhos...

quarta-feira, agosto 11, 2004

O valor da História no trabalho de Prospecção

Se há coisa que é geralmente aceite acerca do valor de estudar a História é que a partir dela podemos colher ensinamentos para o futuro.

Esses ensinamentos podem ser usados de várias maneiras, nomeadamente para corrigir erros ou para melhorar o que de bem se fez. Outras duas hipóteses frequentemente verificadas são ignorar a História ou optar por incorrer deliberadamente nos mesmos erros, apesar dos sinais em contrário.

Os factos revelados na notícia que acabo de ler parecem englobar-se numa destas duas últimas hipóteses (pelo menos eu quero pensar que eles não acham que isto seja uma das duas primeiras hipóteses...):

O Pentágono pediu ao Congresso dos EUA o desbloqueamento de um fundo de 500 milhões de dólares para armar uma rede de "milícias amigas" em todo o mundo, com o objectivo de repelir as forças consideradas inimigas.

Depois dos investimentos feitos nas décadas de 60, 70, 80 e 90 em alguns dos personagens mais afáveis da História (como Pinochet, Noriega, Bin Laden, os Talibans ou Saddam Hussein), desta vez vão avançar para o apoio massivo a milícias de todo o mundo!

No passado os investimentos eram mais focalizados em grupos específicos, com áreas de acção bem delimitadas. Hoje, talvez condicionados pelo fenómeno da globalização, preferem generalizar os apoios a todas as "milícias amigas", de forma a garantir que surgirão nas próximas décadas personagens tão ou mais marcantes como os que surgiram nas décadas anteriores.

Os critérios de atribuição destas ajudas não foram divulgados, nem foram ainda indicadas quais as forças ou as zonas geográficas que serão privilegiadas. No entanto, uma coisa é certa: mais tarde ou mais cedo essas milícias passarão de amigas a inimigas e outras serão armadas para as combater (ver ex. Taliban - Aliança do Norte ou o conflito Irão - Iraque).

Entretanto, as empresas de armamento norte-americanas já devem ter interrompido as férias de Verão para refazer os planos de negócio e replanear a produção...

Novo director para a CIA

O presidente norte-americano, George W. Bush, anunciou hoje a nomeação de Porter Goss, um parlamentar republicano da Florida, como director da central de informações norte-americana

No artigo pode-se ler que o novo director da CIA já lá trabalhou entre 1962 e 1971. Foram anos brilhantes - entrou no ano a seguir à invasão falhada da Baía dos Porcos e saiu um ano depois de não terem conseguido impedir a eleição de Salvador Allende. Ou seja, esteve na Agência durante os anos mais sujos da sua existência e em que se verificaram os mais estrondosos falhanços!

Outro factor importante é ser um Republicano da Florida - será amigo do mano Jeb, ou será alguém a quem deviam alguma recompensa pela trapalhada nas eleições de 2000, que levou à eleição do símio?

terça-feira, agosto 10, 2004

Glossário

Ando para aqui com umas dúvidas e necessitava da vossa ajuda, sobretudo agora que vejo que o JTF é tão bom na busca de definições.

Um tipo que come um rapazinho de 13 anos é um pedófilo.

Um que come uma menina de 5 é um abusador sexual.

Já todos sabemos que é MUITÍSSIMO mais grave a primeira situação que a segunda porque na verdade o que interessa não é o abuso e a imposição de uma das partes sobre a outra, mais fraca física e emocionalmente, mas a imoralidade do acto.

Mas alguém me sabe dizer como é que os meios de comunicação portugueses, geralmente tão trapalhões no que à manipulação de conceitos diz respeito, acordaram chegar a esta distinção?

Será que ser do PS também tem alguma coisa a ver com a classificação pedófilo?

Definição de Genocídio

Convention on the Prevention and Punishment of the Crime of Genocide:

Article 1

The Contracting Parties confirm that genocide, whether committed in time of peace or in time of war, is a crime under international law which they undertake to prevent and to punish.

Article 2

In the present Convention, genocide means any of the following acts committed with intent to destroy, in whole or in part, a national, ethnical, racial or religious group, as such:
(a) Killing members of the group;
(b) Causing serious bodily or mental harm to members of the group;
(c) Deliberately inflicting on the group conditions of life calculated to bring about its physical destruction in whole or in part;
(d) Imposing measures intended to prevent births within the group;
(e) Forcibly transferring children of the group to another group.

segunda-feira, agosto 09, 2004

Ah bom! Então não há crise!...

Vote 4 Change Tour

Um conjunto variado de músicos norte americanos, que inclui, entre outros, Bruce Springsteen, Pearl Jam, R.E.M., Dave Matthews Band e Ben Harper, juntou-se para uma digressão pelos Estados onde se espera que a votação nas eleições presidenciais seja mais renhida, com o intuito de tirar o George W. do Governo e apoiar a dupla Kerry/Edwards.

A declaração dos artistas pode ser lida aqui.

Muito interessante e coerente é a opinião expressa por Bruce Springsteen no New York Times, num artigo chamado Chords for Change. Merece ser lido, pelas interrogações que levanta e pela determinação que demonstra.

Eu sabia que este homem um dia me daria uma grande alegria!

sexta-feira, agosto 06, 2004

Acções da Renova a pique

A cotação das acções da Renova no mercado de capitais de Lisboa caiu hoje a pique após Miguel Pinto ter calculado em mais de 150 os rolos de papel higiénico e em 15 os rolos de papel de cozinha que possui em casa. Os analistas estimam que a procura dos produtos da Renova no mercado interno deverá abrandar sensivelmente até, pelo menos!, à próxima Páscoa.

O Preço do Petróleo

Adeus petróleo barato - E se o aumento dos preços do petróleo tem mais de estrutural do que de conjuntural?
por Paulo Ferreira, em www.negocios.pt


É inexplicável como se consegue escrever um artigo em que a hipótese (no lead paragraph) é interessante e depois se destrói tudo!

Nas últimas décadas, os principais produtores de petróleo não fizeram os investimentos necessários para renovar e aumentar a capacidade de extracção do produto. E o mundo não parou de aumentar a procura.

Como é que é possível dizer que o problema dos preços é que do lado da oferta não se prepararam para o crescimento da procura?

As reservas de petróleo são escassas e não renováveis! A solução, obviamente, não passa por extrair mais depressa. Só pode passar pela aposta em energias alternativas e renováveis. E já agora, que sejam limpas e que permitam seguir políticas de desenvolvimento harmónico com o ambiente!

Desabafei...

Porque nem tudo são más notícias

Há que saber reconhecer também as boas medidas:

"Fim do braço-de-ferro na TAP com saída de Cardoso e Cunha
A saída de António Cardoso e Cunha da transportadora portuguesa, agora anunciada pelo Governo, põe fim a um «braço-de-ferro» com o administrador-delegado Fernando Pinto que dura praticamente desde que o ex-comissário europeu foi nomeado, há quase dois anos"


Desta vez parece que ganhou o gestor competente cuja prioridade é a recuperação da empresa, em vez do político incompetente que queria abandonar a recuperação e preparar a empresa para a privatização a todo o custo...

Pena é que o processo de privatização pareça que vai continuar...

Não é que eu seja contra as privatizações... o que eu sou é contra a privatização indiscriminada do Sector Público e Administrativo sem critérios claros. Alguém sabe quais são os sectores em que Portugal considera ser estratégico ter presença pública e quais são aqueles onde essa presença não é considerada necessária? Esse debate existiu?

A posição oficial hoje é privatizar primeiro e fazer perguntas depois; fazer face ao curto prazo, sem pensar no médio.

Ou seja, é o pensamento táctico a sobrepôr-se ao pensamento estratégico.

Claro que no curto prazo, qualquer destas medidas é facilmente sustentável. E no médio? No médio tudo pode acontecer.

Neste caso concreto, a haver privatização na TAP, o que pode acontecer no médio prazo pode passar, por exemplo, pelo desaparecimento de ligações aéreas a países historicamente ligados a nós, mas que tenham uma rentabilidade aquém do definido pela gestão da empresa. Ou então não... pode continuar tudo no bom caminho, como aparentemente agora se encontra. E este é o grande problema! Pode correr bem, pode correr mal, mas o que seguramente acontecerá é que Portugal, enquanto país, deixará de ter qualquer ascendente sobre este e outro tipo de decisões. Se correr bem ficamos contentes, se não correr bem, podemos ficar sem ligações aéreas ao mundo.

(Obviamente que esta situação é uma situação limite e altamente improvável, mas, em meu entender, a melhor forma de explicar conceitos é ilustrá-los com casos extremos.)

Então e no longo prazo? No longo prazo, como disse John Maynard Keynes, estamos todos mortos!

quinta-feira, agosto 05, 2004

É assim que eles começam!

Berlusconi volta a apresentar-se às eleições de 2006.

Para além disso, Berlusconi já anunciou que a coligação de centro-direita não necessita de umas "primárias" para eleger o candidato às eleições legislativas de 2006, uma vez que ele próprio conta apresentar-se.

"Não necessitamos de umas primárias para eleger o candidato. É inútil. Ninguém duvide que o candidato à eleições de 2006 serei eu, o doutor Silvio Berlusconi"


O próximo passo deve ser cancelar as eleições: se ele se apresenta, não vale a pena o pessoal andar com fantasias a achar que ele não vai ganhar!... E ainda poupa um monte de dinheiro ao erário público, que isto de fazer eleições ainda é caro! De qualquer das formas, como diz o nosso Primeiro Ministro, as eleições são uma chatice... Um monte de cartazes nas ruas a maçar as pessoas enquanto levam os filhos ao Colégio!... Que horror!

Se alguém falar com o tio Alberto João nos próximos dias, apresentem-lhe a sugestão!

P.S. Gosto especialmente da forma como ele fala de si próprio: eu, o doutor Silvio Berlusconi

quarta-feira, agosto 04, 2004

Portugal 2020

O Plano Estratégico Nacional de Combate aos Fogos a que tive acesso, é extremamente detalhado e preciso, ao contrário do que é costume em documentos portugueses. Tem inclusive fotos do modelo de paisagem a que se pretende chegar em pouco mais de uma década:



Terrenos sem fauna ou flora de qualquer espécie (à excepção de alguns ratos e baratas, espécies protegidas pelos ecologistas financeiros ocidentais) para permitir às cidades serem mais flexíveis e eficientes no seu processo natural de crescimento e aglutinação da envolvente.

Pretende-se com estas medidas dotar o país de capacidades ambientais que lhe permitam ser um dos principais pólos internacionais de investimento em áreas de ponta como a indústria nuclear e o tratamento de lixos perigosos.

Estima-se ainda neste estudo que o preço do barril de ar puro não ultrapasse o triplo dos barris de crude, o que permitirá que o salário mínimo dê para respirar 2 semanas.

Nota 1: Foto retirada de uma genial curta metragem dos Monty Python chamada The Crimson Permanent Assurance.
Nota 2: Obviamente, todo o texto é ficção pura, incluindo o Plano Estratégico Nacional de Combate aos Fogos, que eu nem sei se existe. Aliás... espero mesmo que não exista! Pelo menos, se não existir, a catástrofe em que vivemos tem explicação. Se existe e deu nisto é deplorável!

terça-feira, agosto 03, 2004

Onde estão as Tágides?

Hoje nada me inspira, nada me indigna, nada me faz escrever!

Já tentei de tudo!

Num momento de maior desespero, cheguei mesmo a ir ao Diário Digital ler a coluna do Luís Delgado, mas nem isso funcionou!

Terão os temas e as indignações aproveitado os saldos das estadias no Algarve para se porem daqui para fora?

Talvez lá mais pela fresca isto me passe...

segunda-feira, agosto 02, 2004

Harry Portas

Já fui ver o Harry Portas. Gostei muito do filme, só aquela cena da viagem no tempo é que tira alguma verosimilhança à narrativa (e atenção que quando digo alguma é porque estou a ser condescendente). Se os bons podem viajar no tempo por que é que o Malfoy ou os outros maus não hão-de poder?

Uma das coisas mais engraçadas do filme é que os actores / as personagens estão a entrar na adolescência. 13 aninhos já dá para a Hermione, por exemplo, ter uns rebentos no sítio das mamas. As roupas são diferentes, os olhares também. São as hormonas!

O grande problema é que o Harry Portas vem de uma família muito heterogénea e nunca se sabe o que pode sair dali. Veja-se o caso dos primos, os Potter. Se sair como o Miguel Potter, o eurodeputado, até se safa. Se for como a parvalhona da Catarina Potter, estamos mal. E se lhe der para descambar como o Paulo Potter, um verdadeiro dementor que ainda por cima é Ministro de Estado, da Defesa, ... e dos Algarves é que estamos feitos ao bife.

Enfim, vamos esperar pelo quarto filme que já está a ser rodado.

Números que sustentam os factos

Evidências do fracasso da política educativa em Portugal:

População com ensinos secundário ou superior inalterada entre 1992 e 2001
Lusa


Portugal foi o único país da União Europeia a 15 onde a percentagem da população com ensinos secundário ou superior se manteve sem evoluções entre 1992 e 2001, com uma taxa de 20 por cento, segundo um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

Nas Perspectivas Económicas para a Zona Euro, a OCDE indica que Portugal manteve o último lugar no indicador sobre os ensinos secundário e superior, reforçando o seu atraso, enquanto a Irlanda foi o país que mais progrediu.

A Espanha, em penúltimo lugar neste indicador, tinha em 2001 cerca de 40 por cento da sua população com ensino secundário ou superior, enquanto em Itália a percentagem era de 43 por cento, segundo os números da OCDE.

Salta à vista a diferença entre Portugal e Espanha, mesmo neste indicador em que Espanha é o penúltimo classificado!

Exames Nacionais

Médias dos exames nacionais de Física e Matemática ficaram aquém dos 7 valores

Quanto à disciplina de Português, avaliada através de duas provas (uma para os estudantes de humanidades, outra para os restantes agrupamentos), as médias também ficam aquém dos 10 valores (respectivamente, 9,7 e 9).

Este é um fenómeno que nunca entendi. Será que é tudo burro? Ou será que todo o sistema educativo português vive em permanente desarticulação?

Inclino-me a acreditar na segunda hipótese. Aliás, para a sustentar, todos temos presentes na memória os vários abalos sofridos, com maior ou menor intensidade, cada vez que mudávamos de ciclo educativo. Em vez de termos um sistema baseado na evolução e na aprendizagem progressiva, temos o sistema do solavanco. E as reformas educativas sucedem-se alegramente. Cada Ministro que entra tem o seu projecto, mais ou menos global, e descarta o modelo anterior. E a malta lá vai sobrevivendo, fazendo o seu tumultuoso percurso através das várias variantes de sistema que vão surgindo...

Será que nem as evidências recentes de que a educação é hoje o maior fracasso do Portugal pós-revolução (como a falta de médicos e enfermeiros, o nível de analfabetismo funcional, etc.) conseguem trazer o tema para o grupo das verdadeiras prioridades nacionais?

Creio que não... basta ver que as prioridades do novo elenco governativo nesta área são o incremento do papel das instituições privadas no sistema de ensino (tema recorrente), a revisão do estatuto da carreira docente (anunciada em todos os programas de Governo dos último 10 anos - no mínimo...) e a revisão da Lei da Autonomia Universitária (que também está sempre no programa e que afecta apenas o último degrau do sistema).

Quer isto dizer: nada de novo! Continua o enfoque no lado da gestão do sistema e mantém-se a total desatenção aos verdadeiros temas, relacionados com os métodos de ensino, as temáticas, as condições pedagógicas, etc.

Espero que quando tentarmos emendar a mão ainda seja a tempo. Mas já acreditei muito mais nisso...