Galiza, Galiza!!
Também eu aproveitei um dos dias da minha semaninha de férias para ir à Galiza. Fui passar o dia a Corrubedo (basta fazer uma pesquisa no Google que saem imensas referências), local onde existe um complexo dunar e duas lagoas cheias de bichinhos (atenção que há ataques organizados de melgas ao fim da tarde!!).
As praias são fantásticas, em algumas lagoas a água é quentinha e, para quem gosta, há ondas até mais não. Algumas zonas são vigiadas por bandos de nadadores salvadores mas outras não, convém ter cuidado. Há praias naturistas intercaladas com praias têxteis mas ninguém se parece importar muito com a questão. Se fosse aqui havia de certeza uma fragata mandada pelo Paulo Portas para impor respeitinho. Apesar de ser reserva natural ainda pisei umas bolinhas de piche (do Prestige?).
Aproveito a segunda parte do post para discordar do JTF quanto ao facto de o português ser mais respeitado na Galiza que em Portugal. Para discordar mesmo muito, infelizmente. Falar galego é socialmente desprestigiante, por razões históricas, embora já o tenha sido mais. Acresce que o galego que se fala hoje é substancialmente diferente daquele que se falava há algumas décadas, bastando para isso ouvir falar dois ou três velhotes e dois ou três jovens ou os locutores da TV Galiza. A língua vai-se aproximando deliberadamente do castelhano.
Enquanto que na Catalunha o uso da língua se encontra mais ou menos normalizado (a aceitação e sobretudo a exigência do seu uso em todos os âmbitos é muito forte) na Galiza isso não acontece e nas principais cidades o seu uso é reduzido. Há vários estudos acerca desta questão.
Espero estar enganado... Mas JTF, não confundas uma pequena parte com o todo. Eu dou o meu contributo: na Galiza falo sempre em português e, se não me entendem, apenas falo mais devagar.
PS: Existem, de facto, uma série de cantores e escritores galegos com fortes ligações culturais a Portugal. Eu gosto e leio e ouço a alguns apesar de a sua difusão ser reduzida a sul do Minho.
As praias são fantásticas, em algumas lagoas a água é quentinha e, para quem gosta, há ondas até mais não. Algumas zonas são vigiadas por bandos de nadadores salvadores mas outras não, convém ter cuidado. Há praias naturistas intercaladas com praias têxteis mas ninguém se parece importar muito com a questão. Se fosse aqui havia de certeza uma fragata mandada pelo Paulo Portas para impor respeitinho. Apesar de ser reserva natural ainda pisei umas bolinhas de piche (do Prestige?).
Aproveito a segunda parte do post para discordar do JTF quanto ao facto de o português ser mais respeitado na Galiza que em Portugal. Para discordar mesmo muito, infelizmente. Falar galego é socialmente desprestigiante, por razões históricas, embora já o tenha sido mais. Acresce que o galego que se fala hoje é substancialmente diferente daquele que se falava há algumas décadas, bastando para isso ouvir falar dois ou três velhotes e dois ou três jovens ou os locutores da TV Galiza. A língua vai-se aproximando deliberadamente do castelhano.
Enquanto que na Catalunha o uso da língua se encontra mais ou menos normalizado (a aceitação e sobretudo a exigência do seu uso em todos os âmbitos é muito forte) na Galiza isso não acontece e nas principais cidades o seu uso é reduzido. Há vários estudos acerca desta questão.
Espero estar enganado... Mas JTF, não confundas uma pequena parte com o todo. Eu dou o meu contributo: na Galiza falo sempre em português e, se não me entendem, apenas falo mais devagar.
PS: Existem, de facto, uma série de cantores e escritores galegos com fortes ligações culturais a Portugal. Eu gosto e leio e ouço a alguns apesar de a sua difusão ser reduzida a sul do Minho.
2 Comments:
Caríssimo,
Welcome back!
Neste caso, acho que mais que concordar ou discordar, trata-se sobretudo da experiência de cada um.
O que eu esperava quando fui para a Galiza era ouvir pouco Galego e ouvi-lo sobretudo nas aldeias e não nas cidades.
O que eu vi e ouvi na Galiza foi o uso muito mais generalizado do que eu esperava do Galego e ouvi mais Galego nos centros urbanos (Pontevedra e Santiago) do que nas aldeias.
A minha interpretação disto (pouco sustentada, é certo) é que o uso do Galego na actualidade é feito predominantemente por dois tipos de grupos: os mais velhos e mais rurais e os jovens urbanos de um sector mais intelectual/académico.
Os dois grupos têm motivações diferentes para o fazer, mas a realidade é que enquanto o uso do Galego se resumia ao primeiro grupo, a língua estava condenada ao fracasso, mas hoje, com o interesse do segundo grupo, a língua é cada vez mais falada e os preconceitos vão-se perdendo. Até porque quem for à Galiza, rapidamente perceberá que estes dois grupos representam uma percentagem muito alta da população - na Galiza não há grandes centros urbanos (o maior é Vigo, com 300 mil pessoas) e mesmo cidades com alguma dimensão (como Pontevedra) parecem aldeias que creceram muito. Já Santiago é, basicamente, uma cidade de peregrinos e estudantes. Ou seja, estes dois grupos são quase a Galiza!
Não posso fazer comparações com a realidade catalã, porque não a conheço, mas imagino que na Catalunha o uso da língua seja muito mais generalizado. No entanto, se calhar, peca por excesso... Os relatos de castelhano-falantes que não conseguem dialogar com ninguém na Catalunha porque o pessoal se recusa a falar Castelhano com eles abundam. Já os Galegos falam contigo em Galego ou em Castelhano sem qualquer tipo de preconceito, já que o importante é que ambos consigam comunicar. Aliás, segundo me dizem, os Bascos também se comportam como os Galegos. Mas não quero entrar muito por aqui porque não conheço nem o País Basco nem a Catalunha.
Voltando ao Galego, a realidade é que (segundo me disse um Galego que conheci) 80% dos habitantes da Galiza usam o Galego com regularidade.
Outro facto é que, como dizes, o Galego que se ouve na TVGaliza não tem nada a ver com o Galego de rua - é de facto muito castelhanizado. Também é verdade que o Galego de rua não é uniforme e que é mais parecido com o Português nuns sítios que noutros.
Durante muito anos houve um Galego (Franco) que não deixou os seus paisanos falar na sua língua. Mas hoje o processo de recuperação está em marcha. E mais vale tarde que nunca.
No entanto, mantenho a minha ideia inicial: muitos Galegos falam Galego no dia-a-dia.
P.S.: A questão do orgulho na língua, obviamente, está mais circunscrita a grupos de intelectuais (provavelmente nacionalistas ou pró-Portugal), mas cá é mais fácil encontrar grupos de pessoal com vergonha de ouvir música em português do que pessoal com vontade de celebrar a lusofonia.
Abraço.
encontrei este blog por acaso e gostava de deixar a minha ideia, já que conheço bem a Galiza. A minha experiência diz-me que estou a meio entre as opiniões do autor do texto e do JTF. Em termos gerais é nas vilas e aldeias onde se fala mais o galego como língua mãe, embora em alguma cidades se use mais que outras. Em vigo usa-se praticamente só o castelhano. É raro ouvir galego e inclusivamente vê-se escrito em algumas lojas "La coruña" e não "A coruña" como oficialmente é o nome. Claro que nas instituições oficiais aí está tudo em galego, mas tb era melhor... Mas por exemplo em Santiago fala-se mais galego, muito mais que em vigo. ouve-se galego na rua, talvez por ser uma cidade mais intelectual e estudantil e mais histórica. De resto em cidades pequenas e vilas aí ouve-se muito o galego.
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