terça-feira, outubro 12, 2004

Obrigado Europa!

Lembro-me de há dois anos, quando vivia em Paris, ter tido uma conversa sobre a União Europeia com o meu chefe franciú. O homem queixava-se de que a União Europeia estabelecia critérios mínimos muito abaixo daqueles a que França estava habituada e parecia-lhe ver um retrocesso em muitos domínios, nomeadamente os sociais. Eu comentei que no caso português era precisamente o contrário. Graças à União Europeia (às imposições da União Europeia) o país tinha-se visto obrigado a adoptar legislação mais avançada que a existente em várias áreas. Coisas que aqui eram consideradas "de esquerda", "progressistas" ou mesmo "anti-económicas" eram para os outros países o mínimo a que estavam dispostos a descer.

Hoje o Público traz uma boa notícia para todos nós, cidadãos da União Europeia. Afinal vale a pena ir votar nas Europeias...


Italiano indigitado fez declarações controversas sobre homossexuais e família
UE: comissão rejeita nomeação de Buttiglione para pasta da Justiça

Reuters,
PUBLICO.PT

A Comissão de Liberdades Cívicas do Parlamento Europeu rejeitou hoje a nomeação do italiano Rocco Buttiglione como comissário da Justiça, Liberdade e Segurança da futura Comissão Europeia, presidida por Durão Barroso. O responsável indigitado proferiu recentemente declarações controversas sobre homossexuais e família.“A rejeição... significa a recusa da nomeação do senhor Buttiglione”, afirmou o deputado liberal francês Jean-Louis Bourlanges, depois da votação negativa da figura mais controversa da equipa escolhida por Durão Barroso para a futura Comissão Europeia.Rocco Buttiglione, actual ministro italiano para os Assuntos Europeus, do Governo chefiado por Sílvio Berlusconi, dividiu na semana passada a comissão, que rejeitou hoje a sua nomeação, quando considerou perante esta a homossexualidade como "um pecado" e defendeu que a família "existe para permitir à mulher ter crianças e ser protegida pelo marido".As suas posições causaram na altura incómodo entre os membros da comissão encarregada de avaliar a sua candidatura. E o presidente do Parlamento Europeu, o espanhol Josep Borrel, classificou as suas declarações como “chocantes”.Na altura, os eurodeputados do Partido Socialista Europeu também se manifestaram contra as afirmações do comissário italiano indigitado para a Justiça, classificando-as como “abaixo dos padrões europeus dos direitos das mulheres, homossexuais e leis da discriminação".

2 Comments:

Blogger molin said...

Mas creio bem que esta "nega" coloque um problema muito mais grave. É que, segundo li (mas já não me lembro muito bem onde), a aprovação da Comissão é feita em bloco e não individualmente, por cada comissário. Isto é: se não é aceite o substituto do nosso António Vitorino, então a Comissão vai toda para trás e tentar resolver o problema.
Pelo menos, acho que é essa "praxis".
Bom, na toeria, é claro. Na verdade, a equipa vem chumbada, mas sabe-se sempre quem foi a ovelha negra que tresmalhou o rebanho. Sinceramente, o Berlusconi estava a pedi-las depois de apontar uma figura destas como legítimo representante italiano. O que se poderia esperar do biografo e amigo íntimo de João Paulo II?

Aliás, como se costuma dizer, se não fosse do cú, seria das calças. No mesmo artigo que li, a holandesa escolhida para a pasta da Concorrência também não colhia muitas simpatias pela Europa. Conhecida por ter colaborado com os maiores fabricantes de automóveis europeus (mais prolongada e vincadamente com a sueca Volvo), começou-se a torcer o nariz quanto ao seu possível desempenho em tão delicado pelouro.

Afinal, o ranhoso foi mesmo o italiano que despistou-se na abordagem à questão dos homossexuais.

Lá vai o José Manuel Barroso ter de puxar mais pela mioleira e pensar quem será o senhor ou a senhora que se segue...

5:57 da tarde  
Blogger Miguel Pinto said...

Pois,

Também não conheço o esquema de eleição (individual ou em bloco) mas parece-me um bom sinal. Para bizarrias já basta a Madeira...

6:20 da tarde  

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