Esclarecimentos públicos
Estamos pouco habituados em Portugal a que se envolvam os cidadãos nos processos de tomada de decisão. Também não é costume os nossos governantes virem explicar aos eleitores as razões que fundamentam as suas opções.
O actual governo é pouco pródigo no envolvimento dos cidadãos nos processos que conduz mas ontem fez um notável exercício de esclarecimento público relativamente à construção do novo aeroporto de Lisboa. Num momento em que estávamos a ficar surdos pela histeria dos do contra, dos do bota-abaixo, dos velhos do restelo e de outros contestatários e membros da oposição que falavam sem conhecimento de causa, esta acção do governo serviu, pelo menos, para subir um pouco o nível da discussão. Em www.naer.pt estão disponíveis diversos estudos e uma página com perguntas frequentes.
Sem querer tomar qualquer partido, até pelo facto de se tratar de uma questão muito técnica, aguardo agora estudos, argumentos e sobretudo propostas com maior seriedade por parte daqueles que se opõem à localização do novo projecto (ou mesmo ao projecto em si).
Uma atitude política louvável. Espero que não seja filha única.
3 Comments:
A propósito da apresentação da Ota na Gare Marítima de Alcântara:
"Quanto à população anónima que pudesse acorrer a Alcântara para debater as dúvidas e ficar sem incertezas sobre o futuro aeroporto, não se viu por ali ninguém - até porque na sessão só se entrava por convite".
Inês Sequeira, in Publico de 23 de Novembro de 2005
Apesar dos elementos disponibilizados na internet, fará sentido restringir a entrada na apresentação do estudo, àqueles que possuem convite? Até porque os cidadãos anónimos que eventualmente pretendessem lá ir, não seriam, por certo, 2 milhões...
O acto em si parece-me, de facto, interessante.
Mas parecer-me-ia ainda mais interessante se fosse feito em período de discussão pública e não num período pós-decisão...
Mais ainda quando após o encontro ouvimos quase toda a gente repetir argumentos preocupantes contra o aeroporto, como o facto de estar feito para 20 anos depois termos que procurar outro sítio para fazer outro de raíz, continuar sem haver justificação para ser tão longe (sem ser a história dos fundos estruturais), etc.
Ou seja - concordo que é um progresso, mas não me sinto assim tão satisfeito... nas câmaras, por exemplo, existem processos bem mais participados e democráticos a funcionar de forma rotineira, apesar de também aí a participação ser reduzida e os outputs limitadíssimos... mas aí a culpa já é dos intervenientes e não do processo.
Eu a fiz a distinção clara entre os dois momentos! E disse que fazia falta tornar os processos mais participativos embora me parecesse já um passo positivo explicar porquê.
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