segunda-feira, outubro 10, 2005

As eleições

O entediante período eleitoral que atravessámos não me merece grandes comentários.

Além dos factos óbvios e debatidos até à exaustão ontem e hoje - o PSD ganhou, o PS perdeu, os candidatos da lista de arguidos ganharam quase todos, etc. -, apenas a relativamente inesperada recuperação da CDU de um número significativo de Câmaras na região de Lisboa e Vale do Tejo me parece digna de registo.

Existirão mais coisas a comentar, mas, confesso, nada me despertou o mínimo interesse, num período eleitoral que foi tão desenxabido que só poderia culminar naquele penoso espectáculo televisivo que os diversos canais deram ontem, onde à falta de assunto natural ainda se juntou, para ajudar, a inexistência de informação vinda do STAPE até altas horas, por avaria nos computadores do mesmo (já alguém explicou o que aconteceu? eu ainda não ouvi nada, mas também não procurei...).

Lá pagaram os autarcas do PS pelos pecados do Governo (como se o dito tivesse a ver com as calças); lá rejubilou o líder da oposição com a vitória e, sobretudo, com o «cartão amarelo às políticas do Executivo» (que seriam certamente semelhantes se quem lá estivesse fosse ele...); lá ganhou outra vez o CDS/PP porque os votos da coligação também são seus (apesar de fora da coligação ter sido literalmente arrasado um pouco por todo o país); lá não perdeu totalmente o PS porque comparando com as últimas eleições, até nem foi muito pior (quando as últimas análogas já tinham sido do pior que lhes tinha acontecido); e por aí fora...

Enfim... no meio disto tudo só houve um acontecimento que me deixou verdadeiramente interessado:

No famoso rodapé dos telejornais, onde vai não vai acontecem coisas do mais escabroso (do género acompanhar as imagens de uma cidade destruída por uma intempérie com uma Breaking News do género «a actriz X separou-se do modelo Y - saiba tudo sobre o acontecimento do dia já a seguir»), passavam desta vez uma série de informações eleitorais para todos os gostos. Numa delas podia-se ler:

«Sócrates votou na Covilhã»

E pergunto eu: há quantos anos é que o homem vive na Rua Castilho?! Ando eu aqui com a alma atormentada porque no BI ainda sou solteiro e moro em casa da mamã e do papá (facto que me fez ir votar ao Concelho de Cascais, em vez de votar em Lisboa, onde resido actualmente) e afinal o Primeiro Ministro também ainda não actualizou os papéis dele?!? Que raio de exemplo é este? Melhor só mesmo o Major, que diz que Gondomar é dos Gondomarenses e vota no Porto...

P.S. É verdade... esquecia-me de uma outra coisa que me fez pensar nestas eleições: depois de ouvirmos tanta história sobre o cartão amarelo, o castigo, a mudança, etc., o tom geral dos comentários das pessoas, tanto na noite de ontem, como na manhã de hoje (no Forum TSF, por exemplo), era de total desencanto e falta de fé. Practicamente toda a gente dizia que tinha sido um castigo ao Governo, mas que até considerava que as medidas deste eram corajosas e tinham que ser tomadas (de preferência sem tocar no bolso de quem fala, depreendo eu) e ninguém mostrava a mínima esperança em que votar num ou noutro significasse que daqui a 4 anos estaria melhor. Esta desilusão e esta descrença parecem-me ser os factores que melhor ilustram o acto eleitoral de ontem e que piores sinais nos deixam para os próximos anos.

2 Comments:

Blogger Delfim said...

As derrotas são de facto muito mais entediantes que as vitórias... :)

4:34 da tarde  
Blogger tinyGod said...

ahahahah... :-D

O que eu achei mais entediante foi a facilidade como o PM Sócrates agora diz que as eleições autárquicas não servem para mostrar um Cartão Amarelo ao Governo, e nas últimas Europeias, apelou aos Portugueses para usarem as mesmas para darem um sinal de descontentamento... ai ai Será que ainda lhe resta alguma memória?

6:53 da tarde  

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