segunda-feira, setembro 19, 2005

Quem não se sente não é filho de boa gente?


Carrilho, filho de boa (?) gente, na Feira do Relógio

Acho muita piada a ditados populares e recorro frequentemente a estes pequenos condensados de empirismo acumulados ao longo de tantas gerações – e que ainda por cima costumam fazer umas rimas muito agradáveis – para expressar de forma mais fácil algumas observações que faço acerca daquilo que me rodeia.

Os ditados populares apresentam, todavia, um grande problema: como são imutáveis, não acompanham a realidade social e alguns tendem a tornar-se excessivamente REACCIONÁRIOS. Foi por essa razão que quando na última campanha eleitoral o Jerónimo de Sousa disse que é preciso estar sempre com “um olho no burro e outro no cigano” se arrependeu ainda nem ia a meio da frase...

O ditado que mais tenho ouvido nos últimos dias é “Quem não se sente não é filho de boa gente”. Isto é mais ou menos o oposto do cristianíssimo “dar a outra face”, pelo que detecto aqui uma grave incoerência num povo tão católico como parece que é o nosso. Mas pronto, deixar o povo ter as suas contradições!

O que mais me espanta é que este ditado tem sido proferido pelo mui douto filósofo Manuel Maria Carrilho, reputadíssimo intelectual da praça e candidato socialista à Câmara capitalina. Eu imaginava que o senhor tinha maior capacidade de argumentação, mas pelos vistos não. O nosso filósofo já nos provou que era um grande macho quando arranjou uma fêmea como a Bárbara Guimarães; mas agora parece que quer andar à porrada com o CARMONA Lopes. E eu fico parvo porque vejo a disputa eleitoral em curso entre os dois principais candidatos à CML não como uma acesa troca de ideias mas como uma peleja de testosterona. Se todos os candidatos aplicarem o mesmo ditado, em breve terão de construir um ringue de boxe no Campo Pequeno.

Carrilho, pá, o que a minha avó dizia é que “Quem não se SENTA não é filho de boa gente”. Topas? O verbo é sentar e não sentir. O povo fica de pé e os mais endinheirados têm direito a lugar sentado, essa é que é a grande diferença entre as classes! Por falar nisso, nunca tinha ouvido falar dos Carrilhos antes! Por isso Manuel Maria, puxa aí um banco, bebe uma xícara de chá – que bem falta te faz – acalma-te e acaba lá de redigir o programa que já faltam menos de três semanas para as eleições. É que isto está difícil aqui para os eleitores de Lisboa, sabes?

1 Comments:

Blogger mfc said...

Ele não tem qualquer justificação para não cumprimentar o adversário apesar de todo o baixo nível em que decorreu o debate.

3:48 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home