segunda-feira, setembro 19, 2005

Air Luxor

Os gatos fedorentos têm uma cena muito engraçada chamada JavardAir ou coisa que o valha. Pretende retratar os voos feitos naquelas companhias aéreas manhosas que operam os charters manhosos para destinos manhosos.

Nós comprámos um voo na Air Luxor porque as nossas experiências anteriores tinham sido positivas. Mas esta deve ter sido a última vez que entrei num avião da Air Luxor. O avião de Lisboa saiu com mais de 28 horas de atraso, no regresso atrasou-se mais de 4 horas e as condições do serviço eram de fugir. Segue-se a queixa enviada há pouco para o Provedor do Cliente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo depois de a Air Luxor nos ter mandado dar uma volta ao bilhar grande.

A segurança e o conforto nas viagens aéreas levou-nos a escolher um destino operado pela Air Luxor nas férias de Verão 2005. O facto de a referida companhia reservar a segunda página dos folhetos promocionais para descrever “a moderna frota que inclui os modelos tecnologicamente mais avançados da Airbus, o A320 (utilizado nas rotas de médio curso) e o A330 (utilizado nas rotas de longo curso)” foi, assim, fundamental para a escolha da Air Luxor como empresa transportadora.

No entanto, o serviço prestado esteve longe de cumprir as condições publicitadas pela companhia. A avaria do Airbus A330 que nos devia transportar de Lisboa para Maputo no dia 19 de Agosto levou a Air Luxor a recorrer a um Lockheed L-1011 TriStar 500 da empresa Luz Air. Apesar de o equipamento não ser contratualmente definido pela compra do bilhete, o facto é que a Air Luxor procedeu à substituição da aeronave publicitada por outra cujas condições interiores de conforto são substancialmente inferiores. Foram várias as desconformidades do serviço prestado:

a) As instalações sanitárias do Lockheed estavam em péssimas condições; metade dos WC tinham os autoclismos avariados e em nenhum havia sabonete, o que é particularmente grave num avião que transporta cerca de 300 passageiros numa viagem de aproximadamente 13 horas; torna-se desnecessário descrever as precárias condições de higiene a bordo;
b) O projector de filmes do Lockheed estava avariado na minha zona;
c) As luzes de leitura do Lockheed eram frequentemente desligadas pela tripulação porque, de acordo com o que uma assistente de bordo explicou depois de repetidas queixas nossas, “como o avião era velhinho, o aquecimento provocado pelos focos aquecia demasiado os fios eléctricos”; foi impossível ler durante grande parte do trajecto;
d) Diversas lâmpadas do Lockheed tinham os arrancadores avariados pelo que não funcionavam;
e) As diversas luzes do interior do Lockheed acendiam-se e apagavam-se de forma frenética, aleatoriamente e sem explicação aparente;
f) Algumas bagageiras do Lockheed abriam-se sozinhas durante as descolagens e aterragens fazendo cair os pertences aí colocados sobre os passageiros, criando situações de grande perigo potencial;
g) A tripulação da Luz Air não tinha formação adequada para lidar com as situações desagradáveis causadas por outros passageiros justificadamente descontentes e que reclamavam contra as condições de transporte, criando um ambiente tenso a bordo (um passageiro foi mesmo ameaçado de prisão pelo capitão);
h) A tripulação da Luz Air desconhecia totalmente o serviço que estava a prestar, chegando ao ridículo de ler a mensagem de despedida dos passageiros que pretensamente desembarcavam em Libreville e aconselhando-os a contactar o pessoal de terra no caso de se encontrarem em trânsito; tratava-se apenas de uma escala técnica para reabastecimento;
i) Todas as situações anteriormente descritas relativas à deficiente manutenção do interior do Lockheed e à falta de preparação da tripulação da Luz Air fazem questionar a sua segurança, não só durante a duração do voo mas também quanto ao regresso, criando uma sensação de angústia durante todas as férias; essa angústia levou-nos a contactar a Air Luxor Tours durante a estadia em Moçambique por forma a assegurar que o regresso seria efectuado num equipamento diferente;
j) A Air Luxor promove os voos Lisboa-Maputo como directos mas faz escalas técnicas para reabastecimento em Libreville (Gabão) com aproximadamente duas horas de duração com bastante frequência (pelo menos nos voos de 12/Agosto, 19/Agosto e 2/Setembro); os voos vendidos como “directos” com uma duração de 10 ou 11 horas atingem assim as 13 ou 14 horas como foi o caso quer na ida quer no regresso; apesar de a Air Luxor alegar que o tempo de voo inclui a escala técnica no Gabão, não havia um único passageiro a bordo que tivesse conhecimento prévio dessa escala;
k) Todas as portas do avião foram abertas durante o reabastecimento em Libreville, região onde a febre amarela é endémica e doença para a qual não nos encontramos imunizados dado não termos sido alertados atempadamente; diversos países, entre os quais Moçambique, exigem o certificado internacional de vacinação contra a febre amarela a passageiros provenientes de zonas onde esta é endémica; assume-se, portanto, que as condições da escala técnica no Gabão sejam desconhecidas das autoridades moçambicanas.

Considerando que o serviço publicitado e no qual baseámos a nossa decisão de compra não corresponde ao serviço efectivamente prestado pela Air Luxor, como anteriormente exposto, vimos por este meio requerer uma compensação no valor de 400 euros por pessoa. Consideramo-nos vítimas de publicidade enganosa pois adquirimos o serviço no pressuposto de que viajaríamos num avião cujas condições de conforto fossem equivalentes às dos aviões publicitados (Airbus A330 ou equivalente) e acabámos por viajar num equipamento de qualidade muito inferior. Este montante equivale a aproximadamente metade do custo da viagem, incluindo os suplementos e excluindo as taxas de aeroporto.

A não aceitação deste pedido de compensação por parte da Air Luxor leva-nos, assim, a recorrer à figura do Provedor do Cliente da Associação Portuguesa de Associações de Viagens e Turismo por forma a vermos reconhecidos os nossos direitos enquanto consumidores enganados pelas práticas comerciais da Air Luxor.

Subscrevemo-nos com os melhores cumprimentos

1 Comments:

Blogger JTF said...

Tu devias era pagar mais 400€ por bilhete, por te terem tornado uma seca duma viagem de 13 horas num momento bem passado, muito animado e com tanto material para o blog!

Se não fosse isso o que é que ias fazer durante 13 horas? Dormir, não?!...

Aposto que com tanta animação não pareceram mais de... sei lá... 12 horas e meia!...

1:11 da tarde  

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