sexta-feira, outubro 22, 2004

Coisas que vêm de trás

Numa das minhas postas anteriores manifestei a minha discordância relativamente a um editorial do Público. Enviei uma mensagem de correio electrónico ao director que teve direito a publicação e resposta na edição de ontem, dia 21 (obrigado pela informação MATS).

Em breve comentarei a questão da discriminação positiva (ou o que eu entendo por ela).

Ainda o caso Buttiglione

Escrevo a propósito do editorial [de 15-102004 de José Manuel Fernandes] sobre o pré-comissário (?) Buttiglione e a questão da homossexualidade.
Eu concordo com José Manuel Fernandes, quando diz que não se deve impor aos outros aquilo que consideramos mais correcto. E, se o senhor Buttiglione não gosta de homossexuais, isso é lá com ele. Acontece que a nós, homossexuais, nos é diariamente imposto aquilo que os "outros" consideram correcto. O nosso comportamento não interfere com a vida de ninguém; mas os "outros" interferem com a nossa vida. E de que maneira.


Se o senhor Buttiglione tivesse sido nomeado para comissário da Agricultura e Pescas, a questão não era tão grave. Mas foi-lhe atribuído o pelouro das liberdades e garantias.

Os homossexuais precisam de ser discriminados, mas discriminados positivamente. É necessário que à frente dos cargos de responsabilidade esteja uma pessoa com um discurso positivo e tolerante. Ora, custa-me muito a crer que alguém que considera a homossexualidade um pecado vá lutar pela sua aceitação - não pela promoção, como a reacção "anti-gay" ridiculamente proclama, mas pela aceitação; que veja os homossexuais como iguais, como cidadãos cumpridores de todos os deveres e merecedores de todos os direitos - tal como os outros. A melhor frase que encontrei para designar esta questão foi precisamente a de António Costa (PS), que disse: "É como nomear um pirómano para comandar o combate aos incêndios."

Quanto à questão da legitimidade eleitoral, essatanto existe por parte do Governo italiano para nomear um comissário, como por parte do Parlamento Europeu para chumbar uma Comissão. Temo é que as conveniências e acordos não o venham a permitir.

A discriminação, contra mulheres, "gays", transexuais, deficientes, imigrantes, pretos, amarelos e vermelhos continua a ser uma realidade. E, ou a combatemos activamente, ou nos conformamos. Espero que como director do mais importante diário português saiba estar do lado certo.

Miguel Pinto
Lisboa

E a resposta do JMF

N.D. - O ponto em que discordamos é transparente: eu acho que ninguém deve ser discriminado; na sua carta defende que os homossexuais devem ser discriminados positivamente. Agradeço-lhe ter dito alto o que muitos pensam, mas não assumem. J.M.F.

1 Comments:

Blogger LN said...

E mais nada!

;-)

11:03 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home