quarta-feira, novembro 16, 2005

O rio multi-funcional


Para onde corre o rio?

Ao iniciar a viagem de Pemba para a Ilha de Moçambique estranhámos o facto de o motorista do autocarro carregar tantas garrafas cheias de água turva. E chamar-lhe turva... Tivemos alguma pena do homem – que era bastante simpático – mas logo concluímos pela robustez do seu sistema imunitário: as mesmas mãos que arranjavam o motor serviam para agarrar o frango assado ou meter bananas e gomos de laranja à boca, cumprimentar toda a gente ou ir à casa de banho.

Só na viagem de regresso, quando íamos a pé nas escadas, é que percebemos que aquelas tais garrafas de água turva eram para o radiador do autocarro e não para o motorista! Era só abrir uma portinha e despejá-las lá para dentro. Tivemos o prazer de ajudar nessa tarefa.

Mas como seis garrafas de 1,5l não foram suficientes – a viagem era longa e o autocarro estava com sede – tivemos de parar no meio do caminho para as encher. Onde? Num rio!!! A multidão desceu do autocarro e foi uma festa. Enquanto o motorista aliviava a bexiga e a revisora enchia as garrafas havia uns que tomavam banho e outros que faziam do rio casa de banho. Sem preocupações de saber onde ficava montante e jusante e sem qualquer tipo de puritanismos. Até a roupa aproveitavam para lavar. Estávamos parvos. As precauções de saúde mais básicas impediam-nos sequer de tocar em água doce não tratada por causa da bilharziose (ver mais info sobre esta doença tropical aqui) e eles estavam todos na boa.