A «entrevista»...
Ontem pensei que ia assistir ao primeiro verdadeiro esclarecimento de Cavaco Silva sobre o que pensa de Portugal e do Mundo, do que quer para Portugal e do que se propõe fazer se vier a ser eleito Presidente da República.
Quer dizer... pensei... pensar, pensar, não pensei... se tivesse pensado não esperava nada disso... foi mais assim uma espécie de uma frase pomposa que me cruzou o cérebro... mas, na realidade, não esperava nada que esse esclarecimento surgisse...
E não surgiu mesmo! Porquê?
Primeiro porque o não surgimento do esclarecimento faz parte da estratégia: Cavaco ou não pensa nada de diferente dos outros, que valha a pena destacar, ou, se pensa, acha que ganha mais em não o revelar.
Basicamente prefere continuar a debitar banalidades (não é um termo ofensivo; são banalidades porque diz o que diz qualquer candidato ao que quer que seja, desde a Presidência da República, até à chefia da turma da primária) e a explicar que, no seu entender, Portugal precisa mesmo é de um Presidente que seja um macro-economista, político em part time e, de preferência, que seja ele, para poder alertar e falar sobre inovação, formação, tecnologia, etc..
No fundo Sampaio foi mau porque fez isso tudo e falou desses mesmo temas, mas nem é macro-economista, nem é político part-time! Da mesma forma, qualquer outro candidato que surja, mesmo que cumpra todas as condições, será mau porque não é Cavaco!
Por isso, Cavaco faz muito bem em não dizer nada! Cavaco, o que tem para oferecer, é a imagem que determinada percentagem da população (a apurar) tem dele próprio... não é nada mais que isso. Para muita gente isso é suficiente e desejável, portanto a estratégia deve estar correcta. Mas, sublinhe-se, até ver não há uma única vantagem comparativa evidente (para usar vocabulário de economista) apresentada por Cavaco para explicar ao eleitorado que é diferente dos outros para melhor, à excepção dessa verdade insofismável que é ele ser Cavaco e os outros não.
Mas, na noite de ontem, houve um factor mais forte para nada de relevante ter sido dito: Constança Cunha e Sá.
A TVI teve a oportunidade de ser a primeira a entrevistar todos os candidatos (pelo menos que eu me tenha apercebido... confesso que não tenho andado muito atento ao tema...) e pôs a conduzir as entrevistas uma pessoa que não tem (ou pelo menos ontem não teve) a flexibilidade intelectual que se exige a alguém cuja função é, recorrendo ao diálogo, levar o seu interlocutor a explicar de forma esclarecedora o seu ponto de vista sobre um ou mais assuntos. Aliás, Constança Cunha e Sá, não soube sequer preparar a entrevista!
Foi confrangedor ver o sentimento de impotência que ela transmitia ao espectador pergunta atrás de pergunta, com a repetição exaustiva e desesperada do "bom... já vi que não vai responder" ou do "mas porque é que não responde?!...", ou ainda com o recurso à confrontação com frases do senhor do tempo em que ele ainda nem tinha comprado o carro que foi rodar à Figueira!
O auge da incapacidade de entrevistar quem quer que seja foi a questão do "Não li uma linha sua em 10 anos sobre...", que copiou do argumentário dos contendores de Cavaco e que este rebateu com "não escrevi, mas falei na televisão e em conferências sobre... e sobre...". A pobre da Constança não se lembrou de nada melhor para dizer que "Pois... isso não sei... eu pesquisei na imprensa... aliás eu disse que não tinha lido! Estava a falar de testemunhos escritos". E depois, repetiu isto mais uma ou duas vezes...
Basicamente, foi uma hora de pagode, em que o candidato amador (leia-se não profissional), deu um baile descomunal à senhora que lhe puseram à frente e em que o incauto espectador ficou a saber tanto como já sabia antes da entrevista começar...
Em suma, péssima entrevista!
Quer dizer... pensei... pensar, pensar, não pensei... se tivesse pensado não esperava nada disso... foi mais assim uma espécie de uma frase pomposa que me cruzou o cérebro... mas, na realidade, não esperava nada que esse esclarecimento surgisse...
E não surgiu mesmo! Porquê?
Primeiro porque o não surgimento do esclarecimento faz parte da estratégia: Cavaco ou não pensa nada de diferente dos outros, que valha a pena destacar, ou, se pensa, acha que ganha mais em não o revelar.
Basicamente prefere continuar a debitar banalidades (não é um termo ofensivo; são banalidades porque diz o que diz qualquer candidato ao que quer que seja, desde a Presidência da República, até à chefia da turma da primária) e a explicar que, no seu entender, Portugal precisa mesmo é de um Presidente que seja um macro-economista, político em part time e, de preferência, que seja ele, para poder alertar e falar sobre inovação, formação, tecnologia, etc..
No fundo Sampaio foi mau porque fez isso tudo e falou desses mesmo temas, mas nem é macro-economista, nem é político part-time! Da mesma forma, qualquer outro candidato que surja, mesmo que cumpra todas as condições, será mau porque não é Cavaco!
Por isso, Cavaco faz muito bem em não dizer nada! Cavaco, o que tem para oferecer, é a imagem que determinada percentagem da população (a apurar) tem dele próprio... não é nada mais que isso. Para muita gente isso é suficiente e desejável, portanto a estratégia deve estar correcta. Mas, sublinhe-se, até ver não há uma única vantagem comparativa evidente (para usar vocabulário de economista) apresentada por Cavaco para explicar ao eleitorado que é diferente dos outros para melhor, à excepção dessa verdade insofismável que é ele ser Cavaco e os outros não.
Mas, na noite de ontem, houve um factor mais forte para nada de relevante ter sido dito: Constança Cunha e Sá.
A TVI teve a oportunidade de ser a primeira a entrevistar todos os candidatos (pelo menos que eu me tenha apercebido... confesso que não tenho andado muito atento ao tema...) e pôs a conduzir as entrevistas uma pessoa que não tem (ou pelo menos ontem não teve) a flexibilidade intelectual que se exige a alguém cuja função é, recorrendo ao diálogo, levar o seu interlocutor a explicar de forma esclarecedora o seu ponto de vista sobre um ou mais assuntos. Aliás, Constança Cunha e Sá, não soube sequer preparar a entrevista!
Foi confrangedor ver o sentimento de impotência que ela transmitia ao espectador pergunta atrás de pergunta, com a repetição exaustiva e desesperada do "bom... já vi que não vai responder" ou do "mas porque é que não responde?!...", ou ainda com o recurso à confrontação com frases do senhor do tempo em que ele ainda nem tinha comprado o carro que foi rodar à Figueira!
O auge da incapacidade de entrevistar quem quer que seja foi a questão do "Não li uma linha sua em 10 anos sobre...", que copiou do argumentário dos contendores de Cavaco e que este rebateu com "não escrevi, mas falei na televisão e em conferências sobre... e sobre...". A pobre da Constança não se lembrou de nada melhor para dizer que "Pois... isso não sei... eu pesquisei na imprensa... aliás eu disse que não tinha lido! Estava a falar de testemunhos escritos". E depois, repetiu isto mais uma ou duas vezes...
Basicamente, foi uma hora de pagode, em que o candidato amador (leia-se não profissional), deu um baile descomunal à senhora que lhe puseram à frente e em que o incauto espectador ficou a saber tanto como já sabia antes da entrevista começar...
Em suma, péssima entrevista!
3 Comments:
Na Segunda à noite estava a fazer zapping e apanhei os últimos 20 minutos da entrevista. Já percebi por que razão o cavaco não quer aparecer: é porque de facto não tem nada para dizer! Foi um espectáculo miserável.
Não concordo contigo quanto a quem deu baile a quem. Eu não vi as entrevistas aos outros candidatos e por isso não tenho ponto de comparação mas a Constança Cunha e Sá embaraçou (encavacou?) por várias vezes o Cavaco. Ele pura e simplesmente tinha 3 respostas que aplicava a todas as perguntas. E sempre umas balelas...
Acho que a entrevistadora conseguiu apontar as incoerências do discurso do Cavaco. E isto vale tanto para as contradições entre as afirmações que ele ia fazendo ao longo da entrevista como para aquilo que ele tinha dito ou feito no passado e afirmava naquele momento. O Cavco estava aflito e isso era notório.
Acho que a TVI devia repetir mais vezes aquela entrevista. Era um favor que fazia ao país: mostrar a vacuidade de sua excelência. Aliás, relembrá-la...
Pois... mas é precisamente por isso que eu acho que a entrevistadora foi muito má!
A única coisa que ela ia conseguindo era contrapôr afirmações banais dele com afirmações do passado...
Sobre o presente e o futuro, zero!
E é também por isso que acho que ele lhe deu baile: porque não falar do presente, nem do futuro, faz parte da estratégia dele e foi plenamente conseguida!
O resultado disso? Tu que não és, nem serás, potencial eleitor do Cavaco, continuas sem ser. Quem já era e alguns que são mas ainda não assumiram sequer para eles próprios, continuam a ser.
Atendendo a que o homem anda com as intenções de voto entre os 50 e os 60%, qual é a estratégia correcta para ele? Não perder votos! Plenamente conseguido!
Daí eu considerar que ele fez e disse o que quis e que ela não esteve sequer perto de conseguir fazer o seu trabalho - entrevistar de forma esclarecedora e interessante um candidato à presidência. A Cavaco é mais fácil sacar informação interessante e relevante bajulando-lhe o ego, do que hostilizando-o.
A Prisa meteu uma "Cunha" na Televisao Portuguesa......
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