quarta-feira, novembro 16, 2005

Óleo... mas de palma!



Eu não tenho medo de andar de avião. Mas tenho medo se o avião estiver a cair. Enquanto estávamos no norte de Moçambique saiu a lista negra das companhias aéreas feita pela autoridade aeronáutica francesa. A LAM estava incluída nessa lista e a pequena companhia da Suazilândia à qual a companhia de bandeira moçambicana havia concessionado a ligação Maputo – Pemba merecia um especial destaque. A LAM bem se tentava defender das acusações na TV mas a mim, pelo menos, não me convenceram. Sobretudo quando o presidente da companhia alegou que “Não é verdade que não tenhamos coletes salva-vidas a bordo, eles estão lá, viram mal, estão é fora de prazo!”. Quanto ao piloto sem licença de voo nem se pronunciaram. Mas tínhamos de regressar a Maputo e tivemos mesmo de apanhar o Embraer da LAM.

Já estávamos quase chegar a Maputo quando começou a pingar óleo por cima dos passageiros. Eu, o tipo mais aero-sereno do planeta, fiquei em pânico: o avião está a perder óleo! Vou morrer. Novo. Em África. Pensava que esta sina tinha acabado em 1975!

Chamámos o aeromoço que abriu as bagageiras e começou calmamente a investigar a origem do problema. E de onde vinha o óleo? De um embrulho manhoso mesmo por cima de nós. Uma besta decidiu enfiar estufado de frango dentro de um saco plástico furado e colocá-lo numa bagageira bem longe do seu assento. O molho era em tal quantidade que ensopou toda a bagageira e começou a pingar, obrigando quatro filas de passageiros a mudar de local. O avião acabou por aterrar em vez de cair e várias pessoas foram para casa a cheirar a óleo, mas de palma.