terça-feira, julho 12, 2005

Arrastinho



Provavelmente já toda a gente viu o vídeo da Diana Andringa sobre o «arrastão» that never was. Eu já o vi e vi também, várias vezes, o pequeno vídeo que o acompanha, com a entrevista ao Comandante Metropolitano de Lisboa. A quem não os viu, recomendo que os veja e a quem já viu que os volte a ver. Nunca é demais expôrmos o nosso cérebro a temas que merecem a nossa reflexão.

O que me faz mais confusão em tudo isto, além do óbvio, que é o conteúdo do filme, é a ligeireza de todas as reacções: os orgãos de informação que criaram o «arrastão» that never was, mostraram um bocadinho do filme, tentaram linchar o Comandante da Polícia e passaram à notícia seguinte; os políticos que alinharam na história, calaram-se e foram de férias; das altas autoridades e outras que tais, nem um ui se ouviu...

Até ver, o único que se retratou e tentou explicar a versão verdadeira da coisa foi o Comandante (além do mea culpa em nome da classe feito por Adelino Gomes). E é na entrevista ao Comandante que se ouvem as frases mais perturbantes (também ouvidas na peça pela voz do Miguel Vale de Almeida, mas que na voz do Comandante ganham outra solenidade): nunca houve um arrastão; muito do que se vê nas fotos e que supostamente são «os jovens» (eufemismo para preto) a fugir com o que roubaram são «os jovens» a fugir da confusão com os seus haveres; e, provavelmente a mais perturbante frase de todas, quando tentou passar a verdadeira versão dos acontecimentos, ninguém lhe deu espaço para a expressar.

Como é que é possível que isto passe em claro? Como é que podemos confiar no que lemos depois destes acontecimentos?

Em minha opinião, isto é muito grave e merece não cair no esquecimento. Por isso, aqui ficam novamente os vídeos e a minha insistência no tema.

3 Comments:

Blogger Miguel Pinto said...

Esta história (e tudo o que a envolve) é realmente assustadora. A Diana Andringa confirma-se, uma vez mais, como uma excelente jornalista.

PS: É pena o vídeo durar cerca de 20 minutos. Devia haver duas versões, uma mais curta e outra mais longa.

12:16 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Um Comandante de Polícia que foi encostado à parede. Há poucos que tenham a coragem para manter um discurso até ao fim...
...nem que para isso tenha de enterrar subordinados e sempre se aguenta um lugar durante mais algum tempo.

O quarto poder, quando entra em luta "interpares", com lobbies políticos à mistura, dão em coisas destas.

E afirmo porque sei...

1:41 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Quanto ao facto de D.Andringa ser uma grande jornalista, não lhe retiro esse epíteto, mas nunca será de esquecer uma das regras básicas do Jornalismo: A Isenção; D.Andringa, ao fazer juízos de valor, deixa de fazer Informação, para fazer Jornalismo de Opinião.
Não deixa de ser útil para conseguir granjear simpatias junto de um eleitorado perante o qual apresentará em breve o seu programa autárquico.

1:45 da manhã  

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