Por que se odeia desde tão novo?

Na semana passada uma travesti foi assassinada no Porto por um grupo de putos. Vítima de exclusões múltiplas, à medida que se vão conhecendo os relatos do sucedido vai-se também percebendo que a Gis foi torturada e morta por ser travesti. Não se meteu com ninguém, não fez mal a ninguém. Mas era travesti. E isso pelos vistos para alguma gente é motivo suficiente para matar uma pessoa! Assim como para outros é insultar ou excluir.

Por que é que estas crianças e jovens odeiam tanto? Por que é que a nossa sociedade os ensinou a odiar a diferença? Ainda por cima uma diferença que não afecta a vida de ninguém. O que ensinam a estas crianças nos colegiozinhos que frequentam? Os rios e as linhas de comboio? Catequese? E que tal falarem-lhes de tolerância? Ou de como reagir perante a pressão de grupo? Ou até dos verdadeiros valores cristãos, já que se tratava de um colégio católico?

Os excertos da notícia do JN que seleccionei são horrendos. Mas quem seguir a ligação ficará ainda mais revoltado.

Enquanto alguns dos rapazes mantiveram-se em silêncio, outros terão admitido inclusive actos de agressão sexual com um pau, chegando mesmo ao ponto de amordaçar e infligir queimaduras ao homem. Ao que apurámos, quando o cadáver foi retirado ainda haveria alguns sinais disso.

As agressões, que terão envolvido cerca de uma dezena de jovens, terão ocorrido durante pelo menos dois dias (sábado e domingo), envolvendo pedras e paus, mas o corpo terá sido lançado para o fosso apenas na terça-feira, ou seja, no dia anterior à sua retirada do local por parte das autoridades. O travesti, um brasileiro de 45 anos, estava com as calças em baixo e era visível uma grande ferida em redor de uma nádega.

De acordo com fonte conhecedora do processo, existe a forte possibilidade de a morte ter sido causada por afogamento. É que o corpo de Gisberto estava totalmente submerso no fosso, a uma profundidade de cerca de três metros. Um indício de que a vítima terá sido lançada para a água, provavelmente inconsciente, mas ainda com vida. Se o travesti tivesse sido lançado para água já morto, o corpo estaria a boiar, uma vez que, sem respirar, não era possível a inundação das vias nasais e a submersão completa.

Texto do JN via Renas e Veados