quarta-feira, setembro 07, 2005

A institucionalização da corrupção


Fronteira de Ressano Garcia (ida para o Kruger Park)

Um dos principais problemas que Moçambique enfrenta é o da corrupção. Ouvi tantos relatos de casos de corrupção (extorsão?) que confesso que fiquei com mais medo dos polícias que dos tradicionais ladrões.

O fenómeno tomou tal dimensão que foi criado no país um “Cartão de Patrocinador”. Trata-se de um cartão corporate, destinado sobretudo às empresas. Em que consiste? Para evitar os constantes assédios dos polícias aos motoristas é possível subornar os dirigentes máximos das forças policiais moçambicanas e, em troca, receber um cartão com NOME E FOTOGRAFIA que atesta o estatuto de “patrocinador”. Se por algum acaso, ou até por nenhum acaso, que é o mais comum, se for parado na estrada por algum agente de trânsito basta sacar do cartão e fica-se logo livre de se ser importunado com pedidos de ajuda para a família do polícia que, coitadita, de certeza que passa muito mal! Assim se poupam muitas horas, ao que parece. A mim tiveram de ser duas pessoas a contar a história por três vezes porque eu não me acreditava no que estava a ouvir; e voltámos a confirmar com mais outra pessoa que vivia noutra ponta do país. Por isso, se mais alguém não estiver a entender, que volte a ler o texto ou que me mande uma mensagem de correio electrónico.

Nenhuma patrulha nos mandou parar (possivelmente porque o aspecto do carro alugado não era convidativo) mas o contacto com as forças policiais em Moçambique (trânsito, fronteiras, aeroportos) não era muito agradável: todos nos estavam a fazer um grande favor. Na fronteira de Ressano Garcia perdeu-se mais de uma hora com papelada, o meio mais propício a corruptos.